Pragmatismo na Igreja: Uma Religião Orientada Para Resultados — Uma Apostasia com Propósitos

Capítulo 8: Brincando de Igreja com o Jogo dos Números — Parte 1

As crianças na Escola Dominical têm uma brincadeira em que fazem movimentos com as mãos e cantam uma rima que diz assim: "Aqui está a igreja e aqui está a torre, abra as portas e veja o povo!" Por mais interessante que seja, esse modo básico de brincar de igreja não é totalmente diferente do modo como muitos adultos brincam com a "grande igreja". Uma versão adulta dessa rima poderia realisticamente dizer, "Aqui está a igreja — veja um magnífico e confortável edifício religioso. Abra as portas, ouça a ótima música Rock com letra religiosa, emocione-se com as belas apresentações dramáticas, experimente Deus nos nossos grupos de enriquecimento pessoal; ouça uma mensagem que eleve sua auto-estima e que mostre como se tornar um cristão lhe trará saúde, relacionamentos perfeitos e uma completa realização psicológica; e observe como a casa estará lotada de gente todos os domingos." Esse jogo está se tornando mais comum a cada nova semana, e milhares de pastores estão comprando livros de auto-ajuda e participando de conferências onde aprendem a metodologia do plano do "novo paradigma". A verdade é que o plano de jogo para a igreja do novo paradigma funciona. Ele pode não funcionar tão bem em todas as implementações, mas realmente funciona. Combinado com o curso de eventos delineados nos capítulos anteriores deste manuscrito, o pragmatismo religioso está varrendo o país e está influenciando aqueles que chamam a si mesmos de evangélicos e até os fundamentalistas para aceitarem e promoverem os homens, métodos e programas que levarão toda a humanidade à Religião do Mundo Global do Anticristo. Como se pode suspeitar, esses métodos e programas estão baseados nos desejos e caprichos da cultura popular em vez de na Palavra de Deus. Basicamente, para ostensivamente ganhar a guerra cultural e levar multidões a Cristo, a igreja evangélica está se identificando, está sendo editada e fazendo concessões à cultura popular. A culminância dessas forças rejeita o plano de Deus para a igreja local, conforme prescrito nas Escrituras, e cria em seu lugar a Religião Orientada Para Resultados.

Os sete primeiros capítulos deste manuscrito descreveram os fatores ao longo da história que contribuíram para a ascensão da Religião Orientada Para Resultados. Em resumo, toda a história da igreja foi caracterizada por múltiplos assaltos pelas forças luciferianas em sua tentativa de derrotar Deus. Esses assaltos ocorreram como emboscadas ao longo da margem do Rio da História, à medida que suas águas fluíram pelo paganismo, catolicismo, a Reforma Protestante e o modernismo, antes de chegar ao ponto atual da geografia cronológica. Além disso, fatores externos no curso da história secular e a paisagem política não somente exerceram influência, mas moldaram as atitudes e valores em preparação para a vindoura Religião do Mundo Global do Anticristo. Essa combinação de fatores contribuintes (especialmente desde a Segunda Guerra Mundial) está agora culminando na Religião Orientada Para Resultados. A apostasia da Religião Orientada Para Resultados não é tão facilmente detectável quanto a do modernismo e de outros ensinos claramente heréticos. O modernista nega abertamente (entre outras coisas) o nascimento virginal, o sacrifício expiatório de Jesus Cristo e a inerrância das Escrituras. Aqueles que se identificam com a Religião Orientada Para Resultados podem se opor à heresia do modernismo, mas estarão mais do que dispostos a contemporizar com os modernistas ou até ignorar os claros ensinos da Palavra de Deus para atingir seu propósito final — o crescimento exponencial da igreja.

O Modelo Bíblico Para a Igreja Local

Pode-se legitimamente perguntar, "Qual é o plano bíblico para a igreja local?" A resposta a essa pergunta pode ser encontrada em um único lugar — na inerrante, infalível e inspirada Palavra de Deus, e a busca pela resposta na verdade não é tão difícil. As epístolas de 1 e 2 Timóteo foram endereçadas a um jovem pastor, e Timóteo recebeu orientações relacionadas com os aspectos mais críticos do pastorado de uma igreja neotestamentária. Os princípios aplicáveis nessas epístolas são facilmente observáveis:

  1. O pastor deve estudar a Palavra de Deus [2 Timóteo 2:15].
  2. O pastor deve alimentar a congregação com a palavra da fé e da boa doutrina [1 Timóteo 4:6].
  3. O pastor deve manejar bem a palavra da verdade [2 Timóteo 2:15].
  4. O pastor deve pregar a palavra [2 Timóteo 4:2].
  5. O pastor deve redargüir, repreender, e exortar os membros da igreja com doutrina [2 Timóteo 4:2].
  6. O pastor deve confiar o depósito da verdade a homens fiéis e idôneos, de modo a garantir a perpetuação dessa verdade para as gerações seguintes [2 Timóteo 2:2].
  7. O pastor deve utilizar a inspirada Palavra de Deus para ensinar a doutrina, para repreender, corrigir e instruir em toda a justiça [2 Timóteo 3:16].

A segunda fase da busca pela resposta deve ser conduzida pesquisando-se o livro de 1 Coríntios. Essa epístola foi escrita para lidar com problemas específicos que surgiram na igreja de Corinto. Esses problemas na igreja de Corinto são melhor identificados quando os membros das igrejas compreendem os seguintes princípios:

  1. A pregação da Palavra de Deus é loucura para os que perecem [2 Coríntios 1:18].
  2. Aprouve a Deus salvar aqueles que crêem pela loucura da pregação [1 Coríntios 1:21].
  3. Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias [1 Coríntios 1:27].
  4. O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus [1 Coríntios 2:14].
  5. A sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus [1 Coríntios 3:19].
  6. Deus não é Deus de confusão [2 Coríntios 14:33].

Os livros de 2 Coríntios e 2 Tessalonicenses adicionam o conceito da separação bíblica:

Com base nesses princípios, o ensino da Palavra de Deus é muito claro:

Quando os cristãos se reúnem no Dia do Senhor, a ênfase da reunião deve ser a pregação da Palavra de Deus. Essa pregação, por sua vez, deve enfatizar a doutrina. Outras passagens tratam de outros aspectos da reunião, como o canto, a oração, a comunhão, mas a ênfase majoritária do Novo Testamento está na pregação. É pela pregação expositiva que a Palavra de Deus é apresentada, explicada e detalhada. Destarte, a pregação da Palavra de Deus dever ser o ponto focal do serviço de adoração e tal pregação deve "redargüir, repreender e exortar", conforme o apóstolo Paulo delineou para Timóteo. Dessa maneira, os fiéis são corrigidos, edificados e equipados para enfrentar as provações e tentações que encontram fora das paredes da igreja.

Na epístola de 1 Coríntios, Paulo fala também dos descrentes que podem estar presentes nas reuniões da igreja. [1 Coríntios 14:23] Portanto, a reunião dos crentes não está fechada aos incrédulos, de modo que o evangelismo precisa ser um componente vital do serviço da igreja. Entretanto, o foco principal da igreja reunida deve estar direcionado para os salvos — não para os perdidos. É também desnecessário dizer que (falando com base nas Escrituras) a participação como membro da igreja está reservada unicamente àqueles que nasceram de novo. Qualquer "igreja" que receba em seu rol de membros indivíduos que rejeitam a fé salvadora em Jesus Cristo não é uma igreja neotestamentária. A verdadeira igreja precisa também (de acordo com 2 Coríntios 6:14-18 e 2 Tessalonicenses 3:6-16) separar-se de qualquer outra organização religiosa que negue as doutrinas fundamentais da fé, ou de quaisquer cristãos ou "organizações cristãs" que andem desordenadamente.

Um Novo Modo de Brincar de Igreja

A Religião Orientada Para Resultados ignora completamente os princípios acima mencionados da Palavra de Deus e emprega a inserção de filosofias humanistas e mundanas na igreja. A síntese dessas filosofias com o cristianismo bíblico produz os "novos modos de ser igreja" — ou, melhor ainda, um novo modo de "brincar de igreja". Se uma igreja subordina ou sintetiza o ensino das Escrituras aos métodos do homem, essa igreja cessa de ser uma verdadeira igreja [veja o Capítulo 1]. O processo de construir tal organização também cessa de ser um autêntico ministério e em seu lugar torna-se apenas um jogo religioso. Esse jogo não é para ser encarado com leviandade, pois envolve riscos mais elevados que qualquer outro jogo no mundo. Dependendo dos resultados desse jogo estão não somente as almas perdidas da geração atual e o crescimento espiritual dos membros das igrejas do novo paradigma, mas todo o legado do verdadeiro cristianismo. A Religião Orientada Para Resultados não se perpetuará. Quando a doutrina é colocada de lado como um ingrediente desnecessário ou um obstáculo ao crescimento da igreja, nenhum alicerce sólido é estabelecido — e a casa é construída sobre areias que se deslocam de forma violenta. O jogo pode realmente continuar em futuras gerações, mas todos os vestígios da verdade serão subseqüentemente perdidos com a passagem do tempo.

Assim, chegamos à décima primeira hora e o futuro do verdadeiro cristianismo bíblico está pendurado de forma precária por um mero fiapo da corda. Mais do que em qualquer outro tempo desde o primeiro século, aquilo que os indivíduos verdadeiramente nascidos de novo fizerem terá uma profunda diferença para o futuro do cristianismo. Além disso, se nada for feito, e se todos os verdadeiros cristãos continuarem a percorrer cegamente esse caminho precipitoso, estarão aqueles da geração seguinte, que chamarem a si mesmos de cristãos, preparados para um mundo movendo-se mais para perto da vinda do Anticristo? Serão os membros da igreja (ou os jogadores) da próxima geração verdadeiramente salvos, ou estarão totalmente enganados como resultado da falta de teologia, de doutrina e da pregação expositiva? E mais, o que a geração atual precisa fazer para trazer o navio de volta ao curso correto? Os cristãos de hoje que crêem na Bíblia compreendem o jogo, os jogadores, as novas definições, e as regras do jogo? A preparação para a guerra contra esse movimento precisa ser feita, e as batalhas precisam ser lutadas. Chegou a hora de os cristãos que crêem na Bíblia tirarem a cabeça da areia e se prepararem para fazer parar o rolo compressor da Religião Orientada Para Resultados.

A Luta Contra a Religião Orientada Para Resultados

O modelo estereótipo do homem atual é o sujeito que senta-se diante de sua televisão toda tarde de sábado para assistir partidas de futebol. O "homem real" de hoje come, bebe e respira futebol, e qualquer macho da espécie que não faça a mesma coisa é considerado um frouxo, ou é conhecido por qualquer outro título depreciativo. Por outro lado, o estereótipo da esposa desse "homem real" é uma mulher que ignora totalmente o futebol. Ela não compreende o jogo, não tem vontade alguma de aprender o jogo e detesta o início de cada novo campeonato. Entretanto, ocasionalmente, uma mulher decide que poderá se relacionar melhor com seu marido e passar mais tempo de qualidade com ele se aprender a gostar de futebol. Essa tarefa não é fácil, pois ela está em uma desvantagem distinta. Ela nunca aprenderá o jogo fazendo perguntas ao marido — na mente do "homem real", futebol não é coisa para mulheres. Assim, para conseguir realizar essa tarefa gigantesca, ela precisa seguir a abordagem de entrar nesse território desconhecido em etapas. Ela precisa: 1) Aprender as definições antes de poder compreender as regras e, em seguida 2) Aprender as regras e, finalmente, para realmente gastar tempo de qualidade — isto é, discutir os fatos cruciais, por exemplo, quais jogadores dos dois times são os melhores — ela precisa 3) Aprender algo sobre os melhores atletas em campo.

O mesmo é verdade com relação aos cristãos bíblicos que estão se preparando para a batalha contra a Religião Orientada Para Resultados. Muitos membros das igrejas do novo paradigma sentem que algo está muito estranho, mas não sabem como colocar exatamente o dedo no problema. Embora eles possam sentir um vago senso de desconforto com o modo como as coisas estão sendo feitas na igreja, são lentamente puxados para dentro de uma rede de enganação. Mesmo se alguns resistem ao ponto de lutar contra a transformação da igreja, são abertamente colocados em ostracismo por "não apoiarem o pastor" ou por fazerem oposição à "obra de Deus" no ministério. Aqueles que fazem objeção alto demais são isolados ao ponto de serem totalmente marginalizados e não terem influência alguma para fazer parar o rolo compressor. Portanto, todos os crentes precisam ser instruídos sobre a metodologia da Religião Orientada Para Resultados, pois nenhuma igreja está imune a essa nova e enganosa forma de apostasia. É necessário conhecer as definições dos termos, conhecer as regras do jogo, e conhecer os líderes do movimento. Sem esse conhecimento, o combatente estará condenado ao fracasso e à derrota na batalha. Assim, cada uma das áreas será subseqüentemente detalhada para dar ao crente a artilharia necessária para ir à batalha.

Definindo os Termos

As definições utilizadas pelos proponentes da Religião Orientada Para Resultados precisam ser avaliadas com cuidado. Como discutido em um capítulo anterior, as definições de certas palavras (como tolerância) foram modificadas pela cultura moderna. Assim, as palavras e termos com uma definição em uma geração anterior podem ter mudado completamente por uma cultura subseqüente. Embora na maior parte das vezes esse processo seja completamente inocente, a redefinição de termos também pode ser usada como um plano enganoso para manipular aqueles que estão operando usando a definição anterior ou fora de moda dos termos. Portanto, é fundamental que as definições adequadas sejam utilizadas ao interpretar as regras do jogo da igreja. As seguintes definições e explicações devem ser bem compreendidas:

IGREJA DIRIGIDA POR PROPÓSITOS — Este termo foi inventado pelo pastor Rick Warren, da Igreja da Comunidade de Saddleback, no sul de Los Angeles. A idéia é que uma igreja deve colocar sua visão nos seus propósitos finais e estruturar sua metodologia de modo a alcançar esses propósitos. O termo "dirigida por propósito" é sinônimo de "orientada para resultados". Em seu livro "Uma Igreja com Propósitos", Rick Warren relaciona o processo de se tornar "dirigida por propósitos". Para os objetivos desta análise, a palavra "resultado" foi substituída por "propósitos". O significado é o mesmo. O plano dele é como segue:

O resultado nesse caso é o crescimento exponencial da igreja.

IGREJA DO NOVO PARADIGMA — Novamente, o pastor Rick Warren, em seu livro inovador, "Uma Igreja com Propósitos", diz que o escreveu para oferecer um "novo paradigma". (2) A definição básica do novo paradigma relaciona-se com um "novo modo de pensar". Nesse caso, um novo modo de pensar sobre como "fazer igreja". A razão determina que se esse é um novo modo de pensar no ministério, o modo antigo deve estar seriamente errado. Isso precisa então levar a pessoa a avaliar o "modo antigo" conforme criticado pelo pastor Warren em seu livro. O "velho modo de pensar", de acordo com Warren, é caracterizado em sua maior parte, por aqueles que continuam a tentar comunicar o evangelho para a cultura moderna em um "estilo fora de moda". (3) A filosofia de Warren exibe a superioridade do estilo sobre o conteúdo, o que é contrário ao ensino bíblico. A Bíblia diz que o homem deve "procurar apresentar-se aprovado... que maneja bem a Palavra da Verdade..." [4] A Bíblia também é clara que Deus fala aos seus filhos por meio de sua Palavra revelada. Os dias dos sonhos e visões (a despeito do ensino errôneo daqueles que estão envolvidos no Movimento Carismático) já passaram. [1 Coríntios 13] Entretanto, quando alguém defende o estilo sobre a substância no caso de uma igreja, está basicamente dizendo que o processo usado para fazer a igreja crescer é mais importante que o ensino doutrinário da igreja. O pastor Warren rejeita qualquer problema com essa metodologia perigosa declarando, "... o estilo de adorar que você tem diz mais sobre sua origem cultural do que sobre sua teologia." [5] Se isso fosse verdade e se a cultura determinasse um estilo de adoração utilizando música Rock Acid, drogas e orgias — isso não implicaria em uma teologia furada? Essa ilustração pode ser absolutamente risível, mas claramente exibe os extremos que podem ser derivados da assim chamada abordagem "do novo paradigma" para o ministério.

Em segundo lugar, a igreja do novo paradigma está intencionalmente projetada para rápido crescimento, pois o crescimento da igreja é o resultado desejado da Religião Orientada Para Resultados. Para alcançar esse objetivo, o projeto desse tipo de igreja baseia-se nos princípios da Administração de Empresas e nas pesquisas de mercado do Marketing. O problema que surge com essa metodologia é visto na revelação bíblica, "A palavra da cruz é loucura para os que perecem." [1 Coríntios 1:18] A Bíblia também ensina que o próprio Jesus Cristo é "uma pedra de tropeço e rocha de escândalo" [1 Pedro 2:8] Com base nessa aparente contradição, a pergunta precisa então ser feita, "Como então você coloca no mercado um produto que é tão ofensivo e louco?" A resposta é simples. Você precisa modificar o "apelo" do produto para distrair a percepção das pessoas de sua ofensa e loucura, de modo a atrair o público-alvo. Essas mudanças necessárias inevitavelmente resultam em um afastamento da Palavra de Deus e uma apostasia sorrateira que no final apagará o último traço de verdade em um período muito curto de tempo.

Um aspecto final e muito preocupante do rótulo "novo paradigma" é o fato que o termo "paradigma" foi popularizado no fim dos anos 70 e início dos anos 80 por Marilyn Ferguson em seu livro "A Conspiração de Aquário". Esse livro foi outra obra de referência que caracterizou o trabalho interno do Movimento de Nova Era com o termo "Mudança de Paradigmas". A autora Ferguson afirmava que a nova espiritualidade produzida pelas filosofias de Nova Era eventualmente levaria a uma "massa crítica" na consciência humana para provocar uma grande Mudança de Paradigmas que iniciaria um novo nível de evolução do homo sapiens para o homo noeticus, o homem-deus. Equiparar Rick Warren com Marilyn Ferguson pode não parecer justo, mas algumas perguntas simples devem ser feitas: por que um pastor batista utilizaria terminologia de Nova Era para descrever sua nova metodologia de crescimento de igreja? Deve qualquer cristão que crê na Bíblia utilizar qualquer tipo de terminologia que o equipare (justa ou injustamente) com aqueles que estão envolvidos com as práticas ocultistas? O senso comum não diria que tais comparações seriam feitas com a utilização dessa terminologia? Aqueles que estão envolvidos nas práticas ocultistas não veriam essa terminologia como um sinal que as coisas não são como realmente parecem no Movimento de Crescimento de Igrejas? Embora todas essas perguntas possam ser respondidas de uma maneira positiva, o simples uso dessa terminologia é no mínimo, desconcertante.

OS SEM-IGREJA — Os indivíduos que não são membros ativos em alguma igreja são os "sem-igreja". Esses são os indivíduos que a Igreja do Novo Paradigma busca alcançar para obter o verdadeiro crescimento da igreja. O pastor Rick Warren está posicionando a Igreja da Comunidade de Saddleback como "uma igreja para os sem-igreja" [6]. Se alguém perguntasse novamente: "O que é uma verdadeira igreja?" A resposta seria a mesma — Uma verdadeira igreja é um corpo de crentes nascidos de novo reunidos para a adoração, comunhão, e para estarem equipados para o serviço. Uma vez que uma igreja aceite um único membro que negue a salvação pessoal em Jesus Cristo, essa organização cessa de ser uma verdadeira igreja. Como então pode uma igreja tornar-se "uma igreja para os sem-igreja?" A própria frase não é um oximoro? Quando isso acontece, a igreja não é nada mais do que um clube, e o ministério não é nada mais que um jogo.

PREGAÇÃO EXPOSITIVA — A pregação expositiva é a pregação verso por verso da Palavra de Deus. Esse não somente tem sido o método de pregação utilizado pelos mais notáveis pregadores desde a Reforma Protestante, mas também o método dado pelo exemplo de Isaías no Antigo Testamento: "A quem, pois, se ensinaria o conhecimento? E a quem se daria a entender doutrina? Ao desmamado de leite, e ao arrancado dos seios? Porque é mandamento sobre mandamento, mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco ali." [Isaías 28:9-10].

PRAGMATISMO — O pragmatismo cristão é a filosofia que declara, "Se algo funciona, está funcionando como resultado direto das bênçãos de Deus." Embora esse seja certamente o caso em muitas situações, uma afirmação ampla e genérica desse tipo simplesmente não é verdade. Se fôssemos assumir que esse é o caso, a Igreja Católica Romana e a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (os Mórmons) seriam as duas organizações mais abençoadas na face da Terra.

O teste do ácido para qualquer organização religiosa é muito simples: essa organização ou metodologia obedece aos princípios da Palavra de Deus? Se esses princípios são violados, o sucesso, crescimento, ou qualquer outra medida positiva da perspectiva humana são resultantes de outra fonte que não a "mão de Deus" nesses assim chamados ministérios.

ADORAÇÃO — Esse é um termo que foi redefinido pela cultura moderna. No Antigo Testamento, a palavra hebraica traduzida como "adoração" é shachah. No Novo Testamento, a palavra grega que foi traduzida como "adoração" é proskuneo. Em ambos os casos, a definição dessas palavras é "prostrar-se em humilde homenagem" [7]. Isso simplesmente transmite o conceito que a verdadeira adoração a um Deus Santo envolve total submissão e humildade. Em contraste, parece hoje que a influência carismática naquilo que é percebido como adoração é olhar para o alto e erguer as mãos para Deus enquanto balança o corpo ao som da música Rock "cristã". Dan Lucarni, em seu livro "Why I Left The Contemporary Christian Music Movement" [Por Que Deixei o Movimento da Música Cristã Contemporânea], relata o seguinte testemunho de sua experiência pessoal:

"Eu me lembro de quando primeiro mudei meu estilo pessoal de adoração de abaixar minha cabeça para olhar para o alto. Fui influenciado pelos carismáticos que oravam em uma das nossas reuniões de oração em toda a cidade. Lembro-me da sensação boa que ela me proporcionou que eu era pela primeira vez um participante na adoração com Deus, não um verme desprezível que tinha de se prostrar. Eu me senti melhor sobre mim mesmo" [8].

A conclusão é esta: adorar a Deus não tem que ver com o adorador, mas com Deus. A adoração a Deus não objetiva fazer o adorador sentir-se melhor sobre si mesmo, mas a verdadeira adoração a um Deus Santo fará o adorador ver a si mesmo como ele realmente é diante da magnificente e incompreensível santidade de Deus. A verdadeira adoração não é acompanhada por música Rock que apela à carne. A verdadeira adoração envolve a submissão à verdade da Palavra de Deus. "O verdadeiro coração de adoração é o coração que se inclina diante de Deus e se submete à sua Palavra, nada mais, nada menos." [9].

A adoração no novo paradigma é completamente o oposto do que acaba de ser descrito. Ela envolve a música carnal, de influência carismática, de olhar para cima para Deus, e fazer o adorador sentir-se bem consigo mesmo. Aqueles que promovem a Religião Orientada Para Resultados acham que os perdidos não têm problemas com Deus — eles têm problemas com a igreja local. Eles querem deixar o serviço da igreja "sentindo-se melhor consigo mesmos, em vez de serem chamados para o auto-exame, o arrependimento sincero, e a fé em um Deus santo". [10] Portanto, o serviço precisa ser exatamente como descrito por Dan Lucarni — eles querem participar na adoração com Deus e elevar-se em uma pseudo-adoração carnal em vez de se humilhar na presença da santidade de Deus.

SENSÍVEL AOS QUE PROCURAM — De acordo com os "especialistas em crescimento de igrejas", a população dos EUA está se tornando cada vez mais espiritual. A nova espiritualidade não é a espiritualidade coerente com os ensinos da Palavra de Deus, mas é mais uma busca interior por felicidade, realização verdadeira e propósito na vida. Os mesmos especialistas também revelam que o homem perdido sem-igreja mediano demonstra interesse e amizade em relação a Deus, mas sente-se repelido pela igreja. [11] Esse indivíduo então está buscando um caminho para Deus, mas quer evitar a igreja tradicional. Ele acha que a igreja é irrelevante e fracassou em atender às necessidades de seus membros. Ele acha que a igreja não pode relacionar-se com ele onde vive e, portanto, não consegue se sentir à vontade em um serviço da igreja. A despeito de todas as inibições criadas pela igreja, ele ainda está buscando a Deus e a paz interior resultante que encontrar Deus trará à sua vida.

As conclusões naturais obtidas a partir desse dilema é uma condenação da igreja por aqueles que desejam um novo paradigma. Eles defendem a idéia que a falha não é do indivíduo que está buscando a Deus, e certamente não é do próprio Deus. Portanto, de acordo com os proponentes do novo paradigma, o velho modo de "fazer igreja" não serve para o homem moderno. O homem moderno está buscando realização e felicidade, mas aqueles que são rígidos no modo antigo de pensar estão, na realidade, condenando a cultura atual por meio de uma completa falta de identidade e empatia com o mundo desse homem moderno. Assim, há realmente a necessidade de um novo paradigma — um novo modo de pensar, e um novo modo de "fazer igreja" que seja sensível às necessidades daqueles que buscam a Deus. A igreja precisa se tornar "sensível aos que procuram", ou então esta geração atual será perdida.

Em muitos modos, a igreja têm realmente falhado. A igreja falhou em cumprir a Grande Comissão. A igreja falhou em viver uma vida separada ao ponto em que os perdidos não podem ver Jesus Cristo exemplificado nas ações diárias da igreja. A igreja falhou em não estabelecer um padrão elevado de piedade. A igreja tornou-se tão distraída e enamorada com o mundo que é muito difícil discernir a maioria dos cristãos de seus vizinhos incrédulos. Os membros da igreja estão tão ocupados com seu emprego, com a família e com as atividades de lazer que não têm mais tempo para o Senhor. Sim, a igreja precisa mudar, mas essa mudança está longe de se tornar "sensível aos que procuram". Os membros da igreja de Jesus Cristo precisam obedecer às Escrituras. Em particular, os membros da igreja precisam obedecer ao mandamento "... sede santos porque eu sou santo." Esse é o mandamento mais repetido em toda a Palavra de Deus, porém a maioria dos cristãos o ignora completamente. A santidade pessoal é exemplificada por uma vida correta e separada. Se esse é o caso, os cristãos não devem se tornar como o mundo para ganhar o mundo. A abordagem "sensível aos que procuram" exige que o buscador sinta-se confortável quando vier à igreja. Como a igreja garante que o buscador sinta-se confortável?

  1. A igreja não deve ter bancos no estilo tradicional, nem parecer ser muito formal.
  2. Os buscadores são incentivados a "virem como estão". Não há um código específico de traje apropriado e o uso de roupas casuais é incentivado.
  3. Os trajes da equipe ministerial e do pastor também devem ser casuais.
  4. O recinto deve incluir os recursos mais modernos em vídeo e áudio.
  5. Produções dramáticas com temas espirituais devem ser usadas para sutilmente transmitir uma mensagem religiosa ou de conteúdo moral.
  6. A pregação sobre o pecado, sobre mortificar o velho homem e sobre examinar a si mesmo realmente deixaria o buscador em desconforto. Portanto, os sermões devem ser voltados mais para as aplicações da vida, a redução do estresse, em atender às necessidades sentidas, os relacionamentos diários, a educação de filhos, a auto-estima, e outros assuntos baseados mais na psicologia moderna do que no "Assim diz o SENHOR".
  7. A música tocada no serviço deve imitar o estilo musical que o buscador ouve diariamente em sua estação de rádio preferida.
  8. A Bíblia na tradução de João Ferreira de Almeida, versão Corrigida e Fiel (Bíblia da Reforma, equivalente à King James Version, em inglês) não deve ser usada, mas uma das várias traduções modernas, que deixarão o buscador mais à vontade.
  9. O buscador precisa ver que a mensagem da igreja é relevante para sua vida diária.
  10. O buscador precisa ver que o cristianismo funciona e que lhe trará resultados imediatos.

A verdade da questão é que as respostas procuradas pelo buscador não são as respostas fornecidas na Palavra de Deus. Deus nunca promete ao crente (muito menos ao homem perdido) que ele viverá em perpétua felicidade. Sim, o crente recebe os frutos da alegria, mas a verdadeira alegria e felicidade humanas não são termos sinônimos. De uma perspectiva humana, a felicidade e realização que o buscador deseja tão fervorosamente podem não ter nenhuma conexão com Deus ou até com a realidade. Portanto, o único método pelo qual a igreja pode atender às necessidades percebidas do buscador é pela manipulação emocional e/ou pelo engano. Em outras palavras, a igreja precisa se conformar à cultura do buscador para tornar-se "sensível aos que procuram". A Palavra de Deus, porém, diz, ".. não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus." [Tiago 4:4] Essa advertência das Escrituras exige a abordagem exatamente oposta para o ministério e, quando uma igreja desafia os mandamentos das Escrituras, essa igreja está simplesmente brincando com o jogo de igreja.

DOUTRINA — A doutrina é um ensino fundamental na fé cristã. Sem doutrina, não existe o verdadeiro cristianismo. Os fundamentalistas acreditam que para ser salvo, o indivíduo precisa aderir sem reservas aos fundamentos da fé. Embora existam pequenas variações nesses pontos, os básicos são os seguintes:

Esses conceitos formam o núcleo da verdade bíblica, e um verdadeiro crente permanecerá firme nessas verdades. Aqui está o grande problema. Muitos (se não a maioria) dos buscadores sem-igreja não afirmam várias dessas crenças. Como resultado, as igrejas do novo paradigma minimizam o ensino da doutrina, pois a doutrina não somente divide, mas a pregação expositiva da doutrina pode deixar o buscador de felicidade e realização em um desconforto tão grande que ele nunca retornará novamente para assistir os serviços da igreja. Além disso, sob o modelo do novo paradigma, uma igreja não pode esperar crescer com base na premissa que oferece a verdade para aqueles que a procuram. A cultura moderna está convencida que toda a verdade é relativa e que as afirmações de verdade de todas as religiões são iguais. Se todas as afirmações de verdade são realmente iguais, a afirmação de exclusividade para a verdade é uma definitiva deterrência ao crescimento. Portanto, a visão doutrinária das igrejas do novo paradigma são editadas culturalmente para subordinar o ensino da doutrina às aplicações da vida, a atender às necessidades sentidas, os relacionamentos diários, a criação de filhos, a auto-estima e outros assuntos baseados mais na psicologia moderna do que em "Assim diz o SENHOR".

PECADO — Bill Hybels, pastor sênior da Igreja da Comunidade de Willow Creek define pecado como "uma estratégia falha para obter realização" [12] Essa definição é muito parecida com a da ocultista Jean Houston, que descreve o pecado como "um comportamento não habilidoso". Ambas essas definições ficam aquém do retrato do pecado na Palavra de Deus. De acordo com as Escrituras, pecado é aquilo que afasta o indivíduo injusto de um Deus que é santo. A Bíblia descreve o pecado como um crime contra Deus pelo qual o pecador será condenado ao tormento eterno nas chamas do Inferno. O retrato que a Bíblia faz do pecado é muito mais vívido que a versão simplificada e esponjosa de Bill Hybels e Jean Houston. Entretanto, a Palavra de Deus é verdadeira e toda tentativa de suavizar o pecado é um jogo que resultará em trágicas conseqüências.

EVANGELISMO — Os proponentes da Igreja do Novo Paradigma não estão totalmente errados quando dão uma alta prioridade à Grande Comissão. Como afirmado anteriormente, a igreja falhou na obediência a essa ordem do próprio Jesus Cristo. Entretanto, aqueles que estão envolvidos na Religião Orientada Para Resultados não compreendem os verdadeiros propósitos e missão da igreja. A missão da igreja é a edificação e capacitação dos santos, alcançar os perdidos para Cristo e, subseqüentemente, nutrir esses convertidos para que alcancem a maturidade espiritual. O terceiro ponto dessa afirmação de missão poderia ser resumido como "evangelismo". O centro da questão vem à luz quando se percebe que a Igreja do Novo Paradigma transforma toda a missão da igreja em evangelismo e subjuga a edificação e a capacitação ao ponto da virtual eliminação. O ingrediente que falta nessa fórmula é a distinção da missão da "igreja reunida" e a missão da igreja "dispersa". Depois da santificação, a missão principal da igreja dispersa é o evangelismo — levar outros a Cristo. Entretanto, o evangelismo deve receber uma baixa prioridade quando a igreja está reunida. A igreja NÃO está ali reunida para o propósito de evangelismo, mas para a edificação, capacitação e fortalecimento de seus membros. Isso torna a afirmação de Rick Warren de "uma igreja para os sem-igreja" um total oximoro. Qualquer organização para os sem-igreja não é uma igreja. Qualquer pastor que afirme liderar tal "igreja" está simplesmente brincando com o jogo da igreja.

ESTRATÉGIA DE MARKETING — De acordo com o pensamento do novo paradigma, um pastor local deve empregar os princípios de marketing das grandes empresas para alcançar seu bairro ou cidade para Cristo. Rick Warren, por exemplo, identificou os profissionais urbanos de colarinho branco jovens e financeiramente estáveis como seu mercado-alvo. A Igreja da Comunidade de Saddleback foi então construída com as necessidades desse segmento em particular em vista. A chave para a estratégia de marketing não é a população particular visada, mas, em vez disso, a identificação e desenvolvimento de uma estratégia para atender às necessidades sentidas daqueles que residem dentro dessa área demográfica. A conclusão é que "Se pudermos convencer as pessoas que Cristo morreu para atender às necessidades delas, elas se alinharão diante da porta da igreja para adquirir nosso produto." [13].

AGENTE DE TRANSFORMAÇÃO — Aqueles que estão familiarizados com a Educação Orientada Para Resultados estão igualmente familiarizados com o termo "agente de transformação". Esse termo foi empregado por John Dewey e seus camaradas em sua tentativa de avançar as teorias da Educação Progressiva, que eventualmente foram implementadas na Educação Orientada para Resultados. Nessa situação, o professor da Escola Pública deve atuar como um agente de mudança para transformar o processo de pensamento dos alunos das crenças de seus pais para as "novas realidades" com as quais são confrontados no mundo moderno. De um modo similar, o pastor Bill Hybels, da Igreja da Comunidade de Willow Creek, vê a si mesmo como um motivador e um "agente de transformação" [14]. A visão dele é como a de John Dewey. Ele precisa facilitar a mudança das antigas crenças para as novas crenças — de um modo antigo de pensar para um novo modo de pensar. O objetivo do agente de transformação é implementar uma mudança da mente sem que os indivíduos afetados percebam que uma mudança ocorreu.

NECESSIDADES SENTIDAS — (O oposto das necessidades espirituais) Aliviar a dor, oferecer felicidade, realização, auto-estima. [15].

RELEVÂNCIA CULTURAL — A Igreja de Jesus Cristo é definida e recebe suas instruções da Palavra escrita de Deus. A Bíblia é muito concisa em sua avaliação que a igreja deve se manter separada e não contaminada pelo mundo:

"Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre." [1 João 2:15-17].

"E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." [Romanos 12:2].

"A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo." [Tiago 1:27].

Essas e outras escrituras traçam uma linha distinta de demarcação entre o cristão e o mundo. É esse argumento que levanta bandeiras vermelhas ao avaliar as estratégias de marketing do movimento do novo paradigma. Na busca por relevância para alcançar o resultado do crescimento da igreja, a cultura do mundo começou a definir a igreja em lugar da Palavra de Deus.

O que então define a cultura moderna? Embora a cultura de hoje seja com toda a certeza multifacetada, existem aqueles que reportam que o mundo de hoje (e os EUA, em particular) é dirigido de uma "cosmovisão psicológica" [16]. Essa cosmovisão não apareceu magicamente do nada. Ela cresceu em existência ao longo dos últimos oitenta anos do século XX, concebida com a geração da Segunda Guerra Mundial. Diz-se que a geração da Segunda Guerra foi a "Grande Geração". Essa afirmação faz certo sentido, pois os rapazes e moças que atingiram a maturidade no início dos anos 40 presumivelmente viveram em um tempo de sublevação sem precedentes. As crianças que nasceram logo após a Primeira Guerra Mundial foram as crianças dos prósperos "Anos 20", em que houve uma grande ascensão social. Entretanto, muitos testemunharam em uma idade bem tenra seu mundo desabar nas profundezas da Grande Depressão dos Anos 30. Em seguida, como se isso não bastasse, foram obrigados a entregar suas próprias vidas no solo de um país estrangeiro ou nas praias de alguma ilha distante. A afirmação da Bíblia — "A tribulação produz a paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança" [Romanos 5:3-4] é certamente adequada a essa geração que experimentou uma grande dose de tribulação. Eles foram arrancados de uma vida de relativo conforto nos anos 20 para o "modo de sobrevivência" na Grande Depressão. A mudança de lado para o modo de sobrevivência nem sempre é completamente negativa, pois o modo de sobrevivência (como afirmado em um capítulo anterior) tende a fazer as pessoas reavaliarem suas prioridades. Essa reavaliação levou muitas dessas pessoas jovens a Jesus Cristo e, como resultado, o fundamentalismo bíblico tornou-se imbuído na fibra moral de uma geração. Foi essa fibra moral que tornou-se a base para as atitudes e valores para a década mais amada em toda a história americana — os anos 50.

Houve, entretanto, uma clara fraqueza na Geração da Segunda Guerra Mundial — a incapacidade de educar os filhos. Enquanto a Geração da Segunda Guerra estava alcançando o "Sonho Americano" de prosperidade material dos anos 50, seus filhos (chamados de Baby Boomers) estavam crescendo e se tornando a geração do Rock and Roll que se rebelaria abertamente contra a própria cultura que seus pais arriscaram a vida para preservar. Não que os pais dessa nova geração não tivessem suas culpas, pois não é necessário ter um diploma em astrofísica para ver em retrospecto as causas para a rebelião dos anos 60. A década dos protestos contra a guerra, dos levantes raciais, da revolução sexual, e da cultura das drogas podem ser pelo menos rastreadas aos pais que cresceram com poucos bens materiais durante a Grande Depressão e queriam que seus filhos tivessem mais — mais oportunidades, mais coisas, mais diversão. Assim, a geração dos Baby Boomers desenvolveu uma total obsessão pela autogratificação. À medida que essa geração teve seus próprios filhos, essa nova geração (chamada de Geração X) queria todos os benefícios materiais do Papai e da Mamãe — e queriam tudo imediatamente. O padrão agora está se repetindo com a geração mais nova — a Geração Y. Portanto, o materialismo dos Baby Boomers aumentou dramaticamente nas duas gerações sucessivas, e a paisagem cultural resultante consiste de três gerações cujas principais prioridades são o crescimento, a satisfação e a glorificação da pessoa que eles vêem no espelho. Assim, as três gerações que formam a sociedade do mundo ocidental hoje podem muito bem ser coletivamente rotuladas como as Gerações do EU. O que há para mim? Como posso me sentir melhor comigo mesmo? Tudo o que importa sou EU e ninguém mais.

Ao dizer que a cultura está preocupada com o EU, existem diversos aspectos de agradar o EU que precisam ser explorados. Um membro da geração do EU pode ser alcançado por meio dos seguintes métodos:

Os três primeiros aspectos podem ser tratados utilizando-se os instrumentos da psicologia moderna ou por meio da manipulação emocional. O aspecto do entretenimento e da satisfação é o mais fácil, porque existem muitos indivíduos talentosos que estão muito ansiosos para exibir seus talentos para qualquer público que esteja disposto a assistir. Adaptar o equilíbrio desses métodos nos serviços da igreja requer somente uma mudança na filosofia da verdadeira adoração para a gratificação da carne. Subitamente, Deus torna-se mais uma "fada madrinha dos contos infantis" que o Deus das Escrituras. [17] Como resultado, a igreja torna-se subitamente relevante para o indivíduo dessa geração do EU, mas será se essa igreja continua sendo uma verdadeira igreja? Evidentemente, tais questionamentos no novo paradigma de hoje são irrelevantes, pois o resultado já foi alcançado — o crescimento exponencial da igreja.

PSICOLOGIA CRISTÃ — John MacArthur diz que o termo "Psicologia Cristã" é um oximoro. [18]. Ele está absolutamente correto nessa avaliação. Não existe essa coisa de psicologia cristã. O que a Psicologia ensina está diametralmente em oposição aos ensinos das Escrituras. Esses princípios são como segue:

A despeito do fato de a comunidade evangélica ter sido na verdade tomada de assalto pela Psicologia, a igreja do novo paradigma usa a Psicologia como seu foco principal. Essa utilização é encontrada tanto no "aconselhamento cristão" e como base para os sermões no púlpito. Os perigos envolvidos nesses métodos tornam-se evidentes quando 1) A terapia é aceita como um aspecto necessário do ministério e 2) Os líderes da igreja começam a descrever as categorias psicológicas como princípios bíblicos. [20] Nesse ponto, os perigos ocultos do jogo de igreja são revelados. A nova geração reconhecerá os ensinos das Escrituras? Ou irão Freud, Jung e Rogers definir os padrões para a igreja do futuro?

MÚSICA CRISTÃ CONTEMPORÂNEA — Rick Warren é taxativo em dizer que a música na Igreja da Comunidade de Saddleback é o estilo de música que seus membros ouvem no rádio. Como resultado, o serviço da sua igreja assemelha-se mais a um programa de variedades de Hollywood do que a uma reunião de adoração a Deus. O pastor Warren não deve receber todo o crédito (ou, mais precisamente, toda a culpa) por essa tendência. O movimento da Música Cristã Contemporânea surgiu no fim dos anos 60 com o Movimento Jesus. (Foi a partir das raízes do Movimento Jesus que o pastor Bill Hybels, da Igreja da Comunidade de Willow Creek, cresceu.) Uma análise mais detalhada da música será feita em um capítulo posterior, mas para os propósitos da definição, alguns pontos básicos e avaliações são relacionados aqui:

O EVANGELHO — O evangelho de Jesus Cristo, conforme ensinado nas Escrituras, não é complicado. Ele é simplesmente as boas novas da morte, sepultamento e ressurreição de Jesus Cristo para realizar a redenção da humanidade. Em seu livro "This Little Church Went to Market", Gary Gilley explica que o evangelho na Palavra de Deus lida com:

O evangelho também reverencia a cruz, pois na cruz os crentes compreendem que:

Entretanto, sob o plano do novo paradigma, o evangelho foi redefinido:

Os efeitos da cruz também foram redefinidos. A visão da cruz sob o novo paradigma é como segue:

Em resumo, a verdade do evangelho está sendo erodida pelos jogos de igreja do novo paradigma e, assim, o impacto sobre o verdadeiro cristianismo é potencialmente catastrófico. Tudo isso nos leva a pensar se a pergunta de Jesus Cristo, "Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?", foi retórica, ou se com a passagem do tempo terá uma resposta óbvia.

Continua...

Dê um clique aqui para ler o Capítulo 9: Brincando de Igreja com o Jogo dos Números — Parte 2: Regras de 1 a 3 no Jogo da Igreja do Novo Paradigma

Notas Finais

  1. Warren, Rick, Uma Igreja Com Propósitos, Editora Vida, pág. 110 (no original).
  2. Ibidem, pág. 80 (no original).
  3. Ibidem pág. 65 (no original).
  4. 2 Timóteo 2:15.
  5. Warren, pág. 241 (no original).
  6. Ibidem, pág. 193 (no original).
  7. Lucarni, Dan., Why I Left the Contemporary Christian Music Movement, Evangelical Press, Auburn, MA., 2002, pág. 52.
  8. Ibidem.
  9. Ibidem.
  10. Pickering, Ernest., The Tragedy of Compromise, Bob Jones University Press, Greenville, SC, pág. 153.
  11. Gilley, Gary E., This Little Church Went to Market, Xulon Press, Fairfax, VA., 2002, pág. 86.
  12. Pritchard, G. A., Willow Creek Seeker Services, Baker Books, Grand Rapids, Michigan, 2001, pág. 177.
  13. Gilley, pág. 45.
  14. Pritchard, pág. 28.
  15. Gilley, pág. 49.
  16. McMahon, T. A. "To Whom Shall We Go?", boletim The Berean Call, Bend, OR, Abril, 2003, pág. 1.
  17. Gilley, pág. 86.
  18. MacArthur, John., "Our Sufficiency in Christ", Word Publishing, Dallas, TX, 1991, pág. 59.
  19. Gilley, pág. 63.
  20. Pritchard, pág. 229,274.
  21. Gilley, pág. 131.
  22. Ibidem, pág. 44.
  23. Ibidem, pág. 59.
  24. Ibidem, pág. 44.
  25. Ibidem, pág. 59.
Autor: Mac Dominick — The Cutting Edge Ministries, em http://www.cuttingedge.org
Data de publicação: 23/8/2003
Revisão: V. D. M. — Campo Grande / MS e http://www.TextoExato.com
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