O Sistema Financeiro Global — Parte 3: O Banco de Compensações Internacionais (BIS)

Fonte: The August Review, http://www.augustreview.com

Recursos úteis para sua maior compreensão

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Título do Livro 3

Quem controla as questões monetárias globais? O BIS! Sediado em Basiléia, na Suíça, o BIS é o banco central dos bancos centrais. Ele tem mais imunidade que um país soberano, não presta contas a ninguém, gerencia as questões monetárias globais e é um banco totalmente privado! O BIS controla o vasto sistema bancário global com a precisão de um relógio suíço. Este relatório oferece um resumo conciso da história, estrutura e atividades atuais do BIS e é uma leitura essencial para quem quer compreender o processo de globalização da economia.


Prefácio

Quando David Rockefeller e Zbigniew Brzenzinski criaram a Comissão Trilateral, em 1973, o intento era criar uma "Nova Ordem Econômica Internacional". Para esse fim, eles juntaram trezentos líderes empresariais, políticos e acadêmicos da América do Norte, do Japão e da Europa.

Poucas pessoas acreditaram em nós quando escrevemos sobre os planos malignos da Comissão Trilateral naquela época. Agora, olhamos para trás e vemos claramente que eles fizeram exatamente o que disseram que iriam fazer... o globalismo está sobre nós como um terremoto de magnitude 8.6 graus.

Comissão Trilateral: — Uma organização privada fundada em 1973 por David Rockefeller e Zbigniew Brzezinski. Existem cerca de 300 membros, que são vitalícios e provenientes da Europa, Japão e América do Norte. Esses membros elitistas consistem de diretores de grandes empresas, acadêmicos e políticos de alto escalão.

A questão é, "Como eles fizeram isso?" Tenha em mente que eles não tinham um mandato público de qualquer país no mundo. Eles não tinham a pura força política, especialmente nos países democráticos em que a população vota em eleições. Eles também não tinham poderes ditatoriais globais.

A pergunta então é, como eles conseguiram?

A resposta é o Banco de Compensações Internacionais (BIS, de seu acrônimo em inglês, Bank for International Settlements), que descreve a si mesmo como "o banco central para os bancos centrais", que controla o vasto sistema bancário global com a precisão de um relógio suíço.

Este relatório oferece um resumo conciso da história, estrutura e atividades atuais do BIS.

Introdução

O famoso especialista em moeda, o Dr. Franz Pick certa vez declarou: "O destino da moeda é, e sempre será, o destino de uma nação."

Com o advento da globalização desenfreada, esse conceito certamente pode ser aplicado a um contexto global: "O destino das moedas é, e sempre será, o destino do mundo."

Embora o BIS seja a operação bancária internacional mais antiga no mundo, ele é uma organização que não gosta de aparecer e que evita toda publicidade e notoriedade. Conseqüentemente, existe pouquíssima análise crítica escrita sobre essa importante organização financeira. Além disso, muito do que já foi escrito sobre está influenciado por sua própria literatura 'autolimpante'.

O BIS pode ser comparado a um avião bombardeiro furtivo. Ele voa rápido e em uma altitude elevada, não é detectado pelos radares, tem uma pequena tripulação e carrega uma carga enorme em bombas. Em contraste, porém, o bombardeiro responde a uma cadeia de comando e precisa ser abastecido por fontes externas. O BIS, como veremos, não presta contas a nenhuma autoridade pública e opera com total autonomia e auto-suficiência.

Fatos Que Levaram à Criação do BIS

Como veremos, o BIS foi fundado em 1930 durante um período muito atribulado na história. Algum conhecimento dessa história é crítico para compreender por que o BIS foi criado e para o benefício de quem.

Existem três personagens que exerceram um papel proeminente na fundação do BIS: Charles G. Dawes, Owen D. Young e Hjalmar Schacht, da Alemanha.

Charles G. Dawes foi diretor do Departamento do Orçamento dos EUA em 1921 e serviu na Comissão de Reparação dos Aliados, a partir de 1923. Sua obra posterior sobre "Estabilização da Economia da Alemanha", garantiu para ele o Prêmio Nobel, em 1925. Após ser eleito vice-presidente para o presidente Calvin Coolidge, de 1925-1929, e indicado embaixador na Inglaterra em 1931, ele retornou à sua carreira pessoal na área bancária em 1932 como presidente da junta de diretores do City National Bank and Trust, em Chicago, onde permaneceu até sua morte em 1951.

Owen D. Young foi um industrial americano. Ele fundou a RCA (Radio Corporation of America) em 1919 e foi seu presidente até 1933. Ele também serviu como presidente da General Electric de 1922 até 1939. Em 1932, Young buscou a indicação como candidato a presidente pelo Partido Democrata, mas perdeu para Franklin Delano Roosevelt.

Mais sobre Hjalmar Schacht posteriormente.

Após a Primeira Guerra Mundial e diante do iminente colapso da economia e da estrutura política alemãs, um plano foi necessário para resgatar e restaurar a Alemanha, o que também serviria para isolar outras economias na Europa de serem afetadas de forma adversa.

O Tratado de Versalhes, de 1919, que oficialmente encerrou a Primeira Guerra Mundial, impôs reparações de guerra muito severas sobre a Alemanha, que requeriam uma escala de pagamentos indenizatórios de 132 bilhões de marcos em ouro por ano. A maioria dos historiadores concorda que os distúrbios econômicos causados na Alemanha pelo Tratado de Versalhes eventualmente levaram à ascensão de Adolf Hitler ao poder.

Em 1924, os aliados indicaram um comitê de banqueiros internacionais, chefiado por Charles G. Dawes (e acompanhado pelo agente de J. P. Morgan, Owen Young), para desenvolver um plano para colocar os pagamentos das reparações de guerra em dia. O historiador Carrol Quigley observou que o Plano Dawes foi "em grande parte uma produção do J. P. Morgan" [1]. O plano propunha que $800 milhões em empréstimos externos fossem conseguidos para a Alemanha de modo a reconstruir sua economia.

Em 1924, Dawes era presidente do Comitê de Especialistas dos Aliados, daí o nome "Plano Dawes". Ele foi substituído como presidente por Owen Young, em 1929, com apoio direto do J. P. Morgan. O "Plano Young" colocou ainda mais rigidez no Plano Dawes, o que muitos viram como uma estratégia para subverter virtualmente todos os ativos alemães para garantirem uma enorme hipoteca mantida por banqueiros dos Estados Unidos.

Nem Dawes nem Young representavam qualquer coisa mais do que os interesses dos banqueiros. Afinal, os governos lutaram na Primeira Guerra Mundial usando dinheiro emprestado e disponibilizado pela comunidade bancária internacional. Os bancos tinham interesse que esses empréstimos fossem pagos!

Em 1924, o presidente do Reichsbank (o banco central alemão naquela época) era Hjalmar Schacht. Ele já tivera um papel proeminente na criação do Plano Dawes, junto com o industrial Fritz Thyssen e outros proeminentes banqueiros e industriais alemães.

O Plano Young foi tão odioso para os alemães que muitos atribuem a ele a pré-condição para a ascensão de Hitler ao poder. Fritz Thyssen, um dos mais importantes industriais nazistas declarou:

"Eu me voltei para o Partido Nacional Socialista somente depois que me convenci que a luta contra o Plano Young era essencial para conseguir evitar o total colapso da Alemanha." [2].

Alguns historiadores apressadamente atribuíram a Owen Young a autoria da idéia para a criação do Banco de Compensações Internacionais. Na verdade foi Hjalmar Schacht quem primeiro propôs a idéia, [3] que foi então levada adiante pelo mesmo grupo de banqueiros internacionais que apresentaram os Planos Dawes e Young.

Não é necessário saltar a conclusões sobre o objetivo desses banqueiros da elite, de modo que em vez disso, daremos lugar à compreensão do renomado historiador da Universidade Georgetown, Carrol Quigley:

"O poder do capitalismo financeiro tinha outro plano de longo alcance, nada menos que criar um sistema mundial de controle financeiro em mãos privadas capaz de dominar o sistema político de cada país e a economia do mundo como um todo. Esse sistema seria controlado de forma feudal pelos bancos centrais do mundo, agindo em concerto, por acordos secretos definidos em reuniões e conferências freqüentes. O ápice do sistema seria o Banco de Compensações Internacionais, sediado em Basiléia, na Suíça, um banco privado que pertence e é controlado pelos bancos centrais do mundo, que são eles mesmos corporações privadas. Cada banco central, nas mãos de homens como Montagu Norman, do Banco da Inglaterra, Benjamin Strong, do New York Federal Reserve Bank, Charles Rist, do Banco da França, e Hjalmar Schacht, do Reichsbank, procurou dominar seu governo por meio de sua capacidade de controlar os empréstimos ao Tesouro, manipular o comércio exterior, influenciar o nível de atividade econômica no país e influenciar políticos cooperativos com subseqüentes retribuições no mundo comercial." [4] [ênfase adicionada].

Portanto, aqui temos um breve esboço do que levou à fundação do BIS. Agora podemos examinar os aspectos essenciais de como o BIS foi realmente formado.

O Acordo de Haia de 1930

A formação do BIS foi combinada pelos seus bancos centrais constituintes no assim-chamado Acordo de Haia, em 20 de janeiro de 1930, e entrou em operação logo em seguida. De acordo com o Acordo:

"Os representantes devidamente autorizados dos governos da Alemanha, Bélgica, França, do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda no Norte, da Itália e do Japão de um lado; e o representantes devidamente autorizados do governo da Confederação Suíça de outro lado, reunidos na Conferência de Haia no mês de janeiro de 1930, concordaram com o seguinte:

Artigo 1: A Suíça se compromete a conceder ao Banco de Compensações Internacionais, sem demora, a seguinte Carta de Constituição, tendo força de lei: não ab-rogar esta Carta, não emendá-la ou fazer acréscimos a ela, e não sancionar emendas aos estatutos do Banco referidos no parágrafo 4 da Carta, a não ser que de acordo com os outros governos signatários. [5].

Como veremos, os pagamentos pelas reparações de guerra pela Alemanha, ou a falta desses pagamentos, tiveram pouco que ver com a fundação do BIS, embora esta seja a tênue explicação dada desde sua fundação. Logicamente, a Alemanha fazia um único pagamento ao BIS, que por sua vez depositava os fundos nas respectivas contas dos bancos centrais das nações que deveriam receber os pagamentos. (Seria o assunto de outro trabalho mostrar a superficialidade dessa operação: Dinheiro e ouro eram movimentados de um lado para outro, mas a quantia líquida que a Alemanha realmente pagava era muito pequena.)

Entretanto, os documentos originais de fundação do BIS têm pouco a dizer sobre a Alemanha e podemos olhar diretamente para o próprio BIS para vermos seu propósito original:

"Os objetivos do banco são: promover a cooperação dos bancos centrais e fornecer facilidades adicionais para as operações internacionais; atuar como curador ou agente para as compensações financeiras internacionais confiadas a ele nos acordos com as partes envolvidas." [6]

Virtualmente todas as referências impressas sobre o BIS, incluindo seus próprios documentos, consistentemente referem-se a ele como "o banco central dos bancos centrais".

Portanto, o BIS foi criado por uma Carta Patente Internacional e está sediado em Basiléia, na Suíça.

Quem São os Donos do BIS?

De acordo com James C. Baker, um autor pró-BIS de The Bank of International Settlements: Evolution and Evaluation (O Banco de Compensações Internacionais: Evolução e Avaliação), "o BIS foi formado com fundos fornecidos pelos bancos centrais de seis países: Bélgica, França, Alemanha, Itália, Japão e Grã-Bretanha. Adicionalmente, três bancos internacionais privados dos Estados Unidos também ajudaram no financiamento da formação do BIS." [7].

O banco central de cada país subscreveu a 16.000 ações. O Banco Central dos EUA, chamado de Federal Reserve, não participou da formação do BIS, porém os três bancos americanos que participaram tiveram 16.000 ações cada. Assim, a representação americana no BIS era três vezes maior do que a de qualquer outro país. Quais foram esses bancos privados? Sem qualquer surpresa, foram o J . P. Morgan & Company, o First National Bank of New York e o First National Bank of Chicago.

Em 8 de janeiro de 2001, uma Assembléia Geral Extraordinária do BIS aprovou uma proposta que restringia a posse das ações do BIS somente aos bancos centrais. Cerca de 13.7% de todas as ações estavam em mãos privadas naquela época e a recompra foi efetuada com um desembolso de dinheiro no valor de US$ 724.956.050. O preço de $10 mil por ação foi mais do que o dobro do valor contábil de $4.850.

Não se sabe com certeza o que foi obtido com essa recompra. O BIS afirmou que ela foi feita para corrigir um conflito de interesses entre os acionistas privados e os objetivos do BIS, mas não ofereceu detalhes específicos. Todavia, não era uma questão de votação, porque as ações dos acionistas privados eram sem direito a voto. [8].

Soberania e Segredo

Não é surpreendente que o BIS, seus escritórios, funcionários, diretores e membros compartilhem uma incrível imunidade contra virtualmente qualquer regulação, investigação e prestação de contas.

Em 1931, os banqueiros centrais e seus clientes estavam fartos das interferências dos governos nas questões financeiras globais. Em geral, os políticos eram vistos com desprezo, a não ser que membros da comunidade financeira fossem os políticos. Assim, o BIS ofereceu-lhes uma oportunidade para, de uma vez por todas, criar o "ápice" do jeito que eles realmente queriam — privado. Eles exigiram estas condições e obtiveram o que queriam:

Um rápido resumo da imunidade deles, explicada a seguir, inclui:

Além disso, os membros da diretoria do BIS (por exemplo, Alan Greenspan) recebem individualmente benefícios especiais:

Finalmente, todos os demais altos representantes e funcionários do BIS têm as seguintes imunidades:

Logicamente, uma Carta de Direitos para os funcionários de uma empresa pode dizer o que quiser, mas mesmo assim estará sujeita às autoridades externas. Todavia, essas foram as imunidades praticadas e desfrutadas de 1930 em diante. Em 10 de fevereiro de 1987, um reconhecimento mais formal, chamado de "Acordos da Sede", foi celebrado entre o BIS e o Conselho Federal Suíço e basicamente clarificou e reiterou aquilo que já era conhecido:

Artigo 2

Inviolabilidade

  • Os edifícios ou partes dos edifícios e terrenos circunvizinhos que sejam usados para os propósitos do Banco, independente de quem sejam seus proprietários, serão invioláveis. Nenhum agente das autoridades públicas suíças poderá entrar neles sem o expresso consentimento do Banco. Somente o presidente, o gerente-geral do Banco, ou seus representantes devidamente autorizados serão competentes para abrir mão dessa inviolabilidade.

  • Os arquivos do Banco e, em geral, todos os documentos e quaisquer dados de mídia que pertencem ao Banco ou que estejam em sua posse, serão invioláveis em todo o tempo e em todos os locais.

  • O Banco exercerá supervisão e poder de polícia dentro de suas próprias instalações.

Artigo 4

Imunidade de Jurisdição e Execução

  • O banco gozará de imunidade da jurisdição criminal e administrativa, exceto no nível em que essa imunidade seja suspensa em casos individuais pelo presidente, pelo gerente-geral do Banco, ou seus representantes devidamente autorizados.

  • O patrimônio do Banco poderá estar sujeito às medidas de execução judicial para o cumprimento de reivindicações monetárias. Por outro lado, todos os depósitos confiados ao Banco, todas as reivindicações contra o Banco e as ações emitidas pelo Banco estarão, sem a prévia concordância do Banco, isentas de confisco ou de outras medidas de execução judicial e interdição, particularmente aquelas associadas com a interpretação das leis suíças. [12]

Como você pode ver, o BIS, seus diretores e funcionários (do passado e do presente) podem fazer virtualmente qualquer coisa que quiserem, em total sigilo, imunidade e sem que ninguém possa investigá-los. É verdadeiramente tudo o que os banqueiros sempre sonharam, e isso tudo pavimentou a estrada internacional para o globalismo financeiro desmedido que vemos manifesto atualmente.

Operações do Dia-a-Dia

Atuando como um banco central, o BIS tem poderes abrangentes para fazer qualquer coisa para si mesmo, ou em favor de seus membros (os bancos centrais). É como uma procuração em duas vias — qualquer parte pode atuar como agente para a outra parte.

O Artigo 21 dos estatutos originais do BIS definem as operações do dia-a-dia:

  1. Comprar e vender moedas ou lingotes de ouro para si mesmo ou para os bancos centrais;

  2. Manter ouro para si mesmo em reserva nos bancos centrais;

  3. Aceitar a supervisão do ouro para os bancos centrais

  4. Fazer adiantamentos ou tomar empréstimos dos bancos centrais, recebendo ou dando em troca ouro, cartas de câmbio, e outras obrigações de curto prazo de liquidez preferencial ou outras cautelas aceitáveis.

  5. Descontar, redescontar, comprar e vender com e sem seu endosso, cartas de câmbio, cheques e outras obrigações de curto prazo de liquidez preferencial;

  6. Comprar e vender cautelas negociáveis além de ações para si mesmo ou para os bancos centrais.

  7. Descontar para os bancos centrais títulos tirados de suas carteiras e redescontar com títulos dos bancos centrais tirados de sua própria carteira.

  8. Abrir e manter contas correntes ou de depósito com os bancos centrais;

  9. Aceitar depósitos dos bancos centrais em contas correntes ou de depósito;

  10. Aceitar depósitos em conexão com os acordos de administração que possam ser realizados entre o BIS e os governos em conexão com compensações internacionais;

  11. Aceitar outros depósitos que, conforme a opinião da diretoria do BIS, estejam dentro da abrangência das funções do Banco. [13]

O BIS também poderá:

  1. Atuar como agente ou correspondente para qualquer banco central;

  2. Fazer acordos com qualquer banco central para que este atue como seu agente ou correspondente;

  3. Entrar em acordos para atuar como curador ou agente em conexão com as compensações internacionais, desde que esses acordos não se interponham nas obrigações do BIS com relação a terceiros. [14]

Por que atuar como "agente" é uma questão importante? Por que qualquer membro da rede pode obscurecer as transações para que elas não possam ser acompanhadas pelos observadores. Por exemplo, se o Brown Brothers, Harriman quisesse transferir dinheiro para uma companhia na Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial (o que não seria 'politicamente correto' naquele tempo), eles primeiro transfeririam os fundos para o BIS, colocando assim a transação sob o manto do segredo e imunidade desfrutados pelo BIS mas não pelo Brown Brothers, Harriman. (Essa lavagem de dinheiro do mercado financeiro de Wall Street foi tratada meticulosamente no livro Wall Street and The Rise of Hitler, de Anthony Sutton.)

Existem algumas poucas coisas que o BIS não pode fazer. Por exemplo, ele não pode aceitar depósitos ou oferecer serviços financeiros para pessoas físicas ou para entidades empresariais. Também não lhe é permitido fazer adiantamentos para os governos ou para as contas correntes abertas em nome deles. [15] Essas restrições podem ser compreendidas facilmente quando se considera que cada banco central tem a franquia exclusiva de emprestar dinheiro ao seu respectivo governo. Por exemplo, a Federal Reserve dos EUA não empresta dinheiro para o governo do Canadá. Similarmente, os bancos centrais não emprestam dinheiro diretamente para clientes pessoa física ou jurídica de seus bancos-membro.

Como as Decisões São Tomadas

A diretoria consiste dos presidentes de alguns bancos centrais membro. Os diretores atuais são:

Destes, cinco membros (Canadá, Japão, Holanda, Suécia e Suíça) são atualmente eleitos pelos acionistas. A maioria dos diretores são "ex officio", o que significa que são permanentes e fazem parte automaticamente de qualquer sub-comitê.

A junta de diretores combinados reúne-se pelo menos seis vezes por ano, em segredo, e recebe um resumo por parte da gerência do BIS sobre as operações financeiras do Banco. A política monetária global é discutida e definida nessas reuniões.

Em 1983 foi reportado que existe um clube interno de meia dúzia de banqueiros centrais que estão mais ou menos no mesmo barco monetário: Alemanha, EUA, Suíça, Itália, Japão e Inglaterra. [17] A existência de um clube mais interno não é surpreendente nem relevante, uma vez que todas as operações do BIS são 100% secretas. É improvável que os membros do clube mais interno tenham crenças ou planos significativamente diferentes das do BIS como um todo.

Como o BIS Trabalha com o FMI e o Banco Mundial

A interoperação entre as três entidades é compreensivelmente confusa para a maioria das pessoas, de modo que uma clarificação será útil.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) interage com os governos enquanto que o BIS interage somente com outros bancos centrais. O FMI empresta dinheiro para os governos nacionais e freqüentemente esses países estão enfrentando alguma crise fiscal ou monetária. Além disso, o FMI arrecada dinheiro recebendo contribuições das cotas de seus 185 países-membro. Embora os países-membro possam tomar dinheiro emprestado para fazer suas contribuições, elas são, na verdade, dinheiro dos impostos pagos pelos contribuintes. [18].

O Banco Mundial também empresta dinheiro para os governos e tem 185 países-membro. Dentro do Banco Mundial existem duas entidades separadas — o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e a Associação Internacional para o Desenvolvimento (IDA, do acrônimo em inglês). O BIRD enfoca os países de renda média e países merecedores de receber créditos, enquanto a IDA enfoca os países mais pobres do mundo. O Banco Mundial é auto-suficiente para as operações internas, emprestando dinheiro por empréstimo direto dos bancos e pelas emissões de títulos flutuantes, e então emprestando esse dinheiro por meio do BIRD e da IDA para os países em dificuldades. [19].

O BIS, como o banco central para os outros bancos centrais, facilita o movimento do dinheiro. Ele é bem-conhecido por fazer "empréstimos-ponte" para os bancos centrais dos países em que o dinheiro do FMI ou do Banco Mundial foi prometido, mas ainda não liberado. Esses empréstimos-ponte então são devolvidos pelos respectivos governos quando ocorre a liberação dos fundos que foram prometidos pelo FMI ou pelo Banco Mundial. [20].

O FMI é o ás do BIS quando ocorre uma crise monetária. Em 1998, a crise com a moeda brasileira foi causada pela incapacidade do país de pagar os juros acumulados excessivos sobre os empréstimos feitos por um período prolongado de tempo. Esses empréstimos foram feitos por bancos como Citigroup, J. P. Morgan, Chase e FleetBoston e eles poderiam sofrer a perda de uma imensa quantidade de dinheiro.

O FMI, o Banco Mundial e os EUA socorreram o Brasil com um pacote de 41,5 bilhões de dólares, o que salvou o Brasil, sua moeda e, incidentalmente, alguns bancos privados.

O congressista Bernard Sanders (I-VT), membro do Subcomitê de Política Monetária e Comércio Internacionais, alertou sobre essa operação de lavagem de dinheiro. Vale a pena ler toda a declaração de Sanders para a imprensa:

Socorro do FMI ao Brasil é Mamata Para os Bancos, Mas Desastre Para os Contribuintes Americanos

Burlington, Vermont — 15 de agosto — O congressista Bernard Sanders (I-VT), um membro influente do Subcomitê de Comércio e Política Monetária Internacionais, propôs hoje uma investigação imediata do Congresso sobre o recente socorro de 30 bilhões de dólares do Fundo Monetário Internacional (FMI) ao Brasil.

Sanders, que se opôs vigorosamente ao socorro financeiro e o considera uma forma de fornecer facilidades às empresas, quer que o Congresso descubra por que os contribuintes norte-americanos estão sendo solicitados a fornecer bilhões de dólares ao Brasil e quanto desse dinheiro será canalizado para os bancos americanos, como o Citigroup, FleetBoston e J. P. Morgan Chase. Esses bancos têm aproximadamente 25.6 bilhões em grandes empréstimos a tomadores brasileiros. Os contribuintes americanos financiam o FMI por meio de uma linha de crédito de 37 bilhões de dólares.

Sanders disse: "Em uma época quando temos um déficit nacional de 6 trilhões, um déficit federal crescente e um número cada vez maior de necessidades sociais não-atendidas para nossos ex-combatentes, idosos e crianças, é inaceitável que bilhões de dólares de dinheiro do contribuinte sejam gastos para o FMI socorrer o Brasil."

"Esse dinheiro não irá ajudar de forma significativa os pobres naquele país. Os verdadeiros beneficiários nesta situação são os grandes e lucrativos bancos americanos, como o Citigroup, que ganharam bilhões de dólares em investimentos arriscados no Brasil e agora querem ter certeza que seus investimentos serão recuperados. Esse socorro representa uma flagrante forma de criação de facilidades para as empresas que precisa terminar. Interessantemente, esses bancos fizeram contribuições substanciais para a campanha de ambos os partidos políticos, o congressista acrescentou.

Sanders observou que as políticas neoliberais do FMI desenvolvidas nos anos 1980, empurrando os países em direção ao livre comércio sem restrições, à privatização e ao corte abrupto das redes de segurança social foi um desastre para a América Latina e contribuiu para o crescimento da pobreza em todo o mundo. Ao mesmo tempo em que certos países da América Latina, como o Brasil e a Argentina seguiram essas políticas neoliberais impostas pelo FMI, de 1980 a 2000, a renda per capita na América Latina cresceu a somente um décimo da taxa das duas décadas anteriores.

Sanders continuou: "As políticas do FMI nos últimos vinte anos defendendo o livre comércio sem restrições, a privatização, desregulamentação e o corte súbito dos investimentos dos governos em saúde, educação e previdência social foram um fracasso total para as famílias de baixa renda e da classe média no mundo em desenvolvimento e nos Estados Unidos. Claramente, essas políticas somente ajudaram as grandes empresas em sua busca constante por mão de obra mais barata e regulamentações ambientais mais frouxas. O Congresso precisa trabalhar em uma nova política que proteja os trabalhadores, aumente os padrões de vida e melhore o meio ambiente." [Ênfase acrescentada].

Pode-se inferir que uma crise financeira aparece quando o Banco Mundial ajuda os países a se endividarem e depois, quando os países não conseguem pagar os enormes empréstimos, o FMI os socorre usando o dinheiro dos impostos pagos pelos contribuintes de todo o mundo — e no meio de todos fica o BIS, coletando as tarifas e comissões à medida que o dinheiro é transferido para lá e para cá, como as ondas no oceano, ao mesmo tempo em que garante para todos que a situação está sob controle.

O BIS Abandona o Franco Suíço Lastreado em Ouro e Adota SDRs

Em 10 de março de 2003, o BIS abandonou o franco suíço lastreado em ouro como unidade contábil do banco desde 1930 e o substituiu pelo SDR.

SDR significa Special Drawing Rights, ou Direitos Especiais de Saque, e é uma unidade de moeda originalmente criada pelo FMI. De acordo com o autor Baker:

"O SDR é um ativo de reservas internacionais, criado pelo FMI em 1969 para suplementar as reservas oficiais existentes dos países-membro. Os SDRs são alocados aos países-membro de forma proporcional às suas cotas no Fundo. O SDR também serve como a unidade contábil do FMI e de algumas outras organizações internacionais. O valor do SDR está baseado em uma cesta das principais moedas internacionais. [21].

Essa 'cesta' de moedas atualmente consiste do euro, iene, libra esterlina e dólar americano.

O abandono do franco suíço lastreado em ouro de 1930 removeu todas as restrições para a criação de dinheiro de papel no mundo. Em outras palavras, o ouro não lastreia mais nenhuma moeda nacional, deixando os bancos centrais com um campo totalmente aberto para criarem dinheiro conforme acharem apropriado. Lembre-se que quase todos os bancos centrais no mundo são entidades privadas, com uma franquia exclusiva de fazerem empréstimos para seus respectivos países.

Moedas Regionais e Globais: SDRs, Euros e Ameros

Não há dúvida que o BIS está movendo o mundo em direção às moedas regionais e, por fim, a uma moeda única. A moeda global bem poderá ser uma evolução do SDR, e pode explicar por que o BIS recentemente adotou o SDR como sua principal moeda de reserva.

O livro Brant Equation: 21st Century Blueprint for the New Global Economy (A Equação de Brandt: Modelo do Século 21 Para a Nova Economia Global), observa, por exemplo, que:

"Como o SDR é o único modo no mundo de cumprir os pagamentos internacionais que está sendo autorizado pelos contratos internacionais, o SDR representa, portanto, um claro passo inicial para uma moeda internacional permanente e estável." [22; ênfase adicionada].

No que se refere às moedas regionais, o BIS já foi tremendamente bem-sucedido ao lançar o euro na Europa. Armado com os conhecimentos e a experiência técnica e social adquiridos, o próximo passo lógico do BIS será enfocar a América e a Ásia.

Por exemplo, de acordo com o BIS Papers No. 17, "Áreas de moeda regional e o uso de moedas estrangeiras":

"O Canadá, México e os Estados Unidos são membros do grupo comercial NAFTA. Dada a alta proporção de comércio do Canadá e do México com os Estados Unidos, um dólar do NAFTA, ou "Amero" foi proposto por alguns acadêmicos canadenses, como Grubel (1999). Veja também Beine and Coulombe (2002) e Robson and Laidler (2002)" [23].

Assumindo que o NAFTA (Área de Livre Comércio da América do Norte) permanentemente identifica o Canadá, os EUA e o México como um bloco comercial, então a América do Norte se parecerá com a União Européia e o amero funcionará como o euro. Todo o trabalho colocado no SDR seria perfeitamente preservado pela simples substituição do dólar americano pelo amero quando eles decidirem fazer o amero ascender sobre o dólar.

Para os leitores que ainda não entenderam o significado da adoção do euro pelos países da União Européia, considere como um globalista americano o descreve. C. Fred Bergsten é um membro proeminente e do núcleo da Comissão Trilateral e presidente do Instituto de Economia Internacional. Em 3 de janeiro de 1999, ele escreveu no Washington Post:

"A adoção de uma moeda comum é, de longe, o capítulo mais audacioso da integração européia. Tradicionalmente, a moeda sempre foi um elemento integrante da soberania nacional... e a decisão por parte da Alemanha e da França de abrirem mão do marco e do franco... representa a entrega voluntária mais dramática da soberania na história escrita. O Banco Central Europeu, que administrará o euro, é uma instituição verdadeiramente supranacional." [24; ênfase adicionada].

Bergsten terá de refazer essa frase quando os EUA abrirem mão do dólar em troca do amero — esta é que será a entrega voluntária mais dramática da soberania nacional na história escrita!

Conclusão

Nosso lema é: "Siga o dinheiro, siga o poder." Este relatório tratou de seguir o dinheiro. Descobrimos que:

Quanto a "seguir o poder", outro trabalho de pesquisa explorará mais completamente a influência do poder que o BIS exerce sobre os outros bancos, países e governos. Enquanto isso, para sua própria consideração, Provérbios 22:7 fornece uma bússola bem útil: "O rico domina sobre os pobres e o que toma emprestado é servo do que empresta."

Notas de Rodapé

  1. Quigley, Tragedy and Hope, (MacMillan, 1966), pág. 308.
  2. Edgar B Nixon, ec., "Franklin D. Roosevelt and Foreign Affairs", Volume III (Cambridge: Balknap Press, 1969) pág. 456.
  3. Sutton, Wall Street and the Rise of Hitler, (GSC & Associates, 2002) pág. 26.
  4. Quigley, op cit, pág. 324.
  5. Sítio do BIS na Internet, "Extracts from the Hague Convention", http://www.bis.org/about/conv-ex.htm.
  6. BIS, "Statutes of the Bank for International Settlements Article 3" [de janeiro de 1930, texto conforme emendado em 10 de março de 2003] (Basiléia, agosto de 2003), págs. 7-8.
  7. Baker, The Bank for International Settlements: Evolution and Evaluation, (Quorum, 2002), pág. 20.
  8. Ibidem, pág. 16.
  9. BIS, "Protocol Regarding the Immunities of the Bank for International Settlements", Basic Texts, (Basiléia, agosto de 2003), pág. 33.
  10. Ibidem, artigo 12, pág. 43.
  11. Ibidem, pág. 44.
  12. BIS, "Extracts from the Headquarters Agreement", http://www.bis.org/about/hq-ex.htm.
  13. Baker, op cit, págs. 26-27.
  14. Ibidem, pág. 27.
  15. BIS, "The BIS in profile", panfleto do Banco de Compensações Internacionais, junho de 2005
  16. BIS, Junta de Diretores, http://www.bis.org/about/board.htm.
  17. Epstein, "Ruling the World of Money", Harper's Magazine, 1983
  18. Sítio do FMI na Internet: http://www.imf.org.
  19. Sítio do Banco Mundial na Internet: http://www.WorldBank.org
  20. Baker, op cit, pág. 141-142.
  21. Sítio do FMI na Internet: http://www.imf.org/external/np/exr/facts/sdr.htm.
  22. The Brandt Equation: 21 st Century Blueprint for the New Global Economy. The Brandt Proposals – A Report Card: Money and Finances. Veja http://www.brandt21forum.info/1ckMoney.htm.
  23. BIS, "Regional currency areas and the use of foreign currencies", BIS Papers No. 17, setembro de 2003.
  24. Washington Post, The Euro Could Be Good for Trans-Atlantic Relations, C. Fred Bergsten, 3 de janeiro de 1999.

Livros Recomendados:

  1. Carroll Quigley, Tragedy and Hope, (MacMillan, 1966)
  2. Anthony Sutton, Wall Street and the Rise of Hitler, (GSC & Associates, 2002)
  3. James C. Baker, The Bank for International Settlements: Evolution and Evaluation (Quorum, 2002)


Autor: Patrick M. Wood (The August Review), em http://www.augustreview.com/
Data da publicação: 9/12/2007
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