A Queda de 1.000 Pontos no Índice Dow Jones em um Único Dia Sinaliza o Início do Colapso Econômico?

Autor: Giordano Bruno, 17/5/2010.

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Qualquer um que esteja acompanhando os detalhes subjacentes fundamentais do declínio econômico desde 2007 reconhece que os principais jornais e revistas sobre finanças regularmente distorcem certos fatos de modo a acalmar o público acerca da verdadeira magnitude do colapso que estamos enfrentando. Muitas vezes, a mídia simplesmente decide omitir certos detalhes que poderiam alarmar as pessoas para o problema maior, ou reporta os fatos vitais de uma forma superficial, esperando que a verdade seja eventualmente enterrada na memória popular. Entretanto, existem situações em que a mídia mente descaradamente sobre o estado da economia se certa informação for muito danosa para a estabilidade do sistema. A queda de 1.000 pontos no índice Dow Jones, em 6 de maio é um exemplo.

Teorias a respeito deste evento recente existem aos montes na comunidade dos operadores da Bolsa de Valores, mas a maioria delas são fabricações. O choque dessa queda no mercado deu a muitos analistas a "visão de túnel" e os cegou para o quadro maior. Uma perda de 1.000 pontos no Dow Jones é certamente um evento histórico, mas em contraste com tudo aquilo que agora está diante de nós, é apenas um sintoma, uma nota de rodapé. É comum que os investidores, e até mesmo as pessoas com pouco interesse pelos mercados, vejam aquilo que querem ver no que se refere à economia. Uma forte confiança nas negociações é uma força fundamental em qualquer sociedade. Ninguém quer acreditar que esteja no meio de uma queda livre no mercado financeiro, e alguns ignorarão o óbvio até que o mundo comece a desmoronar de verdade à sua volta. As pessoas temem a incerteza econômica mais do que temem as guerras, e a negação sempre permeia qualquer cultura que esteja enfrentando calamidades como depressão, ou hiperinflação. QUEREMOS acreditar em mentiras econômicas. Queremos "conforto", não a verdade.

Neste artigo, ignoraremos o conforto. Colocaremos de lado aquilo que talvez gostássemos de ver, aquilo que sabemos que os outros querem ouvir, e examinaremos somente os fatos, o que é algo que deveríamos estar fazendo há anos, antes de o colapso ter iniciado. Somente admitindo que exista um problema sério, e examinando os fundamentos na raiz do problema, é que seremos capazes de corrigir o problema, ou, pelo menos, nos preparar para suas consequências.

Um Erro de Digitação Causou a Queda Brutal em Wall Street?

Sei identificar uma conversa para boi dormir sempre que ouço alguma. "Os indícios de uma recuperação econômica estão começando a aparecer", "O Banco Central é necessário", "A inflação nos salvará", "As dívidas públicas e privadas são uma coisa boa", etc. Mas esta agora realmente ganhou o prêmio. Para aqueles que ainda não sabem, em 6 de maio de 2010, durante quase vinte minutos, o índice Dow Jones, da Bolsa de Valores de Nova York, experimentou aquilo que alguns estão agora chamando de "colapso relâmpago", fazendo-o perder aproximadamente 10% de seu valor total. Ele é considerado por muitos como comparável à catástrofe da Segunda-Feira Negra de 1987. O mercado entrou em pânico, e muitos operadores relataram que ficaram bloqueados, incapazes de processar as ordens de compra e venda.

Normalmente, quando o índice Dow Jones sofre uma queda brusca, como a de 6 de maio, existe uma miríade de fatores, incluindo instabilidades nos mercados financeiros, que precisam ser levadas em conta. Temos grandes problemas aqui nos EUA, incluindo uma queda brutal nas vendas de títulos de longo prazo do Tesouro, injeções constantes de liquidez fictícia pelo Sistema da Reserva Federal (que é um banco central privado), mercados de crédito continuamente congelados (o problema que os socorros financeiros iriam supostamente corrigir), desemprego elevado e prolongado, e uma relação dívida/Produto Interno Bruto de aproximadamente 96% — isto não inclui o déficit dos programas de direitos não pagos, como Previdência Social, que se fosse levado em conta, aumentaria a relação anterior em cerca de 800%. Deixando de lado os EUA, a Europa também está na iminência de um colapso da dívida soberana. Países como Grécia e Itália têm relações dívida/PIB entre 150% e 200%).

Esse tipo de dívida em todo o mundo é absolutamente insustentável, independente das injeções de liquidez, e mesmo se estas se repetirem em anos futuros. Os elementos para o caos no mercado estão por toda a parte. Entretanto, quando o Dow Jones perdeu 1.000 pontos no início de maio, os grandes órgãos da mídia atribuíram o problema a um erro de digitação — o pressionamento da tecla errada no computador em uma negociação:

http://www.nydailynews.com/money/2010/05/07/2010-05-07_sec_investigating_whether_trader_error_caused_998point_dow_freefall.html

Essa afirmação foi apresentada por alguns no MSM como se fosse um fato confirmado, porém não havia evidência em parte alguma para sugerir que ela tivesse validade. Agora, a SEC (Comissão de Valores Mobiliários) informou que NÃO ENCONTROU sinais que esse erro de negociação tenha ocorrido:

http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20601087&sid=a7OLNQchlb7g&pos=5

Conclusão: "A explicação do erro de digitação foi totalmente fabricada de modo a aplacar o público geral e desviar a atenção da corda fina pela qual nossa economia está agora pendurada. Isto é como dizer ao populacho curioso: "Andem! Andem! Não há nada para se ver aqui!"

O que a SEC descobriu é que não foi um erro que iniciou a queda relâmpago, e que a queda foi provavelmente causada por instabilidade econômica muito real e muito perigosa! Nossos mercados estão de fato tão falsamente inflados e manipulados que são capazes, a qualquer momento, de terem perdas de 10% em menos de vinte minutos. O dia 6 de maio foi um alerta em alto e bom som para todos: Tirem seu dinheiro do mercado acionário enquanto ainda há tempo e preparem-se para uma intensa volatilidade nos próximos doze meses.

A Situação Desesperadora da Europa

No ano passado, falamos sobre a moratória soberana que quase foi decretada por Dubai, chamando-a de "alarme do canário na mina de carvão" para o resto do mundo que o caos no mercado estava para começar:

http://neithercorp.us/npress/?p=199

Se Dubai foi o canário, então a Grécia é um dos mineiros...

Foi somente uma questão de tempo para que os problemas da dívida da Europa aparecessem. A Grécia já estava no limbo financeiro quando conseguiu, por meio de uma flexibilização das regras, entrar para a União Europeia em 1981. As ações orçamentárias envolvidas na entrada à UE pressionaram os mercados gregos, e os países que ingressam na UE não podem reduzir suas próprias taxas de juros, ou produzir inflação em suas moedas de modo a ocultar ou retardar temporariamente as condições do calote da dívida, como se faz nos EUA. É por isto que, mesmo com a dívida externa americana sendo maior do que a de qualquer nação na história, e o déficit orçamentário ser muito maior do que o PIB de muitos países, mesmo assim a Europa foi atingida primeiro por sinais proeminentes de insolvência da dívida soberana. Os EUA podem retardar por um breve tempo seu destino financeiro inevitável imprimindo dinheiro a partir do nada. Alguns analistas dos principais veículos de comunicação afirmam que a capacidade do governo americano de emitir dinheiro protege o país da insolvência. Logicamente, o que eles não mencionam é que essa estratégia monetiza a imensa dívida pública americana, um processo que eu e muitos outros acreditam que resultará na destruição do dólar, o fundamento da nossa agora já desindustrializada economia.

A insolvência europeia seria um grande desastre, mas que em um período de tempo razoável poderia ser reequilibrada. Por outro lado, o dia 6 de maio sinalizou uma possível mudança na política para a UE, que subitamente, durante um fim de semana, aprovou um pacote de socorro financeiro de quase 1 trilhão de dólares para os países-membro em dificuldades:

http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20601068&sid=alxKmD3w0yqY

Esta notícia causou uma alegria inicial nos mercados mundiais, como das outras vezes em que a UE propôs a ideia de um socorro financeiro para a Grécia. Os investidores ainda estão razoavelmente encantados com a ideia de injeções de liquidez, mas não tanto quanto estiveram um ano atrás. A alta está agora começando a recuar, e o sentimento dos investidores com relação à suposta recuperação está esfriando. A situação da dívida pública em países como Itália, Portugal e Reino Unido é extremamente precária, embora a mídia tenha focado todas as atenções na Grécia nos últimos meses. A frase "Contágio da dívida grega" é muito enganosa. A crise grega não está se "alastrando" para os outros países, está apenas tornando as frágeis situações financeiras dos outros países mais visíveis.

A criação de um processo inflacionário do tipo americano na Europa é muito pouco atraente. Aqueles que estão envolvidos nos mercados agora estão percebendo aquilo que dizemos há anos: a crise da dívida soberana é global e nenhum socorro financeiro será suficiente para conter a onda. O socorro financeiro da UE pode até mesmo servir para exacerbar os desequilíbrios, tornando um desastre difícil, mas que pode ser superado, em um holocausto, devido às medidas sufocantes e amargas de austeridade.

"Austeridade" é uma palavra eloquente para uma política bastante brutal. O socorro financeiro da UE foi facilitado com a ajuda do Fundo Monetário Internacional (uma ação que vai contra a legislação da UE e à própria Carta de Constituição do Fundo) e quando você lida com o diabo, sempre existem cordões conectados. Esses cordões incluem o processo de austeridade, que envolve um desmantelamento draconiano da maior parte dos programas de bem estar social e a supressão dos benefícios para os funcionários públicos.

Nos EUA, muitas pessoas veem o governo pequeno como uma coisa boa, porém a partir do ponto de vista do europeu mediano, o governo é o principal provedor há várias gerações, fazendo com que muitos cidadãos tenham se tornado totalmente dependentes do sistema público. Cortar subitamente o bem estar social em um país em que as pessoas não conhecem nada diferente das estruturas socialistas em que sempre viveram é uma proposição desmoralizadora. Neste processo, os cidadãos gregos estão sendo penalizados pelos erros de seus governantes passados. É por isto que ocorreram os distúrbios violentos nas ruas de Atenas. Os gregos conhecem muito bem o histórico do FMI de subverter os países com empréstimos altamente condicionantes, que em geral colocam o povo em uma servidão feudal, enquanto que os membros do governo que aceleraram o processo escapam ilesos e bem recompensados.

Imagine se o governo americano decidisse cortar a Previdência Social e milhões de aposentados não mais recebessem o dinheiro que se acostumaram a receber para sua sobrevivência. Imagine se aqueles que recebem os tíquetes para a compra de alimentos (atualmente 40 milhões de pessoas e o número está crescendo) tivessem o benefício cortado subitamente por causa de besteiras cometidas de forma planejada pelo sistema. Imagine o furor que isso causaria. É este tipo de desilusão e indignação em massa que a Europa está enfrentando hoje e que provavelmente continuará a enfrentar nos próximos anos.

A intranquilidade dos cidadãos não é o único fator que pode acelerar o socorro financeiro da UE ou interferir com os mercados. Como o pacote está sendo apresentado com um fundo não apenas para a Grécia, mas para todos os países que são membros da UE, todos esses países também precisarão aderir aos detalhes específicos da decisão. Isso significa que todos os países da UE terão eventualmente de se submeter às condições de austeridade. Na Alemanha, muitos ficaram extremamente insatisfeitos com esse acerto após serem vencidos na votação na proposta inicial, e já indicaram que possivelmente se oporão a ela no futuro.

http://www.businessinsider.com/germany-was-out-voted-and-forced-to-bail-out-europe-2010-5

Isto significa que o socorro financeiro ainda não está finalizado, colocando a Europa em um cenário ardiloso, do tipo "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come" (novamente, da mesma forma que os EUA). Fazer avançar a legislação e se submeter ao FMI poderá causar severa divisão entre os países da UE, interromper programas governamentais em diversos países e fomentar mais protestos de rua entre a população. Descobrindo (como está ocorrendo nos EUA) que os programas de socorro financeiro não estão funcionando, eles continuarão no caminho rumo ao excesso de liquidez e à hiperinflação. Se o socorro financeiro não for levado à frente, a Grécia decretará o calote e fará isso em bem pouco tempo, seguida imediatamente pela Espanha e por Portugal. Isso poderá levar os mercados globais a ruírem, bem como levar a uma desvalorização cataclísmica do euro.

É interessante observar que a única entidade que parece pronta a ajudar nesta bagunça é o FMI, e acredito que isto foi planejado para ser assim. Os bancos internacionais, como o Goldman Sachs (apoiadores do globalismo e do FMI), provocaram o colapso na Grécia com as fraudulentas operações de Credit Default Swaps, exatamente como ajudaram a produzir o colapso nos EUA com os derivativos podres. O Goldman Sachs vendeu esses derivativos SABENDO muito bem que eles eram podres, depois, apostou contra eles, obtendo um lucro enorme. O fato que os banqueiros do Goldman Sachs tenham apostado contra os mesmos derivativos que venderam para outros bancos e investidores mostra que eles estavam plenamente cientes da natureza instável e tóxica desses ativos. Aqui, o impetuoso e contundente analista Max Keiser explica bem o envolvimento do Goldman Sachs no colapso grego:

http://www.youtube.com/watch?v=FKCR2k4keMQ&

O envolvimento do Goldman Sachs na caótica situação grega com certeza não é um caso isolado. Esse banco opera com muitos países e provavelmente aplicou o mesmo golpe em toda a parte. Mas por que um grande banco internacional sabota deliberadamente as economias dos países com os quais opera? Isso também não arruinaria os bancos no longo prazo? Não se você considerar que o Goldman Sachs está desestabilizando os países de forma deliberada, de forma a ajudar o FMI...

Uma sucessão de crises na economia europeia no curto prazo prejudicará todos os mercados, e poderá até mesmo fazer alguns mercados desaparecer totalmente. Entretanto, é exatamente por isto que o FMI é melhor conhecido: enredar as economias à medida que elas começam a desmoronar, enquanto as pessoas estão amedrontadas demais, distraídas, ou desesperadas, tentando fazer alguma coisa na situação. A desconexão para muitos de nós é que parece que pensamos que o FMI controla com rédeas curtas somente os países pobres do Terceiro Mundo. O que precisamos compreender é que o modelo que os bancos globais usaram para roubar os países do Terceiro Mundo agora está sendo usado contra nós. A utilização por parte do Goldman Sachs de veneno financeiro nos países ocidentais é na verdade "necessária" no processo da globalização, e a instituição da nova "moeda mundial" do FMI, os SDR (Direitos Especiais de Saque). A Europa e os EUA têm as moedas mais proeminentes no comércio internacional: o euro e o dólar. As ações do Goldman Sachs na zona do euro indicam para mim que os banqueiros internacionais esperam criar uma quebra simultânea de ambas as moedas, de modo a abrir caminho para os SDR.

Afirmando que é "necessário" evitar outra crise, o presidente do FMI já propôs que sua organização receba poderes sem precedentes para supervisão e controle das funções econômicas e de decisões para os países-membro, efetivamente colocando o FMI na supervisão global de todo o sistema financeiro:

http://www.businessinsider.com/head-of-imf-calls-on-member-states-to-give-him-global-oversight-of-the-financial-system-2010-2

Conforme foi noticiado alguns dias atrás, a reunião de alto nível do FMI em 11 de maio, na Suíça, aparentemente produziu uma estratégia para fazer dos SDR a nova moeda global para "mitigar os temores" de um colapso monetário do euro e do dólar. É isto mesmo, eles usaram a expressão "moeda global". Esta notícia veio direto dos próprios boletins do FMI a respeito do encontro, que foram divulgados para a imprensa, e que você pode ler aqui:

http://www.imf.org/external/np/speeches/2010/051110.htm

Aqui está o especialista em capitais globais, Jim Richards, da firma de consultoria Omnis Inc., falando sobre as implicações desse anúncio do FMI. Ele também acredita que a instituição dos SDR como moeda de reserva mundial possa levar menos de um ano e meio:

http://www.kingworldnews.com/kingworldnews/Broadcast/Entries/2010/5/13_Jim_Rickards.html

Há três anos que venho advertindo que o FMI e os bancos globais estavam posicionando o mundo para essa decisão, e agora ela foi tomada.

O incidente de 6 de maio prova que a União Europeia fará todo o possível para evitar uma inadimplência na dívida soberana de qualquer um de seus países-membro, e manterão os mercados felizes pelo tempo que for possível. A rapidez como eles criaram o pacote de um trilhão de dólares é surpreendente (a não ser, é claro, que já o tivessem preparado com antecedência). Isso significa que eles continuarão com os socorros financeiros com dinheiro fictício, criado a partir do nada, exatamente como está ocorrendo nos EUA, mesmo que isso resulte em uma hiperinflação como consequência. A diferença no caso europeu é que o socorro financeiro deles vem diretamente do FMI, o que significa que quanto mais eles inflacionarem, mais profundamente irão para dentro do bolso do FMI, e mais viável a opção dos SDR parecerá. O fim deste jogo é óbvio. Estamos vendo as finanças e a infra-estrutura do mundo ocidental serem totalmente subjugadas e colocadas nas mãos dos bancos globais. Ambos os lados do Atlântico são agora, para sermos bem francos, os alvos...

O dia 6 de maio destruiu as ideias de "início de uma recuperação econômica" nos EUA, pelo menos subconscientemente, na maioria das pessoas. Se o índice Dow Jones pode perder 1.000 pontos em questão de minutos, então não há recuperação. Um socorro financeiro à Grécia poderá tranquilizar as emoções dos investidores por um breve período de tempo e aquecer os mercados, mas somente até a névoa da desinformação se dissipar novamente e as pessoas terem uma nova visão da realidade. Se alguém examinasse a relação Preço/Ganhos (Price/Earnings ratio) da S&P 500, descobriria que os ganhos da companhia S&P foram tão baixos que o valor elevado de suas ações é absurdo em comparação:

http://moneynews.com/StreetTalk/David-Rosenberg-stocks-Overvalued/2010/04/30/id/357410

A maioria das empresas americanas teve ganhos baixos ou nulos nos últimos três anos. Os amplamente anunciados ganhos com as reestruturações por algumas grandes empresas em 2009 foram devidos, em grande parte, aos cortes orçamentários. Isto significa que as dispensas em massa que elas realizaram em 2008 deram a ilusão que elas estavam se tornando lucrativas, quando estavam somente reduzindo a mão de obra. A maioria das empresas está obtendo pouco lucro com as vendas reais, porém o valor de suas ações continua a subir. Isto causou uma bolha no mercado, e atualmente as ações estão em 35%, ou mais, acima do valor real.

Alguém poderia perguntar de onde vem o dinheiro para levar o índice Dow Jones a esses níveis altos e irrealistas a despeito dos lucros modestos de muitas companhias. Uma decisão pouco conhecida da Administração Reagan, a Ordem Executiva 12631, pode explicar um bom número de inconsistências na economia americana:

http://www.reagan.utexas.edu/archives/speeches/1988/031888d.htm

Também conhecida por alguns como PPT (Plunge Protection Team), a ordem forma um grupo de ação composto pelo Secretário do Tesouro, o presidente da junta de diretores do Sistema da Reserva Federal (um banco central privado), a SEC (Comissão de Valores Mobiliários) e o CFTC. A linguagem da ordem executiva é muito ampla, mas o objetivo geral do PPT era claro: evitar outro colapso da Segunda-Feira Negra na Bolsa de Valores. Como? Injetando liquidez no mercado sempre que as ações começarem a vacilar, e matando os últimos resíduos da economia natural do livre mercado. Esse tipo de manipulação passou, em grande parte, despercebido pelo público, até que o início da atual recessão/depressão. Alguns bancos internacionais já admitiram terem feito uso dos contínuos socorros financeiros oferecidos a eles pelo Fed para comprar ações, em vez de reenergizar os mercados de crédito, como o dinheiro supostamente deveria ser usado. É provável que o Fed, com a bênção da SEC também tenha injetado dinheiro fictício nos mercados diretamente. Isso explicaria como a queda do dia 6 de maio pôde ter sido revertida em torno de 700 pontos em questão de minutos.

O sistema está fazendo todo o possível em seu alcance para manter viva a ilusão da recuperação.

Desemprego Oculto

O relatório mais recente sobre desemprego do Departamento de Trabalho mostra uma criação positiva de 290.000 empregos, porém também reportou que o desemprego aumentou para 9.9%. Aparentemente, o Departamento do Trabalho ainda não conseguiu explicar a história direito. Em março, falamos sobre o novo método ambíguo de pesquisa do DT, que limitou severamente o número de participantes, assim permitindo ao governo "interpretar" a pesquisa praticamente da forma como quiser. Curiosamente, alguns economistas estão questionando por que o governo não reporta a criação de MAIS empregos fajutos, uma vez que agora tem a opção de fazer isso:

http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20601087&sid=akL7QcsF23dI&pos=2

Aparentemente, esses economistas não têm pistas das mudanças subversivas no método de pesquisa. Suspeito que o Departamento de Trabalho esteja evitando exagerar na manipulação dos números do emprego, para não arriscar se tornar alvo da ira de milhões de cidadãos, que conhecem a realidade da falta de empregos, pois ainda estão tentando encontrar um.

O desemprego real, contando aqueles que não mais estão recebendo os benefícios e aqueles que estão desempregados é em torno de 20%. Basta somente examinar a disponibilidade real e a qualidade dos empregos em sua própria cidade para ver que o governo não está sendo honesto na questão do desemprego.

Déficits nos Orçamentos dos Estados

A dívida grega é nada em comparação com a dívida de muitos estados americanos. A economia da Califórnia é quatro vezes maior que a da Grécia, e está experimentando os mesmos problemas da moratória soberana:

http://www.businessinsider.com/why-california-is-the-next-greece-2010-05#california-has-a-20-billion-budget-gap-despite-last-years-ravaging-cutbacks-1

Em junho de 2009, o estado da Califórnia enviou Notas Promissórias aos funcionários públicos estaduais, em vez de cheques para pagamento de seus salários, e o governador Schwarzenegger está agora advertindo sobre "cortes terríveis" nos programas públicos de modo a reduzir as despesas no orçamento. Em outras palavras; a Califórnia está sugerindo seu próprio "programa de austeridade":

http://www.businessinsider.com/schwarzenegger-warns-of-terrible-cuts-absolutely-terrible-cuts-coming-in-california-2010-5

A Califórnia não está sozinha. Muitos estados americanos estão agora com o orçamento no vermelho:

http://www.nytimes.com/2010/03/30/business/economy/30states.html?th=&emc=th&pagewanted=all

Metendo a Mão no Dinheiro dos Fundos de Pensão

Outra possibilidade preocupante é a ação sugerida por alguns governos (incluindo os EUA) de começar a confiscar os fundos de pensão dos funcionários de modo a cobrir as contas dos bancos que causaram a crise inicial:

http://www.marketoracle.co.uk/Article16809.html

Esta ação pode não somente ser planejada para ajudar os bancos em situação ruim, mas também como um modo esperto de ocultar o fato que os fundos de pensão estatais nos EUA têm agora um déficit de 1 trilhão de dólares, ou mais:

http://www.reuters.com/article/idUSTRE61H13X20100218

Na prática, o governo remove o problema do déficit previdenciário simplesmente pegando a pensão de todos!

Ignorando a Inflação

De acordo com Ben Bernanke, do Federal Reserve, as injeções de dinheiro fictício, criado a partir do nada, não criaram inflação, e provavelmente nunca criarão inflação. Logicamente, desde que o Fed deixou de reportar o M3, que era a medida definitiva e mais exata do suprimento de dinheiro, é difícil saber o que está realmente acontecendo. Parece que eles querem que acreditemos em cada palavra que Bernanke diz sobre o assunto. A despeito da falta de transparência, o método atual do Fed de medir a inflação revelou um aumento de 2,2% nos preços ao consumidor no mês de março, que está se aproximando no nível máximo que o banco central considera "sustentável":

http://www.breitbart.com/article.php?id=CNG.f4ca4a183df2102e9ad9338f1c9b7c75.171&show_article=1

Esta medição da inflação não inclui os preços dos alimentos e da energia. Quando esses são examinados, o Fed reporta que de março de 2009 a março de 2010, os preços dos alimentos e da energia subiram 18,7%! Isto é um peso incrível no orçamento do consumidor mediano!

Alguns podem argumentar que a maior parte desta inflação é devida ao contínuo aumento nos preço da gasolina, mas se eles considerassem os aumentos nos preços de produtos alimentícios individuais, em vez da "média" manipulada apresentada pelo Fed, encontrariam elevações consideráveis nos preços dos alimentos essenciais no último ano:

http://data.bls.gov/cgi-bin/surveymost?ap

Qualquer pessoa que faça suas compras no supermercado sabe que a inflação sempre está presente. Já observei na minha cidade aumentos de preços no produtos de 14% a 20% em relação ao ano passado. Embora muitas pessoas possam sentir que seu sangue esteja sendo sugado lentamente por esta tendência, ela não se compara com a inflação que poderemos ver no próximo ano.

Para tornar as coisas ainda piores (o que é difícil de imaginar), o Fed está agora criando dinheiro a partir do nada à custa do contribuinte americano e enviando esse dinheiro para o socorro financeiro da Europa, o que dobra nossas chances de termos hiperinflação!

http://finance.yahoo.com/news/Federal-Reserve-opens-credit-apf-3150539460.html?x=0&sec=topStories&pos=main&asset=&ccode=

O Calote É Inevitável

Uma grande dificuldade que encontro ao tentar explicar as circunstâncias do processo inflacionário nos EUA é a questão do calote da dívida. Os deflacionistas que argumentam que a inflação não é uma preocupação quase sempre negligenciam o problema da nossa dívida nacional e seu efeito no valor do dólar.

Para ser o mais claro quanto possível, a impressão excessiva de dinheiro não é a única causa da inflação. A inflação é causada por uma queda no valor da moeda. Existem muitos eventos que podem levar a moeda a se depreciar e a impressão de dinheiro é somente uma delas.

A dívida nacional sem precedentes e o déficit orçamentário maior a cada ano podem produzir um colapso do dólar se os investidores internacionais na dívida pública americana decidirem que o risco está se tornando grande demais. Por exemplo, se os países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) decidirem que deixarão de usar o dólar como uma reserva para o comércio, o valor da moeda americana poderá afundar, e haverá inflação nos EUA, independente da impressão física de dinheiro executada pelo Fed e pelo Tesouro. Se os principais investidores em títulos do Tesouro dos EUA decidirem parar de comprar esses títulos (o que já começaram a fazer), e se desfazer dos títulos que estão em seu poder (o que estão pensando em fazer), isso também causará uma queda do dólar nos mercados mundiais e, como produzimos poucos dos nossos próprios produtos industriais, a maioria dos itens manufaturados e alguns itens de alimentação terão uma grande elevação de preços em resposta.

Já disse isto muitas vezes no passado, mas vou repetir aqui para os deflacionistas que estiverem lendo. O investimento estrangeiro na dívida americana de longo prazo desapareceu, e está diminuindo na de curto prazo. Isto cria um dilema muito sério. Se o Fed não continuar a monetizar a dívida pública americana, os EUA não conseguirão honrar os pagamentos, o dólar perderá seu status de reserva e a hiperinflação começará. Uma reação deflacionária poderá ocorrer nas ações, mas isso não é significativo em comparação com os preços dos produtos. Se o Fed continuar a monetizar a dívida americana como o único investidor real dos títulos e notas do Tesouro, o dólar perderá seu status de reserva, seu valor se desintegrará, os EUA ainda não conseguirão honrar os pagamentos da dívida e a hiperinflação começará. De ambos os modos, o dólar morre e os EUA ficam com inflação.

Neste cenário, eu não ficaria nem um pouco surpreso se infusões do FMI forem apresentadas como a única opção disponível, obviamente com o elevado preço das exigências condicionantes vinculadas...

Outro argumento comum que ouço de alguns analistas financeiros é que a inflação poderia ser uma "coisa boa", pois a maior parte das dívidas está expressa em dólares americanos, e um aumento no suprimento faria essas dívidas "desaparecerem". Primeiro de tudo, esses homens estão assumindo que a dívida SEMPRE estará expressa em dólares americanos. Se ocorrer uma grande desvalorização do dólar, é muito possível que os outros países se recusem a receber dólares como pagamento de dívidas, e peçam o pagamento em uma moeda mais estável, ou até mesmo em ouro. A inflação não dissolve as dívidas, como certamente qualquer cidadão do Zimbábue pode atestar.

Em segundo lugar, mesmo se a inflação pudesse de algum modo ser usada para fazer as dívidas desaparecerem, uma grande depreciação do dólar de modo algum vale a pena para equilibrar as contas. A morte de uma moeda é a morte de uma economia e, algumas vezes, a morte de toda uma cultura. Desejar as condições de uma hiperinflação é uma total insanidade e qualquer economista que tente argumentar da forma contrária não deve ser encarado com seriedade.

Prepare-se Para o Pior

Anos atrás, indivíduos financeiramente conscientes neste país viram o precipício que estava adiante e tentaram lutar para evitar que caminhássemos em direção a ele. Fizemos isto na esperança que por meio do sistema, poderíamos conseguir maior compreensão e maior transparência. Nossos esforços produziram um crescimento surpreendente na conscientização do público, mas muito pouco para desarmar a bomba-relógio econômica sobre a qual estamos hoje sentados. Chega um ponto em qualquer desastre iminente em que a fuga não é mais uma opção possível e somente podemos nos preparar, fortalecendo-nos para suportar o trauma. O projeto de lei do senador Ron Paul para uma auditoria no Sistema da Reserva Federal foi, em minha opinião, a última chance de trabalhar dentro do governo para evitar, ou pelo menos suavizar, a queda que estamos prestes a experimentar. Infelizmente, o Senado estorvou em parte os esforços de Ron Paul, aprovando uma proposta alternativa inócua, apoiada por Chris Dodd, um membro do CFR (Conselho das Relações Internacionais). O projeto alternativo permite uma única auditoria do socorro financeiro do programa TARP, utilizado pelo Fed, mas não uma auditoria das contas reais do Fed e de seus acionistas privados. Em resumo, é um projeto de lei impotente.

O projeto de Ron Paul ainda tem um amplo suporte, e devemos continuar a lutar por ele, mas será se ainda temos tempo? Não acredito que o Sistema da Reserva Federal se submeterá a uma auditoria completa de suas políticas e de sua contabilidade, e está simplesmente tentando bloquear e retardar o processo até que estejamos nos estágios finais deste colapso. O declínio da Europa está se acelerando mais depressa do que a maioria dos analistas previu, ameaçando iniciar um efeito dominó que afetará os EUA. Se serviu para alguma coisa, esta situação prova que o conceito de globalismo é impraticável; por meio da interdependência obrigatória, um grupo pequeno de países pode arrastar o resto do mundo por água abaixo, como se um bloco de cimento estivesse amarrado aos nossos pés. Entretanto, mais globalismo está sendo apresentado como a única solução para nossos problemas!

Como muitos outros, também prevemos que o clímax do declínio que teve início em 2007 ocorrerá a partir deste ano. De acordo com os fundamentos, não existe um modo de evitarmos a implosão das moedas neste estágio final do jogo. Minhas sugestões para os preparativos continuam sendo as mesmas que sempre fiz: compre prata, compre ouro, compre e armazene alimentos e pense em um modo de se defender. Talvez não possamos impedir o colapso, mas podemos sobreviver a ele e reconstruir nossas vidas e nossa nação de tal forma a garantir que essa tragédia nunca mais seja forçada sobre nós outra vez.

Leia também os seguintes artigos para melhorar sua compreensão do problema:

"O Colapso Financeiro Global — O Que Você Precisa Saber e Como se Precaver"

"O Sistema Financeiro Global - Parte 1: O Fundo Monetário Internacional (FMI)"

"A Criatura da Ilha Jekyll — O Sistema da Reserva Federal"

"O Que É o Mecanismo Mandrake?"



Autor: Giordano Bruno, artigo original em http://neithercorp.us/npress/?p=488
Data da publicação: 19/5/2010
Revisão: http://www.TextoExato.com
A Espada do Espírito: http://www.espada.eti.br/colapso2.asp