A Guerra Global Contra os Valores Cristãos

Parte 2: Justiça Social e a Nova Moralidade

Autora: Berit Kjos, 23 de maio de 2010.



Recursos úteis para sua maior compreensão

Título do Livro 1


Título do Livro 2


Título do Livro 3



"Estou certo que nada contribuiu mais para destruir as salvaguardas [legais] da liberdade individual do que a luta por esta miragem que é a justiça social." [1; Friedrich August von Hayek].

"Neste livro [Rules for Radical (Regras para os Radicais)] nos preocupamos em como criar organizações de massa para tomar o poder e depois entregá-lo ao povo; realizar o sonho democrático de igualdade, justiça, paz... Isto significa revolução." [2; Saul Alinsky].

"'Ser um líder significa ser capaz de conduzir as massas.' O objetivo de Hitler era primeiro conduzir o povo e, então, enquanto o livrava de suas moralidades e lealdades tradicionais, impor sobre ele (com o consentimento hipnotizado da maioria) uma nova ordem autoritária segundo seu próprio querer." [3; Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo Revisitado.

"E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus." [Romanos 12:2].



Leia primeiro a Parte 1

Durante os turbulentos anos 60, conclui meu curso de Enfermagem, casei com Andy, viajei com ele pelo mundo durante oito meses (gastando cerca de sete dólares por dia) e depois tivemos dois filhos. Querendo usar os conhecimentos que adquiri em meu curso, trabalhei como voluntária em uma clínica infantil em uma comunidade afro-americana próxima. Com meu filhinho em um cesto, assumi meu posto na mesa de exames.

Alguns meses depois, participei de uma reunião comunitária tão importante que mereceu a presença protetora dos revolucionários "Panteras Negras". Admirada, observei seus guerreiros bem equipados na luta pela "justiça social" se alinharem nos dois lados do salão. Nós, os voluntários brancos, ouvimos as iradas palavras dos organizadores sobre capitalismo, racismo, injustiça social e mudança radical. Eles não queriam mais nossa presença e nos mandaram ficar em casa e conseguir apoio para eles em nossas comunidades brancas.

Não questionei os valores deles naquela época. Mas, alguns anos depois, já como uma cristã nascida de novo, comecei a pensar. Naquele tempo eu tinha sido completamente exposta à frieza espiritual da teologia liberal, sua agenda transformacional e sua hostilidade ao cristianismo bíblico.

Aprendi que a visão de "justiça social" está infundida com sonhos enganosos. Prometendo igualdade econômica, seus "organizadores" bem treinados destroem o incentivo pessoal, minam os valores familiares, torcem a Palavra de Deus, e deixam todos pobres e dependentes, menos seus líderes elitistas! Não sobra muita riqueza para distribuir. Todavia, a mentira ainda persiste — até mesmo nas igrejas atuais.

Um dos principais defensores dessa agenda é Jim Wallis, membro do Conselho Consultivo Presidencial sobre parcerias "comunitárias e baseadas na fé". Ele fundou a revista esquerdista Sojourners, que promove uma visão idealista de "justiça social." A edição de fevereiro de 2007 nos dá um vislumbre de sua posição:

"O objetivo da caridade e da justiça social é promover o bem comum. A caridade social aborda os efeitos do pecado social, enquanto a justiça social aborda as causas desses pecados [desigualdade, capitalismo, livre iniciativa, etc.]. O arcebispo brasileiro Dom Hélder Câmara ficou famoso por dizer: 'Quando alimento os pobres, me chamam de santo; quando pergunto por que eles são pobres, me chamam de comunista.'"

"A caridade social... não altera ou desafia fundamentalmente a estrutura injusta. O princípio de justiça social... requer que o cristão individual atue organizadamente junto com os outros para fazer as instituições sociais prestarem contas... para o bem comum." [4].

Você se pergunta o que eles querem dizer com "bem comum"? O que podemos aprender com a Venezuela? Ou com a Grécia?

As Raízes e Resultados da Justiça Social

Nem Karl Marx nem Friedrich Engels, os principais agentes de mudança por trás do comunismo e socialismo contemporâneos, sentiam compaixão pelas massas de pobres que supostamente justificavam sua agenda. A forma deles de "justiça social" era apenas a desculpa que usavam para a tirania. Em suas cartas a Marx, Engels chamava os camponeses de "caipiras", "raça de bárbaros", "terrivelmente estúpidos", etc. Marx os descrevia como uma "gentalha degenerada". [5] Ambos repudiavam o cristianismo e seus valores morais.

Então, como o socialismo sobreviveu? Por que está se propagando?

O Dr. Thomas Sowell nos dá um vislumbre das raízes do socialismo. Em seu artigo Race and Resentment (Raça e Ressentimento), ele conecta de forma inteligente esse fenômeno com uma condição universal: nossa natureza humana corrupta:

"Relatos recentes vindos da Filadélfia e de San Francisco falam de alunos negros que surraram alunos asiáticos. Isso é especialmente doloroso para os que esperavam que a eleição de Barack Obama significasse o começo de uma América pós-racial..."

"Muitos de nossos educadores, de nossos intelectuais e da nossa mídia — para não mencionar nossos políticos — promovem uma atitude que as realizações de outras pessoas são injustiças e não exemplos. Quando alunos negros que se esforçam na escola e obtêm sucesso acadêmico são atacados e agredidos por colegas negros por se 'comportarem como brancos', por que a surpresa em ver a mesma hostilidade voltada a estudantes asiáticos, que frequentemente obtêm mais sucesso acadêmico que os alunos brancos?"

"O mesmo fenômeno é visto entre pessoas de classe baixa na Inglaterra, onde alunos brancos que obtêm sucesso acadêmico são agredidos violentamente por seus colegas brancos, chegando ao ponto de precisarem de internação hospitalar."

"Essas são consequências venenosas e autodestrutivas de um ritmo constante de bombardeio ideológico sobre diferenças que são traduzidas como 'disparidades' e 'desigualdades', o que provoca inveja e ressentimento sob seu título mais elegante de 'justiça social'." [6].

Talvez você se recorde do conto de Kurt Vonnegut intitulado "Harrison Bergeron." Ele amplifica a equalização destrutiva necessária para criar uma sociedade coletiva de pessoas iguais cujas realizações não ofendem a ninguém:

"O ano era 2081, e todos eram finalmente iguais... Ninguém era mais inteligente... ou mais atraente que os outros. Ninguém era mais forte ou mais rápido que ninguém. Toda essa igualdade era resultado das 211ª, 212ª e 213ª Emendas da Constituição e da incessante vigilância dos agentes da Secretaria da Equalização Geral."

"... os agentes da Secretaria da Equalização Geral levaram Harrison, o filho de quatorze anos de George e Hazel Bergeron. Foi trágico, tudo bem, mas George e Hazel não conseguiam pensar muito sobre isso. Hazel tinha uma inteligência perfeitamente mediana, o que significava que ela não conseguia pensar em nada, a não ser em breves surtos de raiva. E George, embora sua inteligência fosse bem acima do normal, tinha um pequeno rádio limitador instalado em seu ouvido. Ele era obrigado por lei a usá-lo permanentemente... A cada vinte segundos, ou pouco mais, o transmissor emitia um som agudo que impedia pessoas como George de aproveitarem seus cérebros de uma forma que fosse injusta." [7].

O ódio e a inveja atuam como a força motriz do socialismo. Idolatrando o líder (Hitler obrigou as igrejas a pendurarem seu retrato acima dos altares), popularizando a solidariedade e incitando o ódio contra os dissidentes, os ditadores socialistas ganharam poderes inimagináveis. Aprendendo com os triunfos soviéticos, Hitler escreveu em Minha Luta:

"A primeira função da propaganda é ganhar as pessoas para uma organização posterior... Sua segunda função é romper com o sistema de coisas existente e então permear esse sistema com a nova doutrina..." [8, leia a observação].

Essa nova doutrina libertaria as massas de toda a moralidade bíblica. A depravação substituiria a modéstia, a honestidade e a integridade. Quando era um revolucionário jovem e nervoso, Marx admitiu que seu objetivo não era melhorar o mundo, mas se alegrar com a corrupção:

"Com desdém, darei com minha luva na cara do mundo,
E verei o desmoronamento desse gigante pigmeu, cuja queda não saciará meu ardor.
Depois, vagarei vitorioso e semelhante a um deus pelas ruínas do mundo
E, dando uma força ativa às minhas palavras, me sentirei igual ao Criador." [9].

O Sentido Marxista de Justiça Social

Após passar pelos horrores do sistema prisional soviético, o autor Aleksandr Solzhenitsyn tentou alertar o Ocidente. Em seu prefácio para um livro russo de Igor Shafarevich intitulado The Socialist Phenomenon [O Fenômeno Socialista], ele explica que:

"... o socialismo (pelo menos à primeira vista) torna-se algo nitidamente contraditório. Partindo de uma crítica a uma dada sociedade, acusando-a de injustiça, desigualdade e falta de liberdade, o socialismo proclama [e produz]... injustiça, desigualdade e servidão em proporções muito maiores!"

"Na obra mais famosa do marxismo, O Manifesto Comunista, uma das primeiras medidas do novo sistema socialista a ser proposta é a introdução do trabalho forçado." [10].

O livro de Igor Shafarevich inclui uma seção intitulada "O Socialismo É a Expressão da Busca pela Justiça Social". Ela destaca o conflito entre o mito encantador e a realidade cruel da justiça social:

"Uma vez que é uma verdade inquestionável que os apelos por justiça e a condenação das falhas da vida contemporânea ocupam um lugar central na ideologia socialista, a pergunta precisa ser feita de maneira mais precisa: A aspiração por justiça social é o objetivo e a força motriz do socialismo ou é o apelo para essa aspiração apenas um meio de alcançar outros objetivos?"

"... nas próprias doutrinas socialistas, pelo menos deveríamos encontrar compaixão pelos sofrimentos das vítimas da injustiça e o desejo ardente de aliviar sua dor. No entanto, isto é justamente o que está faltando!"

"Em uma época em que 'filantropos burgueses', como Dickens e Carlyle, estavam combatendo o trabalho infantil, a Primeira Internacional Comunista adotou a seguinte resolução redigida por Marx: '... Em uma sociedade organizada racionalmente, cada criança a partir dos nove anos de idade deve ser um operário produtivo.'" [11].

Mas que tipo de justiça social é esta?

Shafarevich lista quatro princípios básicos do socialismo que mostram o terrível contraste entre a liberdade que existe no Ocidente e a tirania socialista:

  1. A abolição da propriedade privada.
  2. A abolição da família.
  3. A abolição da religião.
  4. Comunalismo ou igualdade. [12].

Liberdade: O Oposto da Justiça Social

Contrastando com o socialismo, os autores da Constituição dos EUA buscaram liberdade genuína para todos. Ela estava incompleta, mas em 1865, milhares e milhares deram suas vidas para libertar os escravos. Legalmente, todos poderiam desfrutar dos benefícios da Primeira Emenda da Carta de Direitos: [13].

"O Congresso não legislará no sentido de estabelecer uma religião, ou proibindo o livre exercício dos cultos; ou cerceando a liberdade de palavra, ou de imprensa, ou o direito do povo de se reunir pacificamente, e de dirigir ao Governo petições para a reparação de seus agravos."

Porém, a menos que Deus intervenha, logo poderemos perder esses direitos legais. A esperança vazia de um mundo mais perfeito — neste caso, uma tirania coletiva — tem conquistado os corações de eleitores idealistas, assim como dos agentes de mudança revolucionários.

Nossas crianças e jovens estão especialmente vulneráveis. As escolas públicas estão ensinando os alunos a pensarem coletivamente por meio do uso obrigatório do Processo Dialético. Opiniões e sentimentos subjetivos estão substituindo os fatos e certezas objetivos; além disso, a contemporização se tornou um hábito. Poucas crianças estão preparadas para permanecerem firmes nos valores morais "ofensivos" de Deus.

Em outras palavras, o Ocidente está trocando sua base moral por um conjunto mutável de valores amorais que podem ser torcidos de qualquer maneira desejada pelos facilitadores treinados e pelos líderes impulsivos de hoje. Lembre-se das seguintes advertências:

"Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz do SENHOR teu Deus, para não cuidares em cumprir todos os seus mandamentos e os seus estatutos, que hoje te ordeno, então virão sobre ti todas estas maldições, e te alcançarão... O SENHOR te fará cair diante dos teus inimigos. O estrangeiro, que está no meio de ti, se elevará muito sobre ti, e tu mais baixo descerás; ele te emprestará a ti, porém tu não emprestarás a ele... Porquanto não serviste ao SENHOR teu Deus com alegria e bondade de coração, pela abundância de tudo. Assim servirás aos teus inimigos..." [Deuteronômio 28:15,25,44,47-48].

"Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso." [1 Coríntios 10:11].

Deus nos manda viver segundo Seus padrões de justiça. Ele nos deu diretrizes bem claras para seguirmos: ajudar os necessitados, compartilhar nossos recursos e confortar os que sofrem com Suas maravilhosas promessas. O profeta Miquéias resume isto muito bem:

"Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o SENHOR pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a e andes humildemente com o teu Deus?" [Miquéias 6:8].

Isto é totalmente diferente de confiar em um governo socialista para governar nossas famílias, determinar nossas atividades, monitorar nossas escolhas, prescrever aquilo em que podemos crer e redistribuir nosso patrimônio.

Vivemos em um mundo imperfeito e uma guerra espiritual violenta está sendo travada ao nosso redor. O mundo pode nunca mais ser o mesmo, mas aqueles que conhecem a Deus têm um lugar de refúgio. Portanto, no meio de tudo isto, continuemos — por Sua graça — a partilhar de Sua alegria, conforto, misericórdia e recursos.

"Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem. Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros... sede pacientes na tribulação, perseverai na oração; comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade; abençoai aos que vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis. Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram." [Romanos 12:9-15].

O próximo artigo desta série falará sobre o sistema educacional global emergente e seus padrões anticristãos.

Leia também:

DB130, "Guerra Global Contra os Valores Cristãos — Parte 1: Unidade em um Mundo Anticristão?"

DB042, "Criando Comunidade (Parte 1) Por Meio da Liderança Transformacional".

DB115, "Sorrindo Para o Socialismo e Escarnecendo da Bíblia".

Notas Finais

1. Friedrich August von Hayek, Economic Freedom and Representative Government (1973), http://en.wikiquote.org/wiki/Friedrich_Hayek.

2. Saul Alinsky, Rules for Radicals, pág. 3 — http://www.crossroad.to/Quotes/communism/alinsky.htm

3. Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo Revisitado (Nova York: Harper & Row, 1958), pág. 41.

4. Rose Marie Berger, "What the Heck is 'Social Justice'?" Sojourners, fev/ 2007. Também disponível nesta página: http://blog.sojo.net/2010/03/24/what-the-heck-is-social-justice/

5. Igor Shafarevich, The Socialist Phenomenon, pág. 224. http://robertlstephens.com/essays/shafarevich/001SocialistPhenomenon.html.

6. Thomas Sowell, Race and Resentment, 4 de maio de 2010.

7. Kurt Vonnegut Jr. Harrison Bergeron em http://www.tnellen.com/cybereng/harrison.html.

8. Adolf Hitler, Minha Luta (Cambridge: Houghton-Mifflin Company, 1943), 582. Nota: "Os nazistas declaravam apoiar uma forma de socialismo que fornecia à nação: segurança econômica, programas de bem estar social, um salário justo para os operários, honra à importância dos operários para a nação, e proteção contra a exploração capitalista. O nazismo, entretanto, rejeitava o socialismo baseado no conflito de classes..." (Wikipédia, nota de rodapé 18: Joseph W. Bendersky, A History of Nazi Germany: 1919-1945, pág. 41.) Veja também Hitler Was a Socialist [artigo não traduzido].

9. Richard Wurmbrand, Was Marx a Satanist? (Diane Brooks, 1976), pág. 24.

10. Igor Shafarevich, The Socialist Phenomenon, pág. XII (Prefácio de Aleksandr Solzhenitsyn) em http://robertlstephens.com/essays/shafarevich/001SocialistPhenomenon.html

11. Ibidem, págs. 220-221, 223.

12. Ibidem, págs. 195-196.

13. A natureza humana afastada de Deus é vulnerável a todo tipo de mal. A "Proclamação de Independência" não pôs fim ao racismo e à perseguição, pois a perfeição absoluta é impossível entre seres humanos imperfeitos. Como a Palavra de Deus nos ensina: "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?" [Jeremias 17:9]. Mas com Sua Palavra e Santo Espírito como fundamento de nossa vida, paz e amor podem se tornar uma realidade.



Autora: Berit Kjos (Kjos Ministries, em http://www.crossroad.to)
Tradução: Marcelo N. Motta, Blog PensandoBiblicamente
Data da publicação: 9/11/2010
Revisão: http://www.TextoExato.com
A Espada do Espírito: http://www.espada.eti.br/db131.asp