Parte 1

Não Podemos Todos Compartilhar uma Mesma Religião?

Forcing Change, Volume 6, Edição 3.

Nota: Berit Kjos é uma amiga de longa data e aprecio o que ela tem feito para alertar a comunidade cristã com relação às transformações sociais, políticas e religiosas que estão ocorrendo. Incentivo os leitores a conferirem os livros que ela já escreveu, especialmente Brave New Schools e A Twist of Faith.

"A nova geração... tem um senso de solidariedade mais profundo como pessoas do planeta que qualquer geração anterior... Nisto reside nossa esperança para nossa vizinhança global." [1] Comissão Sobre Governança Global.

"O bem-estar social depende da solidariedade intelectual e moral da humanidade." [2]. Federico Mayor, então diretor-geral da UNESCO.

"Mude todo seu modo de pensar, pois a nova ordem do espírito está confrontando e desafiando você... O único modo de alcançarmos a solidariedade humana ao lidarmos com essa nova ordem é tendo um modo totalmente novo de pensar." [3].

"Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós, tendo uma boa consciência, para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, fiquem confundidos os que blasfemam do vosso bom porte em Cristo." [1 Pedro 3:15-16].

O título era "Religião para Todos!" A mensagem nesse estranho artigo, publicado na edição de 18 de fevereiro de 2012 do Wall Street Journal se encaixa perfeitamente bem com a visão da ONU para a solidariedade global. O autor, Alain de Botton, apresentou um plano radical para unidade social que atende às exigências da agenda global. Misturando práticas úteis das tradições religiosas de todo o mundo, o plano moldaria nossas mentes, transformaria as comunidades e estabeleceria novas regras e rituais para todos. Não haveria espaço para o Cristianismo bíblico.

Em 1996, durante duas semanas, observei a formação dessa agenda. Ao participar da Conferência das Nações Unidas Sobre Assentamentos Humanos (Habitat II), na Turquia como uma repórter amadora, mas oficialmente registrada, passei um dia inteiro explorando os enormes armazéns nas próximidades das docas de Istambul. Cada armazém mostrava modelos de cidades planejadas. Não pude ver igrejas, mas cada modelo de cidade tinha um grande local central de reuniões para comunhão e iluminação coletiva.

[Nota do Editor: Posso relatar uma experiência similar. Em 2006, participei do Foro Urbano Mundial das Nações Unidas, e durante um grupo de trabalho sobre "espiritualidade na cidade", foi determinado que as cidades deveriam usar as leis de zoneamento para expulsar para longe os centros de adoração religiosa exclusiva — como as igrejas cristãs. Ao mesmo tempo, os políticos deveriam incentivar o desenvolvimento de locais de adoração interfé aceitáveis em substituição. Veja Forcing Change, Volume 1, Edição 1 — "There Is More Than a City: Changing Loyalties, Shifting Values, Embracing Global Governance".]

Considere as seguintes citações extraídas do artigo referido anteriormente, "Religião para Todos", em seguida, compare-as com a agenda da ONU. [Nota: A ênfase em negrito foi adicionada.]:

"Uma das perdas que a sociedade moderna mais sente é a perda de um sentido de comunidade. Tendemos a imaginar que existia antigamente um nível de proximidade que foi substituído pelo cruel anonimato..."

"Ao tentar compreender o que erodiu nosso senso de comunidade, os historiadores atribuem um importante papel à privatização da crença religiosa que ocorreu na Europa e nos EUA no século 19. Eles sugeriram que começamos a desconsiderar os vizinhos ao nosso redor, ao mesmo tempo que deixamos de honrar nossos deuses como uma comunidade."

"... pode a sociedade secular algum dia recuperar aquele espírito sem retornar aos princípios teológicos que estavam interligados com ele? Acredito que seja possível recuperar nosso senso de comunidade... sem ter de construir sobre um alicerce religioso..."

"Ele deve inspirar os visitantes a suspenderem seu costumeiro e amedrontado egoísmo em favor de uma alegre imersão em um espírito coletivo — um cenário improvável na maioria dos assim chamados 'centros comunitários' modernos..."

"Patrocinar um senso de intimidade comunitária e garantir que vínculos pessoais profundos e dignificados possam ser formados, uma agenda rígida de atividades pode ser mais efetiva do que simplesmente deixar um grupo se unir sem direção e por sua própria conta..."

"Em um mundo sitiado por fundamentalistas, tanto da variedade secular quanto religiosa, precisa ser possível balancear uma rejeição da fé religiosa com uma reverência seletiva para rituais e conceitos religiosos..."

"... as comunidades religiosas... usam tipos específicos de alimento e bebida para representar conceitos abstratos, dizendo aos cristãos, por exemplo, que o pão representa o corpo sagrado de Cristo.... e ensinando aos zen-budistas que suas xícaras com chá em lenta infusão são símbolos da natureza transitória da felicidade em um mundo flutuante..."

"Tomando seus assentos em um Restaurante Ágape, os convidados encontrariam diante de si livros de orientações... Ninguém seria deixado sozinho para encontrar seu caminho para uma conversa interessante com outra pessoa... O Livro do Ágape instruiria os convidados a conversarem uns com os outros por períodos pré-determinados de tempo e a respeto de tópicos também pré-determinados..." [4].

Um Olhar Mais Atento Sobre a Conferência da ONU Sobre Assentamentos Humanos, de 1996

Minha programação de duas semanas incluía um "Diálogo" de um dia inteiro sobre o significado de "Solidariedade", no elegante Palácio Ciragan, de Istambul. A lista dos 21 membros do painel incluía as seguintes personalidades globais:

Junto com outros dignatários globalistas, eles explorariam o fator que esteve ausente na antiga versão soviética do materialismo dialético: uma base espiritual para uma ética global evolutiva para a planejada comunidade. [Veja a Nota Final 3.]

"Falar de solidariedade é falar das coisas do espírito", iniciou o secretário-geral de Hábitat, Wally N’Dow. "Todos nós estamos bem cientes que o futuro de nossos assentamentos humanos... não é apenas uma questão de tijolos e cimento, mas é igualmente uma questão de atitudes e de determinação para trabalhar pelo bem comum... Essa dimensão espiritual é o único ingrediente que pode manter as sociedades unidas." [5].

N'Dow tinha escolhido um moderador americano, o que acrescentaria credibilidade à discussão: Robert McNeil (da equipe de notícias McNeil-Lehrer), "um dos gurus, ou luzes espirituais da indústria da mídia hoje." [Veja a Nota Final 5]. Momentos mais tarde, McNeil apresentou o painel de dignatários para moldar a nova visão de unidade.

"O que é necessário é um centro interfé em cada cidade do globo", disse James Morton, ex-deão da Catedral Episcopal de São João Divino, em Nova York. "Os novos centros interfé honrarão os rituais de todas... as tradições de fé: Islão, Hinduísmo, Jainismo, Cristianismo... e fornecerão oportunidades para a expressão sagrada necessária para vincular os povos do planeta em uma solidariedade viável, significativa e sustentável." [Veja a Nota Final 5].

A versão de Dean Morton de "Cristianismo" é, na verdade, uma distorção universalizada da verdade que combina com a nova união religiosa. Qualquer coisa inferior seria rejeitado como extremismo fundamentalista. Como outros líderes emergentes no movimento neocristão, ele redefiniu as Escrituras para "provar" sua mensagem:

"Quando Jesus lançou Seu ministério 2.000 anos atrás, Ele disse: 'Arrependei-vos, pois o reino dos céus está próximo.' Esse tipo de linguagem significa hoje sentir-se envergonhado por ter feito algo errado e que foi descoberto... Mude todo seu modo de pensar, pois a nova ordem do espírito está confrontando e desafiando você. O único modo de alcançarmos solidariedade humana é lidar com ela é ter um modo completamente novo de pensar." [Veja a Nota Final 5].

Esse "novo modo de pensar" já permeou todos os segmentos da sociedade: educação, empresas, governo, e o Movimento de Crescimento de Igrejas, incluindo as igrejas que seguem o modelo Propósitos. Promovendo a transformação em todos esses setores estão os programas de treinamento de líderes que seguem a visão dos gurus da Administração, como Peter Drucker, Peter Senge e Ken Blanchard. A parte central do ensino deles é a "Teoria Geral dos Sistemas", ou "Pensamento Sistêmico". Em resumo, tudo está interconectado, portanto, tudo é Um e todas as divisões e fronteiras precisam ser eliminadas de modo a estabelecer a "Vizinhança Global", isto é, a Nova Ordem Mundial. Líderes emergentes, como Brian McLaren, chamam isto de "o Reino de Deus".

Deus nos torna "um" em Cristo quando respondemos ao Seu evangelho com fé e genuíno arrependimento (reconhecendo nossos pecados e humildemente voltando para Deus). O "novo modo de pensar" de Millard encaminha as pessoas para o sistema corrupto deste mundo, não para Deus e para Seus caminhos. Não devemos nos esquecer que palavras familiares com novos significados estratégicos muito provavelmente enganarão as massas. Por exemplo, no Dicionário Webster (1989), o significado familiar de solidariedade soa perfeitamente seguro: "interesse comum e lealdade ativa dentro de um grupo". Mas, os agentes de transformação contemporâneos infundiram um significado muito mais revolucionário nessa palavra. Vamos examinar mais de perto:

O Novo Contrato Social

Durante um intervalo, perguntei ao moderador Robert McNeil, um membro da elite da mídia de Rockefeller, que usufrui de "soberania supranacional", para definir para mim seu conceito de solidariedade. Em sua resposta, ele reconheceu que solidariedade é fortalecida por um inimigo comum, e também por um "bem comum":

"Significa pessoas com valores ou responsabilidades compartilhados cooperando ou trabalhando juntas. Em nossa cultura, isto foi provavelmente exemplificado mais frequentemente pelo movimento sindicalista. Os sindicatos industriais usavam frequentemente a frase 'Solidariedade — solidariedade para sempre'. No movimento socialista, é claro, solidariedade era uma palavra muito forte — a solidariedade dos trabalhadores contra os empregadores, seus opressores, os capitalistas... seja lá o que fosse..." [Veja a Nota Final 5].

Ele continuou: "Solidariedade é como um contrato social, como pessoas concordando que este é o modo como deve ser. Independente se sou mais pobre ou mais rico do que você, de algum modo concordamos que o modo como está definido funciona melhor para todos nós."

E se não concordarmos? Então seremos vilificados como resistentes, divisivos e excluídos da solidariedade dos que se sentem bem. O pastor Brian McLaren, um reconhecido líder no Movimento da Igreja Emergente, resumiu isto bem em seu livro A Mensagem Secreta de Jesus: "... para ser verdadeiramente inclusivo, o reino terreal precisa excluir as pessoas exclusivistas; para ser verdadeiramente reconciliador, o reino não deve admitir aqueles que rejeitam a reconciliação." [6] [tradução nossa; ênfase adicionada].

Os contratos sociais tornam as pessoas sujeitas à prestação de contas para o novo padrão. Eles empurram as pessoas para a planejada conformidade, independente se a sociedade é uma igreja, uma escola, ou a "vizinhança global". Portanto, não fiquei surpresa quando Federico Mayor, da UNESCO, apresentou o mesmo ponto: "A cidade do século 21 será uma cidade de solidariedade social. Temos de redefinir as palavras... e escrever um novo contrato social." [Veja a Nota Final 5].

[Nota de Carl Teichrib: Ao participar da Conferência Governança Global em 2002, foi reconhecido que um "novo contrato social" precisa ser desenvolvido como parte de uma sociedade globalmente integrada. Assim, um "bem geral" internacional se tornaria um referencial para a vída apropriada — um padrão de conduta pessoal e coletiva.].

Esse "contrato social" evolutivo está sendo incorporado em todos os tratados e declarações da ONU. A Ordem Executiva 13107, assinada pelo ex-presidente Clinton, ajudou a transformar esses "contratos" da ONU em política do governo americano. Em outras palalvras, esses contratos da ONU estão sendo implementados por meio de Ordens Executivas, leis ocultas e políticas do governo, independente se tratados relevantes foram ou não ratificados pelo Congresso. Esse "contrato social" garante "liberdade da necessidade", do temor, da fome e de ofensa por aqueles que poderiam expressar valores contrários. Ele também promete "liberdade de pensamento e de expressão" — mas somente para aqueles que compartilham a visão da ONU. Lembre-se do que diz o Artigo 29 da Declaração Universal dos Direitos Humanos: "Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas." [7].

Refletindo a mesma restrição comunitariana, Ismail Serageldin, então vice-presidente do Banco Mundial, disse:

"Devemos parar de reclamar do crescimento das cidades. Ele vai acontecer e é uma coisa boa, pois as cidades são vetores da mudança social e da transformação. Vamos apenas garantir que a mudança social e a transformação ocorram na direção certa... A mídia precisa atuar como parte do processo educativo que combata o individualismo." [Veja a Nota Final 5].

Modificação do Comportamento: Vital para a Transformação

Uma mídia cooperativa é essencial para a mudança na consciência do público. Como nos regimes totalitários, a transformação social "voluntária" depende de uma propaganda eficiente. O público precisa ser persuadido a dar seu consentimento. Na verdade, a população precisa ser treinada a se sentir desconfortável com a dissensão e com a discórdia, de tal forma que as vozes contrárias sejam silenciadas.

Obviamente, as massas nunca devem observar que esse processo munipulador está transformando suas mentes e ações. Como poucas pessoas observam, a promesa triunfante do professor Raymond Houghton, em uma publicação da Associação Nacional dos Educadores (NEA) em 1970, está se tornando uma realidade alarmante: "... o controle absoluto do comportamento é iminente... O ponto crítico do controle do comportamento, na verdade, está vindo furtivamente sobre a humanidade sem que esta tenha consciência e perceba que uma crise está para acontecer. O homem nunca saberá por sua própria consciência o que aconteceu." [8].

Para ser bem-sucedido, cada nível desse sistema hierárquico de gestão precisa continuamente avaliar a mudança, monitorar a adesão, corrigir a desobediência e punir os resistentes conscientes. [9]. O inimigo mais ofensivo para o sistema global de poder é o Cristianismo bíblico. Portanto, não devemos nos surpreender com o aumento da perseguição hoje. Afinal, ela serve bem à agenda da ONU. Alguns dias atrás, li a seguinte mensagem de partir o coração:

"A Oposição Islâmica armada na Síria matou mais de 200 cristãos na cidade de Homs, incluindo famílias inteiras com crianças pequenas. Essas gangues islâmicas sequestraram cristãos e exigiram valores altos de resgate. Em dois casos, após os resgates serem pagos, os homens foram encontrados mortos."

Os cristãos estão sendo forçados a fugir da cidade e ir para a segurança de regiões controladas pelo governo. Os combatentes rebeldes muçulmanos e suas famílias estão invadindo e tomando posse das casas. Precisamos urgentemente de suas orações." [10].

Não devemos nos supreender. Deus nos advertiu muito tempo atrás que os cristãos devem esperar a perseguição. Hoje, vemos como as ambições corruptas do mundo levam ao ódio e à tirania, não à paz e ao amor. Acima de tudo, precisamos estar unidos e encorajar uns aos outros com a maravilhosa Palavra de Deus. Lembre-se também de orar pelos cristãos que estão no meio da perseguição, na Síria e em outros lugares.

"Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa. Mas tudo isto vos farão por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou." [João 15:20-21].

"Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; somos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor." [Romanos 8:35-39].

Notas Finais

1. Our Global Neighborhood, este relatório foi publicado pela Comissão Sobre Governança Global, vinculada à ONU, (Oxford University Press, 1995), pág. 357.

2. Informe à Imprensa, Habitat, encontrado em http://www.un.org/Conferences/habitat/unchs/press/humanize.htm.

3. Artigo "Reinventing the World, Part 1: A New Way of Thinking", em http://www.crossroad.to/articles2/Reinvent1.htm.

4. Alain de Botton, "Religion for Everyone", Wall Street Journal, 18 de fevereiro de 2012.

5. Gravei e transcrevi esta parte do "Diálogo" na Conferência da ONU Sobre Assentamentos Humanos, em Istambul, 1996.

6. Brian McLaren, A Mensagem Secreta de Jesus (Editora Thomas Nelson), págs.169-170 no original.

7. Artigo "Trading U. S. Rights for UN Rule", em http://www.crossroad.to/text/articles/turfur12-98.html.

8. Raymond Houghton, To Nurture Humaneness: Commitment for the '70's (The Association for Supervision and Curriculum Development of the NEA, 1970).

9. Veja os artigos "Brainwashing in America", em http://www.crossroad.to/articles2/brainwashing.html e "Molding Human Resources for the Global Workforce", em http://www.crossroad.to/text/articles/HumanResources.html.

10. Stoyan Zaimov, "Christian Families in Syria in Urgent Need of Help, Trapped in Crossfire", The Christian Post, 16 de fevereiro de 2012.



Parte 2

Colocando as Pessoas em Segundo Plano

Nota: O artigo seguinte é do serviço de informações SovereignMan.com. Embora eu não possa falar sobre o grupo e sobre sua página na Internet, que destacam ideias de soberania individual, como investimentos no exterior e opções de vida em outros países, este pequeno artigo aborda uma situação ridícula causada pelo excesso de regulamentações do governo. De fato, os fatos são profundamente preocupantes e reveladores da triste situação em que caímos.

A conclusão do artigo apresenta uma abordagem interessante, com a qual concordo em termos de princípios, mas temperaria com uma cosmovisão bíblica: coloque sua confiança em Cristo.

O artigo apresenta um quadro inacreditável.

Aqui está a cena. Era um típico dia nublado no sul da Inglaterra no mês de março passado. Ao tentar recuperar alguma coisa que caíra na água, Simon Burgess, de 41 anos, escorregou e caiu no lago com água na profundidade de 1 metro. Em seguida, ele sofreu um ataque epilético. Seu corpo, inerte e com a face para baixo na água, foi visto às 12h15min por uma testemunha, que imediatamente ligou para o serviço de emergência.

Em cinco minutos, as equipes de socorro começaram a chegar. Após 36 minutos da ligação inicial, não menos que 25 membros das equipes de emergência estavam no local. Eles trouxeram uma tenda médica para atendimento de emergência, equipamentos de última geração para ressuscitação, mergulhadores equipados, uma ambulância e vários veículos do Corpo de Bombeiros.

Durante mais de 30 minutos, o pessoal da emergência armou um complexo centro de operações. Os bombeiros posicionaram seus caminhões e os policiais estenderam cordas para impedir a passagem das pessoas que estavam no local. Os mergulhadores vestidos com suas roupas protetoras inspecionaram o lago, procurando algo perigoso da água.

Contudo, com toda esta comoção, ninguém se preocupou em retirar o Sr. Burgess da água. Durante 36 minutos ele ficou flutuando no centro do lago, com a cabeça para baixo, enquanto dezenas daqueles que ali chegaram se preocupavam em como fazer seus projetos funcionar.

Por quê? Por que eles não tinham sido "treinados e certificados" pelas diversas agências do governo para entrar em água cuja profundidade excedesse a altura dos tornozelos.

De acordo como o jornal Daily Mail, "Quando um policial decidiu entrar na água de qualquer jeito, recebeu a ordem de não fazer isto. Uma paramédico também foi impedido, pois não tinha o traje "protetor" apropriado e poderia infringir o Regulamento Profissional Sobre o Uso de Equipamentos Pessoais de Segurança, de 1992."

Assim, as equipes de emergência ficaram esperando até que o pessoal especializado chegasse, vestisse a roupa protetora e caminhasse dentro da água (que chegava no máximo até a altura da cintura) para retirar o corpo do Sr. Burgess. Não é necessário dizer que os médicos declararam que ele estava morto quando seu corpo chegou ao hospital, aproximadamente 90 minutos depois de ter caído no lago.

Seguindo a indignação popular sobre como a impotente burocracia do país pôde ter custado a vida de um homem, o governo realizou uma investigação sobre o caso algumas semanas atrás. Como esperado, os funcionários do serviço público e os políticos cerraram fileiras, defendendo suas decisões com base em que eles estavam simplesmente "realizando seu trabalho" e seguindo as normas.

Certamente, não é a primeira vez que este tipo de situação acontece.

No ano passado, uma adolescente de 14 anos desmaiou quando estava no meio de uma competição de travessia de uma zona rural. A equipe de emergência demorou 30 minutos para chegar, mas os membros se recusaram a carregar o corpo dela pelo terreno repleto de lama até a ambulância, pois isto era contra as normas de saúde e segurança.

Houve também o caso de uma mulher de 44 anos na Escócia, que caiu no poço de uma mina e ficou presa lá durante seis horas, sofrendo de hipotermia, pois os supervisores do serviço de emergência afirmaram que usar o guincho para resgatá-la seria uma violação aos regulamentos.

Depois, houve o caso de um menino de 10 anos, no norte da Inglaterra, que estava se afogando em uma lagoa quando dois policiais chegaram ao local... e não fizeram absolutamente nada, pois não tinham o treinamento apropriado. Aparentemente, você precisa ser treinado pelo governo para mergulhar na água e salvar uma criança que esteja se afogando.

A indignação popular em cada um desses incidentes (e outros similares) frequentemente resulta em propostas para mais regulamentações. Esta é a reação típica do governo hoje — a solução para um problema criado pelo excesso de regulamentações é criar ainda mais regulamentações. Esta é a única coisa que eles sabem fazer.

Estes exemplos aconteceram na Grã-Bretanha, mas o problema existe hoje em todo o mundo. O senso comum e a decência estão se tornando cada vez mais alinhados com aquilo que a regulamentação diz. Qualquer pessoa boa que trabalhe nos órgãos do governo é esmagada por uma burocracia amoral.

Nos EUA, o governo chegou ao ponto de declarar que não está obrigado a fornecer proteção policial ou serviços de emergência; os Tribunais têm rotineiramente afirmado que "o governo e seus agentes não têm o dever geral de fornecer serviços públicos, tais como proteção policial a qualquer cidadão individual particular..." (Warren versus Distrito de Colúmbia)

Este é um lembrete chocante que o governo é uma doença que se mascara como sua própria cura... e que, no fim, somente temos a nós mesmos em quem confiar. Acredite, esta é uma coisa boa. Quanto mais cedo as pessoas acordarem e reconhecerem o quão terrivelmente incompetentes e amorais são os governos, melhor será para todos nós.


Parte 3

Os Embaixadores da Boa Vontade da ONU: A Face Sorridente da Globalização

A comunidade internacional compreende a importância de uma campanha positiva de relações públicas. Não se trata necessariamente de lidar com a pressão dos eventos de notícias ou em promover um ponto de vista a respeito de uma determinada história — algo que a comunidade internacional faz o tempo todo. Ao contrário, trata-se de como os organismos globais empregam personalidades bem-conhecidas para atuarem como seus advogados públicos. Essas personalidades — que concordam em participar em uma "boa causa" — se tornam a face sorridente da globalização, aparecendo nos eventos para anunciar novas iniciativas, fazendo discursos em jantares especiais, visitando as zonas de conflito ou locais alvos de projetos, e recebendo destaque nas notícias divulgadas na imprensa e na mídia em geral.

A lista seguinte dos "Mensageiros da Paz" e "Embaixadores da Boa Vontade" não está completa. Entretanto, ela lhe dá uma boa ideia de algumas personalidades do mundo dos esportes, música, política, negócios, mídia de notícias e da indústria do cinema que estão vinculadas com as iniciativas globais. (Um agradecimento vai para um dos meus leitores por ter organizado esta lista!).

Mensageiros da Paz da ONU:

FAO — Organização da ONU para Alimentação e Agricultura

UNAIDS — Programa das Nações Unidas para HIV/AIDS

UNICEF — Fundo das Nações Unidas para as Crianças

UNESCO — Organização Cultural, Científica e Educacional das Nações Unidas

UN Women — Entidade das Nações Unidas Para Igualdade de Gênero e Capacitação das Mulheres

• Nicole Kidman (EUA/Austrália, atriz).

UNDP — Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas

UNHCR — Alto Comissariado das Nações Unidas Para os Refugiados

• Angelina Jolie (EUA, atriz).

UNODC — Escritório das Nações Unidas Sobre Drogas e Criminalidade)

UNFPA — Fundo das Nações Unidas para a População

WFP — Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas

OMS — Organização Mundial da Saúde

UNEP — Programa Ambiental das Nações Unidas


Fonte: Forcing Change, Edição 3, Volume 6.
Data da publicação: 17/5/2012
A Espada do Espírito: https://www.espada.eti.br/fc-3-2012.asp