O Príncipe Que Há de Vir

(The Coming Prince)

Sir Robert Anderson

(1841-1918)

CAPÍTULO 14

AS VISÕES EM PATMOS

A estreiteza de interpretação é o que mais prejudica o estudo do Apocalipse. "As palavras desta profecia", "As coisas que brevemente devem acontecer" — essas são as descrições divinas do livro do Apocalipse e de seu conteúdo. Portanto, ninguém está justificado em negar a qualquer porção dele uma aplicação futura. O livro em sua totalidade é profético. Até mesmo as sete epístolas, embora tenham sido indubitavelmente endereçadas às igrejas então existentes e embora a referência intermediária delas à história da cristandade também seja clara, poderão bem ter um significado especial em dias por vir para aqueles que passarão pelas ferozes provações que precederão o fim. [1]

No capítulo 4 o trono está colocado nos céus. O julgamento atualmente aguarda o fim da época da graça; mas quando a época da graça passar, o julgamento precisará ocorrer antes que as promessas e alianças, com todo seu rico estoque de bênçãos, possam ser cumpridas. Mas quem pode abrir o livro que está na destra daquele que se assenta no trono? (Apocalipse 5:2) Nenhuma criatura no universo [2] pode se atrever a olhar para o livro, e o próprio Deus não abrirá um único selo dele, porque o Pai abriu mão da prerrogativa de julgamento. O ministério da graça pode ser compartilhado por todos que foram abençoados pela graça, mas o Filho do homem é o único ser no universo que pode tomar a iniciativa no julgamento; (João 5:22-27) e, em meio aos hinos entoados pelos seres celestiais em volta do trono e do coro das miríades de anjos, ecoados por toda a criação de Deus, o crucificado no Calvário, "um cordeiro como havendo sido morto", toma o livro e prepara-se para abrir os selos. (Apocalipse 5:5-14).

É no quinto selo que a visão cruza as linhas da cronologia da profecia. [3] Dos selos anteriores, portanto, não é necessário falar em detalhes. Eles são evidentemente descritivos dos eventos aos quais o Senhor se referiu no capítulo 24 de Mateus, que precedem a grande perseguição final — guerras e ameaças incessantes de guerras, reinos atacando uns aos outros até a destruição e grande fome, a serem seguidos novamente por pestes, fomes e espada, que ainda ceifarão mais vidas, enquanto outros serão tomados por novas e estranhas doenças nos horrores cada vez mais crescentes das aflições cumulativas. (Apocalipse 6:2-8).

De acordo com o capítulo 24 de Mateus, a tribulação será seguida imediatamente pelos sinais e portentos que os antigos profetas declararam e anunciará "o grande e terrível dia do Senhor". Assim, no Apocalipse, os mártires da tribulação são vistos no quinto selo, (Apocalipse 6) e no sexto, o advento do grande dia da ira é proclamado, e os eventos precisos que o Senhor mencionou no Monte das Oliveiras e que Joel e Isaías profetizaram muitos séculos antes são nomeados. [4]

Como a nublada e opressiva calma que precede as mais fortes tempestades, houve silêncio no céu quando o último selo foi aberto, (Apocalipse 8:1) pois é chegado o dia da vingança. Os eventos dos selos anteriores foram julgamentos divinos, sem dúvida, mas de um caráter providencial e que os homens podem explicar por causas secundárias. Mas Deus tem por um tempo considerável se dado a declarar e, como foi no passado, assim também agora, a ocasião é uma afronta cometida contra Seu povo. O clamor dos mártires é vindo à lembrança diante de Deus, (Apocalipse 3) e é o sinal para os toques das trombetas que anunciam o derramamento da Sua ira longamente reprimida. (Apocalipse 6).

Escrever um comentário sobre o Apocalipse dentro dos limites de um capítulo seria impossível e a tentativa envolveria um afastamento do propósito especial e do assunto destas páginas. Mas é essencial observar e ter em vista o caráter e o método das visões do Apocalipse. O apóstolo João, seja lembrado, não teve o privilégio de ler uma única linha daquilo que estava escrito "por dentro e por fora" do livro selado do capítulo 5, mas à medida que cada selo foi aberto, alguma característica proeminente de uma porção de seu conteúdo foi comunicada a ele em uma visão. Portanto, a principal série de visões representa os eventos em sua seqüência cronológica. Mas o curso deles é ocasionalmente interrompido por visões episódicas, ou de parêntesis; algumas vezes, como entre o sexto e o sétimo selos, alcançando até o tempo do fim e, mais freqüentemente, como entre a sexta e a sétima trombetas, representando detalhes cronologicamente dentro das visões anteriores. Portanto, o primeiro e mais importante passo para uma compreensão correta do Apocalipse é distingüir entre as visões seriais e episódicas do livro e a seguinte análise é oferecida para promover e ajudar a investigação do assunto. [5]

Cap. 6 — As visões do sexto selo, que representam os eventos em sua ordem cronológica.

[Cap. 7. — Parêntesis; a primeira visão relacionada ou com o remanescente fiel do quinto selo, ou a uma eleição em vista dos julgamentos do sétimo selo; a segunda chegando até o livramento final.].

Cap. 8, 9 — A abertura do sétimo selo. As visões das seis primeiras trombetas; julgamentos consecutivos, em sua ordem cronológica.

[Cap. 10, 11, 13 — Parêntesis, contêm o mistério oculto dos sete trovões (10:3,4) e o testemunho das testemunhas (provavelmente dentro da era do quinto selo.)].

Cap. 11:15-19 — A sétima trombeta; o terceiro e último ai (compare 8:13; 9:12; 11:14), que precedem o estabelecimento do reino (compare 10:7; 11:15).

[Cap. 12 e 18. — Parêntesis.].

Cap. 13. — A ascensão e carreira dos dois grandes blasfemadores e perseguidores dos últimos dias.

Cap. 14. — O remanescente do Cap. 7 é visto em um estado de beatitude.** O evangelho eterno (versos 6, 7). A queda de Babilônia (verso 8). A condenação dos adoradores da besta (versos 9-11). A revelação de Cristo e os julgamentos finais (versos 14-20).

Cap. 15. — A visão dos eventos cronologicamente dentro do Cap. 8, a abertura do sétimo selo. (Isso aparece a partir do fato que os fiéis do quinto selo são aqui mostrados louvando a Deus em vista dos julgamentos prestes a acontecer — veja os versos 2-4; esses julgamentos estão dentro do sétimo selo.).

Cap. 16. — As sete taças; uma segunda série de visões dos eventos das sete trombetas. Isto aparece,

Primeiro, porque a sétima trombeta e a sétima taça relacionam-se com a catástrofe final. Durante a sétima trombeta, o segredo de Deus é cumprido (10:7) e o templo de Deus é aberto; e ocorrem relâmpagos, vozes, trovões e um terremoto (11:19) Durante a sétima taça, a frase "Está feito!" é ouvida de dentro do templo, e ocorrem vozes, trovões, relâmpagos e um terremoto (16:17,18).

Segundo, porque a esfera dos julgamentos é a mesma nas visões correlativas de ambas as séries:

  1. A Terra
  2. O mar
  3. Os rios
  4. O sol
  5. O poço do abismo, o trono da besta.
  6. O Eufrates
  7. O céu, o ar.

[Cap. 17 e 18. — Visões detalhadas do desenvolvimento e da condenação de Babilônia, "a prostituta", cuja queda ocorre durante a sétima trombeta e a sétima taça; as últimas séries de julgamentos do sétimo selo (11:18; 16:19).].

Cap. 19. — Após a condenação da prostituta (verso 2), vem a glória da noiva (verso 7); a gloriosa revelação de Cristo e a destruição em seguida da besta e do falso profeta (verso 20).

Cap. 20. — Satanás é preso. O reino milenar dos santos (versos 1-4). Após o reino milenar, Satanás é solto e mais uma vez engana as nações. Satanás é lançado no lago de fogo. O julgamento diante do Grande Trono Branco.

Cap. 21, 22:1-5 — O novo céu e a nova Terra.

Cap. 22:6-21 — Conclusão. [6]

Como a última trombeta e a última taça envolvem os julgamentos finais do dia da vingança, que precedem o advento do reino glorioso, necessariamente incluem a condenação dos dois grandes poderes anticristãos dos últimos dias — o imperial, representado pela besta de dez chifres, e o eclesiástico, tipificado pela mulher vestida de escarlate. As visões dos capítulos 13 e 14, portanto, estão interpostos, descritivos da ascensão e desenvolvimento desses poderes. Elas apropriadamente nos dão detalhes que se relacionam com os eventos dentro dos selos anteriores, porque os mártires do quinto selo são as vítimas do grande perseguidor do capítulo 13.

Se o esquema precedente estiver correto no principal, as eras incluídas no Apocalipse podem ser divididas assim:

  1. As sete igrejas; o período de transição que segue o encerramento da dispensação da Igreja Cristã. [7]

  2. Os sete selos; o período durante o qual tudo o que a profecia predisse que precederá o reino será cumprido.

  3. O reino; a ser seguido, após um intervalo final de apostasia, pelo

  4. Estado eterno; o novo céu e a nova terra.

É manifestamente dentro do período dos selos que as profecias de Daniel têm seu cumprimento, e a próxima investigação deve ser dirigida para descobrir com certeza os pontos de contato entre as visões de João e as profecias anteriores.

Como já observado, é somente enquanto a profecia se enquadra dentro do período das setenta semanas que ela ocorre dentro do intervalo da cronologia humana. Além disso, a septuagésima semana será um período definido, do qual a data inicial do meio e do fim são definitivamente marcadas. A data inicial da primeira semana, isto é, do período profético como um todo, não foi o retorno dos judeus da Babilônia, nem a reconstrução do templo, mas a assinatura do decreto persa que restaurou a posição nacional deles. Assim também o início da última semana datará, não da restauração deles à Judéia, nem ainda da reconstrução futura de seu santuário, mas da assinatura do tratado pelo "princípe que há de vir", que provavelmente uma vez mais os reconhecerá como nação. [8]

Mas é óbvio que esse personagem precisará ter chegado ao poder antes da data desse evento; e é expressamente declarado (Daniel 7:24) que sua ascensão será após a dos dez reinos que em um tempo futuro dividirão o território romano. Segue-se, portanto, que a formação desses reinos e a ascensão do grande Kaiser que portará o cetro imperial nos últimos dias precisará ocorrer antes do início da septuagésima semana. [9]

Dentro de certos limites, podemos também fixar a ordem dos eventos subseqüentes. A violação do tratado pela profanação do Lugar Santo ocorrerá "na metade da semana" (Daniel 9:27). Esse evento, novamente, será o início da grande perseguição pelo Anticristo (Mateus 24:15-21) que durará precisamente três anos e meio; porque seu poder para perseguir os judeus estará limitado a esse período definido de tempo. (Daniel 7:25; Apocalipse 13:5). "E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas." (Mateus 24:29) Essa é a afirmação do capítulo 24 de Mateus; e o capítulo 6 do Apocalipse coincide exatamente com ele, porque a visão do quinto selo incluiu o período da "tribulação"; e quando o sexto selo foi aberto, "eis que houve um grande tremor de terra; e o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua tornou-se como sangue." (Apocalipse 6:12, 17). Em sintonia com isso, novamente, está a profecia de Joel. "O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do SENHOR." (Joel 2:31) Os eventos desse dia da vingança são o peso da visão do sétimo selo, incluindo o julgamento de Babilônia, a mulher vestida de escarlate — ou a apostasia religiosa — por meio do poder imperial (Apocalipse 17:16-17) da besta, cujo pavoroso fim é trazer o drama terrível a um encerramento. (Apocalipse 19:20). Portanto, temos base suficiente para atribuir a seguinte ordem aos eventos dos últimos dias:

  1. A formação dos dez reinos.

  2. O aparecimento, dentro dos limites territoriais desses reinos, de um décimo primeiro rei, que subjugará três dos dez outros reis, e no fim será aceito como suserano por todos os demais.

  3. A criação de um tratado por esse rei com, ou em favor dos judeus. O início da septuagésima semana.

  4. A violação do tratado por esse rei após três anos e meio.

  5. "A grande tribulação" das Escrituras, a terrível perseguição dos últimos dias, que continuará por três anos e meio.

  6. O livramento dos judeus de seu maior inimigo, a ser seguido pelo estabelecimento final deles nas bênçãos. O encerramento da septuagésima semana.

  7. O grande e terrível dia do Senhor, "o período do sétimo selo, que inicia com uma revelação de Cristo para Seu povo em Jerusalém, acompanhado por tremendas manifestações do poder divino e terminando com Seu último e glorioso advento."

Que a septuagésima semana será os últimos sete anos da dispensação e o período do reinado do Anticristo é uma crença tão antiga quanto os escritos dos Pais que viveram antes do Concílio de Nicéia. Mas um cuidadoso exame das afirmações das Escrituras levará a alguma modificação dessa visão. O cumprimento para Judá das bênçãos especificadas em Daniel 9:24 é tudo o que as Escrituras dizem expressamente que marcará o fim da septuagésima semana. O Anticristo será então forçado a sair da Judéia; mas não há razão para supor que ele perderá seu poder. Como já mostrado, a septuagésima semana termina com o período do quinto selo, enquanto que a queda de Babilônia está dentro da era da sétima taça. Ninguém pode afirmar que essa era será de longa duração, e ela provavelmente será breve; mas a única indicação certa de sua extensão é que estará dentro de uma única geração, pois no seu encerramento o Anticristo será tomado vivo e lançado em sua terrível condenação (Apocalipse 19:20).

A analogia do passado nos leva a esperar que os eventos preditos que devem ocorrer no fim da septuagésima semana seguirão imediatamente seu encerramento. Mas o livro de Daniel ensina expressamente que haverá um intervalo. Qualquer que seja a visão tomada da porção inicial do capítulo 11 de Daniel, é claro que "o rei" do verso 36 e seguintes é o grande inimigo dos últimos dias. Suas guerras e conquistas são preditas, [10] e o capítulo 12 inicia com a menção do tempo predito de aflições, "a grande tribulação" de Mateus e do Apocalipse. O verso 7 especifica a duração do "tempo de angústia" como "um tempo, e tempos e metade de um tempo", que, como já mostrado, é a metade da semana, ou 1.260 dias. Mas o verso 11 declara expressamente que desde a data do evento que dividirá a semana, e que, de acordo com Mateus 24, será o sinal da perseguição, haverá 1.290 dias, e o verso 12 adia as bênçãos para 1.335 dias, ou setenta e cinco dias além do encerramento das semanas proféticas.

Se, portanto, o "dia do Senhor" segue imediatamente o encerramento da septuagésima semana, parece que o livramento total de Judá não ocorrerá até que esse período final tenha iniciado. E isso é expressamente confirmado pelo capítulo 14 de Zacarias. É uma profecia muito definitiva, mais do que qualquer outra, e as dificuldades que envolvem sua interpretação não são em grau algum superadas recusando-se a lê-la literalmente. Ela parece ensinar que naquele tempo Jerusalém será tomada pelos exércitos aliados das nações e que, no momento em que um grupo de prisioneiros estiver sendo levado para fora, Deus intervirá de alguma forma milagrosa, como quando destruiu o exército de Faraó no Êxodo. [11]

A comparação com a profecia do capítulo 24 de Mateus é o teste mais certo e rígido que pode ser aplicado a essas conclusões. Após fixar a data inicial e descrever o caráter da grande perseguição dos últimos dias, o Senhor assim enumera os eventos que deverão seguir em seu encerramento — Primeiro o grande fenômeno natural é predito; depois o aparecimento do sinal do Filho do homem no céu; em seguida a lamentação das tribos da terra; [12] e finalmente o glorioso advento.

Que não haverá intervalo entre a perseguição e os "grandes sinais no céu" (Lucas 21:11) que deverão se seguir, é expressamente afirmado; eles deverão ocorrer "imediatamente após a tribulação". Que um intervalo separará os outros eventos da série é igualmente claro. Desde a contaminação do Lugar Santo, até o dia em que a Tribulação terminará, e as "pavorosas vistas" e os "grandes sinais" do céu lançarem terror no coração dos homens, haverá um período definido de 1.260 dias; [13] e quando começa a falar sobre o advento, o Senhor declara que esse dia é conhecido somente pelo Pai; a parte de Seu povo deve ser vigiar e aguardar. Ele já os tinha advertido sobre o engano de esperar Seu advento antes do cumprimento de tudo o que precisa acontecer (Mateus 24:4-28). Agora Ele os adverte acerca da apostasia após o cumprimento de todas as coisas, por causa do retardo que mesmo então ainda marcará Sua vinda. [14]

As palavras de Cristo são inequivocamente verdadeiras, e Ele não obtém satisfação em ver Seu povo viver na expectativa de Sua vinda, exceto em um tempo em que nada se interpõe para barrar o cumprimento da esperança. O fatalismo é tão popular entre os cristãos quanto com os adoradores de Maomé; e as pessoas esquecem que, embora a dispensação tenha corrido seu curso nestes dezoito séculos, ela poderia ter sido trazida a um encerramento a qualquer momento. Por esse motivo, o cristão é exortado a viver "aguardando a bem-aventurada esperança" (Tito 2:12-13). Será de forma contrária em dias por vir, quando a presente dispensação terá se encerrado com o primeiro estágio do advento. Então a palavra não será "Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor." (Mateus 24:42) — isso pertence ao tempo quando tudo terá sido cumprido — mas "Olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim." (Mateus 24:6).

Notas de Rodapé do Capítulo 14

[1] A Bíblia não se destina apenas à presente dispensação, mas ao povo de Deus em todas as épocas; e é incrível que aqueles que serão tão severamente provados deixarão de encontrar nela palavras especialmente adequadas para aconselhá-los e confortá-los em vista daquilo que eles deverão suportar. "Esta profecia" é a descrição divina do Apocalipse como um todo (Apocalipse 1:3). Compare o "devem brevemente acontecer" de Apocalipse 1:1 com o "em breve hão de acontecer" de Apocalipse 22:6. A saudação (1:4-5) parece fixar a posição dispensacional do livro como futuro. Não é o Pai, mas Jeová; não o Senhor Jesus Cristo, mas "Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o príncipe dos reis da terra"; e o livro fala de um tempo em que o Espírito Santo, como uma pessoa, novamente estará no céu, para juntar-se na saudação, o que Ele nunca faz nas epístolas do Novo Testamento. Apocalipse 1:19 é freqüentemente citado para provar que o livro está dividido e que somente a última parte é profética. Em refutação a isso, apelo para o mais cândido dos comentaristas do Apocalipse, Dean Alford, que assim traduz o verso: "Escreve, portanto, as coisas que vistes, e o que significam, e as coisas que devem acontecer depois dessas." Ele explica "as coisas que viste" como "a visão que agora foi entregue a ti." e as palavras de encerramento como "as coisas que acontecerão depois dessas, isto é, uma visão futura." (Greek Test., in loco).

No capítulo 4:1, Alford inclina-se a dar ao segundo meta tauta o significado geral de "depois disto". Mas a pressuposição é que as palavras são usadas no fim do verso no mesmo sentido que no início, isto é, "depois destas coisas". As palavras implicam que o cumprimento das visões subseqüentes devem estar no futuro, relativamente ao cumprimento da visão precedente, e não com relação meramente ao tempo em que a visão foi recebida, que foi uma questão de curso.

[2] Apocalipse 3. Não é, como na Versão Inglesa, "nenhum homem", mas oudeis. A Versão Revisada traduz corretamente "ninguém".

[3] O quinto selo relaciona-se com a grande perseguição no futuro, que, como observado, está dentro da septuagésima semana. Os quatro primeiros selos relacionam-se com os eventos que precedem no tempo o cumprimento do verso 15 do capítulo 24 de Mateus. Compare os versos 6 e 7 desse capítulo com Apocalipse 6:1-8.

[4] "O dia do SENHOR vem, já está perto... O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do SENHOR." (Joel 2:1,31). "Eis que vem o dia do SENHOR..." (Isaías 13:9-10). "E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas." (Mateus 24:29) "E haverá sinais no sol e na lua e nas estrelas; e na terra angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas." (Lucas 21:25). "E o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua tornou-se como sangue. E as estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte." (Apocalipse 6:12-13) — compare com Joel 2:31.

Concordo plenamente com a seguinte nota de Dean Alford (Greek Test., Mateus 24:29): "Essas profecias devem ser compreendidas literalmente e, de fato, sem essa compreensão perderiam sua verdade e significado. Os sinais físicos acontecerão como acompanhamentos e intensificação do terrível estado de coisas que a descrição tipifica." Não que a lua realmente se transformará em sangue, ou que as estrelas cairão. As palavras descrevem fenômenos que os homens testemunharão e que encherão seus corações de terror.

[5] As passagens que contêm as visões de parêntesis estão marcadas por colchetes.

[6] Pulo de propósito o Cap. 12 por causa das excepcionais dificuldades que estão presentes em sua interpretação.

"Qualquer coisa dentro de consideração razoável para as analogias e simbolismo do texto parece melhor que a agora comum interpretação histórica comumente recebida, com suas imaginações e atribuições arbitrárias de palavras e figuras." (Alford, Greek Test., Revelation 12:15-16).

A única interpretação razoável que já vi é aquela que considera o "filho homem que há de reger todas as nações com vara de ferro", e que "foi arrebatado para Deus, e para o seu trono" como sendo o Senhor Jesus Cristo, e a mulher como aquele povo de quem Cristo veio, segundo a carne" (Romanos 9:5) Mas as objeções a isso são consideráveis. Primeiro, os fatos históricos passados são assim introduzidos em uma visão que se relaciona com o futuro. Não conheço qualquer outro exemplo disso nas Escrituras. Segundo, os principais aspectos da visão após o verso 5 não são explicados pelos fatos.

Os comentários a seguir são oferecidos simplesmente para ajudar a investigação e não como expressão de uma opinião formada sobre o assunto. Os 1.260 dias durante os quais a mulher é perseguida é precisamente o período da "grande tribulação". O verso 7 declara que durante a fuga da mulher, Miguel, o arcanjo, lutará em defesa dela. Daniel 12:1, referindo-se ao tempo do poder o Anticristo, diz: "Naquele tempo se levantará Miguel...", etc., descrevendo a "grande tribulação", que deverá continuar por 1.260 dias.

Novamente, as Antigas Escrituras apontam claramente para a carreira de um futuro Davi, um libertador dos judeus, que se tornará seu líder terreal naquele tempo e reinará sobre eles em Jerusalém depois disso. Veja, por exemplo, Ezequiel 22-25, sobre Davi, o príncipe, que certamente não é Cristo, vendo que ele terá um palácio em Jerusalém e uma herança definida na terra, e que, além do mais, oferecerá ofertas queimadas, etc. (Ezequiel 45:17). Suponho que esse é o grande conquistador militar de Isaías 43:1-.3. Não pode Apocalipse 12 referir-se a esse personagem, que será o vice-regente de Cristo na terra, e que irá, na verdade, governar sobre todas as nações?

[7] Isto é, assumindo que essa porção do livro tem um aspecto profético.

[8] Não afirmo que teremos chegado ao auge de seu poder antes desta data. Pelo contrário, parece extremamente provável que o tratado com os judeus será um dos passos pelos quais ele se elevará ao posto que está destinado a ocupar, e que assim que atingir esse objetivo, tirará a máscara e se declarará um perseguidor. Assim Irineu ensinou e ele possivelmente repetiu aquilo que era o ensino tradicional na época apostólica.

[9] Ele não é nem o rei do norte nem o rei do sul, pois ambos esses reis invadirão seu território (verso 40), isto é, os poderes que então respectivamente dominarão a Síria e o Egito.

[10] "O dia da batalha" (Zacarias 14:3). O profeta acrescenta, "E naquele dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras." Não posso imaginar como pode alguém supor que este será o grande e final advento em glória como descrito em Mateus 24:30 e outras Escrituras. A profecia (Zacarias 14) parece literal. Se o Anticristo será o líder das nações, parece inconsistente com a afirmação que ele estará neste tempo sentado no templo, como Deus, em Jerusalém; assim o Anticristo de fora estaria cercando o Anticristo dentro da cidade. Mas as dificuldades não anulam as revelações; o evento esclarecerá as aparentes dificuldades. (Commentary, Fausset, in loco). É inútil especular tal questão, mas presumo que a cidade terá se revoltado contra o grande inimigo durante sua ausência na chefia dos exércitos do império, e que ele, portanto, voltará para reconquistá-la. A história se repete. Além disso, não há razão para acreditar que ele residirá em Jerusalém, embora presumivelmente terá um palácio ali, e como parte de uma cerimônia blasfema, se assentará entronizado no templo. Que Jerusalém será capturada por um exército hostil naquele tempo parecerá menos estranho se for lembrado primeiro que o verdadeiro povo de Deus tem para esse tempo a advertência de deixar a cidade no início dessas aflições (Mateus 24:15-16) e, em segundo lugar, que o livramento da capital será o último ato no livramento de Judá (veja Zacarias 12:7).

[11] "E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória." (Mateus 24:29-30).

[12] kopsontai pasai ai phulai tas gas. Compare Zacarias 12:12 (LXX), kopsetai ha ga kata phulas phulas.

[13] Portanto, se o advento estará sincronizado com esses eventos, qualquer um que estiver vivendo naquele tempo poderá fixar a data dele, uma vez que a data inicial da tribulação for conhecida; enquanto que o capítulo mostra claramente que um intervalo seguirá após tudo tiver sido cumprido, longo o suficiente para remover os meros professos, que, cansados de esperar, apostatarão (Mateus 24:48), e para fazer adormecer até os verdadeiros discípulos em um sono do qual o retorno do Senhor os despertará. (Ibidem, 25:5).

[14] Mateus 24:42-51 e 25:1-13: "Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo." resumindo, "no período citado no fim do último capítulo, isto é, a vinda no Senhor para seu reino pessoal" (Alford, Gr. Test., in loco) Embora aplicável a toda época em que há um povo aguardando na Terra, a parábola terá sua plena e especial aplicação nos últimos dias para aqueles que estiverem olhando para a página completa da profecia cumprida. Toda a passagem do Cap. 24:31 até 25:30 é um parêntesis, relacionando-se especialmente com aquele tempo.

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Data da publicação: 7/4/2005
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