Os Rabinos Que Eram Contrários à Criação do Estado de Israel

Autor: Jeremy James, Irlanda, 16/12/2023.

O Estado de Israel foi estabelecido em 1948 após uma longa campanha pelo órgão mundial dos sionistas mundiais, com assistência significativa de políticos bem posicionados, particularmente no Reino Unido e nos EUA, além de suporte financeiro considerável das principais famílias de banqueiros judeus.

Embora muitos rabinos tenham apoiado a criação do Estado de Israel, muitos outros não apoiaram. Alguns daqueles que fizeram objeção falaram em alta voz e com predições perniciosas para o futuro do Estado secular de Israel e a comunidade judaica mundial em geral. Alguns desses rabinos eram altamente respeitados dentro da comunidade e não podiam ser considerados como elementos situados nas bordas marginais, ou um grupo de pessoas que gostam de viver no passado e que se agarram obstinadamente a ele.

Podemos ter uma melhor compreensão daquilo que está acontecendo hoje em Israel a partir de uma análise das muitas críticas estridentes ao projeto sionista secular. Um website muito útil para esse propósito é:

https://www.nkusa.org/Historical_Documents/TheRabbisSpeakOut.htm#LinkTarget_1869

O website é mantido pelo Neturei Karta International, um grupo religioso de judeus Heredi que se opõem ao Sionismo. O grupo foi fundado em 1938 em Jerusalém. De acordo com a Wikipedia, Neturei Karta é um oponente ativo do Sionismo e defende um "desmantelamento pacífico" do Estado de Israel, com a crença que o povo judeu está estritamente proibido de reestabelecer soberania na Terra de Israel até a chegada do Messias... os membros do grupo acreditam que a existência de um Estado judaico é uma rebelião contra Deus, pois não ocorreu com a intervenção divina por meio do Messias.

Não apoiamos o objetivo do NK de "demantelar pacificamente" o Estado de Israel, mas certamente apoiamos uma consideração cuidadosa das questões levantadas por aqueles que apoiam.

Em sua crítica acerba e anti-Sionista de 30 de novembro de 2023 (que discutimos em nosso ensaio anterior ("A Igreja Não Substituiu Israel — Compreendendo o Papel de Israel no Fim dos Tempos"), o pastor Chuck Baldwin citou com aprovação as visões de cinco "notáveis rabinos judeus" nesta questão:

"Os rabinos principais deveriam se reunir imediatamente e excomungar os Sionistas. Eles deveriam exclui-los do povo judeu, proibindo o pão deles, o vinho deles e o casamento misto com eles." — Rabino Yehoshua Leib Diskin, rabino de Brisk, Lituânia, e depois rabino de Jerusalém (1817-1878).

"Toda esta ideia de estabelecer um Estado é um decreto de apostasia forçada sobre nós. Que Deus nos proteja." — Rabino Yechiel, Rebbe de Alexander, Polônia (cerca de 1833-1893).

"Que Deus impeça. Uma pessoa não deve permitir a si mesma ou seus filhos aderirem aos contaminados sionistas, pois os pés deles correm para fazer o mal e o lugar deles é um lugar de contaminação." Rabbi Yerucham Yehuda Leib Perelmann, de Minsk, Belarus (1835-1896).

"Imagine como será se, que Deus nos livre, a ideia do Sionismo se tornar uma realidade. Então os pecadores serão reis, os agitadores serão altas autoridades e as serpentes jovens serão líderes. Então seus inimigos governarão sobre vocês." — Rabino Chaim Yaakov Naftali Zilberberg, rabino em Varsóvia, Polônia.

"Há um novo grupo que chama a si mesmo de 'Chovevei Tzion', ou 'Sionistas', que enlaçam muitas pessoas em sua rede, que pensam que as ações deles são para o bem do Céu. Portanto, eu me sinto obrigado a tornar conhecido e advertir todos aqueles que têm o temor de Deus em seus corações a permanecerem o mais distante possível deles, erradicar e limpar as ações deles... Todos os grandes rabinos do nosso tempo já nos advertiram a manter distância deles, e esta é uma grande obra para alguém que tem o poder de estragar os planos deles." — rabino Pinchas Eliyahu Rothenberg, rabino de Piltz, Rússia (cerca de 1902).

[Nota: Os rabinos normalmente escrevem "D-us" em vez de "Deus".]

Estas citações lançam pouca luz sobre a razão, ou razões, para as objeções deles. De modo a ver o que realmente os estava incomodando, precisamos examinar as declarações salientes feitas por outros rabinos no mesmo campo (que também podem ser encontradas no website referido anteriormente). Quando fazemos isso, descobrimos que as objeções deles enquadram-se em cinco amplas categorias:

  1. O reestabelecimento de um Estado judaico deveria ocorrer somente com a chegada do Messias e o cumprimento das profecias messiânicas. Eles viam o estabelecimento de um Estado secular por meio dos esforços humanos como uma violação da vontade de Deus. (Discutiremos as razões para isso posteriormente.).

  2. O Sionismo, especialmente em seus anos iniciais, estava fortemente associado com ideologias seculares e nacionalistas. A natureza secularizada do movimento Sionista estava em conflito com os ensinos religiosos e com os valores tradicionais. Um Estado laico iria prejudicar o Judaísmo.

  3. A existência de um Estado judaico na região iria fomentar tensões e conflitos com os países árabes vizinhos.

  4. O estabelecimento de um Estado judaico poderia enfraquecer as comunidades judaicas localizadas fora de Israel e criar lealdades divididas.

  5. O exílio dos judeus de sua pátria era um julgamento de Deus e deveria ser respeitado até que o próprio Deus os restaure na terra de Israel.

Dessas cinco razões, a primeira era certamente a principal. A força dela era aumentada pela razão "e" — o exílio judicial — e a dimensão religiosa da razão "b", isto é, que o novo Estado estava sendo criado por líderes que tinham pouco ou nenhum respeito pela Torá. Esse tipo de arrogância levaria ao desastre, não apenas para os judeus que vivem no novo Estado, mas para os judeus do mundo inteiro.

O Papel do Messias

Já examinamos os aspectos políticos do Sionismo em ensaios anteriores, notavelmente "Prova do Direito Legal e Moral de Israel Existir como uma Nação Soberana", de modo que não iremos examiná-los outra vez aqui. Entretanto, precisamos estabelecer se havia alguma base para a posição defendida pelos rabinos que a Torá proibe a criação de um Estado judaico e que somente o Messias poderia criá-lo.

Aqui estão algumas citações diretas dos rabinos que eram contrários ao Sionismo com base nesses fundamentos. Iniciaremos com os quatro mais curtos.

"Maimônides escreveu que o Messias trará o povo judeu para fora do domínio das nações. Qualquer um que acredite que pode haver redenção do governo das nações sem o Messias, está com uma falta total de fé na vinda do Messias." — Rabino Yitzchok Zev Soloveitchik, rabino de Brisk, Polônia (1887-1959).

"Na verdade, o estabelecimento do Estado constitui a negação de todas as partes da Torá, porque o fundamento da nossa fé é que temos de permanecer em exílio até que Deus nos traga a redenção, e essa precisa ser uma redenção sem esforço humano." — rabino Dovid Smith, rabino em Londres e rabino-chefe da Lituânia.

"Um judeu somente é um judeu se guardar a Torá e seus mandamentos e aceitar sobre si mesmo o jugo do exílio. Qualquer um que negar isto, que Deus proíba, não é um judeu de forma alguma." rabino Avrohom Leitner, Brooklyn, EUA (1929-2007).

"Deus enviou o povo judeu para o exílio por causa de seus pecados. Por meio de seus profetas verdadeiros, Ele nos advertiu a não nos organizarmos ou nos levantarmos por nossa própria conta do exílio. Somente Deus, sem a ajuda de qualquer criatura e sem qualquer organização, nos redimirá. A vida inteira e a existência do povo judeu é fé e Torá. Eles estão aguardando no exílio há quase dois mil anos, com lealdade às advertências e promessas de Deus." — rabino Moshe Ber Beck, rabino em Monsey, NY, EUA.

Além de uma referência à Maimônides, o altamente respeitado sábio judeu do século 12, não nos foi dada uma referência clara a uma passagem na Torá que proiba a criação de um Estado judaico. Deve ser lembrado que, para os judeus "Torá" pode significar mais do que os primeiros cinco livros da Bíblia, isto é, significa todas as escrituras judaicas, o que inclui comentários relacionados e as tradições. Como diz a Encyclopedia Britannica:

"O termo Torá também é usado para designar toda a Bíblia hebraica. Como para alguns judeus as leis e costumes passados adiante por meio da tradições orais são parte das revelações de Deus para Moisés e constituem a 'Torá oral', compreende-se que a Torá também inclui tanto a Lei oral e a Lei escrita."

As duas próximas autoridades rabínicas deram uma declaração muito mais clara da posição deles:

"Em nossa Torá somos ensinados que estamos proibidos de ter nosso próprio Estado, mesmo se todas as nações, incluindo os palestinos, concordarem em nos dar um Estado. Sim, em nossa Torá somos ensinados que Deus enviou o povo judeu ao exílio por volta de dois mil anos atrás. Ele então proibiu expressamente que tentemos finalizar esse exílio que Ele decretou. O Talmude diz claramente que Deus nos proibiu com três juramentos: Primeiro, que não é para nós subirmos em massa para a Terra de Israel. Segundo, que somos proibidos de pegar em armas contra qualquer nação. Terceiro, não devemos tentar trazer a redenção antes de seu tempo apropriado. Devemos aguardar pacientemente no exílio até o tempo quando o próprio Deus ache adequado finalizar o exílio. Nesse tempo, Ele próprio, sem qualquer intervenção humana, irá trazer a redenção. Naquele tempo todas as nações reconhecerão o único Deus e o servirão juntas e pacificaimente." — rabino Mordechai Weberman, Brooklyn, NY, EUA.

"Estes homens ímpios ofendem os anjos de Deus, distorcem as promessas dos profetas e desprezam as advertências do Chazal para não forçar o fim, e aguardar a chegada do justo redentor. Eles se voltam para seus próprios corações e para seus olhos. Em vão eles professsam arder com o amor a Israel e pela Terra Santa. Eles acham que podem ser mais sábios do que seus predecessores. O projeto inteiro está nas mãos de pessoas irresponsáveis, que vivem a vida despreocupadamente. Eles se elevam acima de todos os grandes rabinos da geração, que já apresentaram severa proibição contra as atividades deles. É uma santa obrigação abrir nossos olhos e compreender qual será o resultado da difamação dos sionistas. Que o Céu impeça que lancemos para longe o jugo do exílio que está sobre nossos pescoços por meio de violência, trabalho árduo, petições ou planos. Precisamos prestar atenção e compreender a extensão da tolice desses homens, que são sábios na prática do mal, que não pensam que se conquistarmos a Terra antes da chegada do rei da paz, guerras ferozes ocorrerão em seguida, e um povo irá trucidar o outro..." — rabino Yosef Rosen, rabino de Dvinsk, Letônia (1858-1936).

Uma palavra-chave na segunda citação é "Chazal", que colocamos em negrito. Este é um termo usado frequentemente pelos rabinos para se referir aos escritos de todos os sábios judeus do período de 300 AC até 600 DC, isto é, aqueles que contribuíram para o Mishna, Tosefta e o Talmude. Podemos ver, portanto, que eles não estão se referindo à Escritura absolutamente, da forma como é compreendida pelos cristãos, mas para as opiniões e pronunciamentos considerados das principais autoridades rabínicas de um determinado período de tempo .

A primeira citação refere-se aos "três juramentos" (destacados). De acordo com o Talmude, essas eram proibições impostas por Deus à humanidade, duas das quais pertinentes ao povo judeu e uma para as nações do mundo. Elas eram chamadas "juramentos" por que os homens deveriam jurar respeitá-las. Sob esses juramentos, os judeus não deveriam reivindicar forçosamente a terra de Israel e não se rebelar contra as outras nações, enquanto que as nações não deveriam subjugar ou oprimir os judeus.

Existem opiniões conflitantes entre os judeus se esses três juramentos ainda são vinculantes ou até aplicáveis ao Estado de Israel que existe hoje. Alguns judeus ortodoxos consideram-os como leis que não podem ser violadas, enquanto outras autoridades rabínicas dão uma interpretação mais liberal.

Como cristãos, podemos ver que a objeção rabínica ao Estado de Israel, incluindo a exigência que ele seja desmantelado pacificamente, não tem base na Escritura. Ao contrário, ela é o produto de especulação e opinião talmúdicas, uma injunção criada pelo homem e sem fundamento algum na Palavra de Deus.

Tendo se afastado para longe da Palavra de Deus, conforme registrado no Tanakh (o Velho Testamento), a acrescentado palavras de sua própria imaginação, os líderes religiosos judeus causaram uma infinidade de problemas para seu povo. Jesus condenou as "tradições" deles e seus acréscimos talmúdicos à Palavra de Deus.

Pode parecer estranho dizer que os judeus, mesmo os mais talentosos dos sábios rabínicos, não compreendem suas próprias Escrituras, porém isto é verdadeiro.

Cegueira Judicial

Tendo rejeitado seu Messias na primeira vinda Dele, eles estão sob um tipo de cegueira judicial até que Ele retorne. O apóstolo Paulo tornou isso bem claro quando disse:

"Como está escrito: Deus lhes deu espírito de profundo sono, olhos para não verem, e ouvidos para não ouvirem, até ao dia de hoje." [Romanos 11:8].

"Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado." [Romanos 11:25].

"E não somos como Moisés, que punha um véu sobre a sua face, para que os filhos de Israel não olhassem firmemente para o fim daquilo que era transitório. Mas os seus sentidos foram endurecidos; porque até hoje o mesmo véu está por levantar na lição do velho testamento, o qual foi por Cristo abolido; e até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará." [2 Coríntios 3:13-16].

O véu que obscurece a compreensão apropriada deles do Velho Testamento não será retirado até que, como uma nação, eles aceitem Jesus Cristo como o Messias. Esse horrível obscurecicmento persiste há quase 2.000 anos, fazendo-os deixar de observar as declarações mais óbvias de verdade na Palavra de Deus. Por exemplo, os rabinos que mantêm a posição que a Escritura não permite o estabelecimento do Estado de Israel antes do retorno do Messias parecem estar cegos para as passagens no livro profético de Zacarias, que dizem de forma contrária.

O profeta mostra claramente que o Messias não precisará estabelecer o Estado de Israel, pois ele já existe no tempo de Seu retorno! O mesmo é verdadeiro a respeito do Templo. (Isto não é para sugerir que Jesus não fará modificações fundamentais na estrutura política do mundo em geral, e de Israel em particular.) Sabemos também, a partir da leitura do livro do profeta Ezequiel, que Jesus também construirá um novo Templo em Jerusalém):

"Naquele dia porei os governadores de Judá como um braseiro ardente no meio da lenha, e como um facho de fogo entre gavelas; e à direita e à esquerda consumirão a todos os povos em redor, e Jerusalém será habitada outra vez no seu lugar, em Jerusalém." [Zacarias 12:6].

"Naquele dia será grande o pranto em Jerusalém, como o pranto de Hadade-Rimom no vale de Megido. E a terra pranteará, cada família à parte: a família da casa de Davi à parte, e suas mulheres à parte; e a família da casa de Natã à parte, e suas mulheres à parte; a família da casa de Levi à parte, e suas mulheres à parte; a família de Simei à parte, e suas mulheres à parte. Todas as mais famílias remanescentes, cada família à parte, e suas mulheres à parte." [Zacarias 12:11-14].

Estas passagens mostram que as principais famílias do Judaísmo estarão residindo em Jerusalém e nas regiões vizinhas quando o Messias retornar e que eles serão os "governadores de Judá". A propósito, o termo "naquele dia", no início de ambas as passagens — refere-se ao fim dos tempos, o grande dia do Senhor. Portanto, os capítulos 12-14 de Zacarias descrevem eventos do fim dos tempos.

A Pergunta Que Muitos Cristãos Estão Fazendo Agora

Se existe uma área em que esses rabinos mostraram grande percepção foi a avaliação deles do caráter espiritual daqueles que controlavam o Sionismo. Eles poderiam ver que aqueles homens, com algumas exceções, não eram remotamente religiosos e não tinham respeito pela Torá. A mesma base de poder que tinha exercido um papel na revolução russa estava agora se esforçando para criar um Estado socialista no Oriente Médio. Além disso, eles estava tentando fazer isso sem sequer parar para considerar se o objetivo ou os métodos deles estavam de acordo com a santa vontade de Deus.

Esta é a questão que muitos cristãos estão fazendo agora: A criação do Estado de Israel em 1948 foi de acordo com a santa vontade de Deus?

Durante várias décadas depois da fundação de Israel, a vasta maioria dos cristãos bíblicos estiveram convencidos que era. A convicção deles foi grandemente erodida em anos recentes por uma percepção cada vez maior que o Judaísmo secular, quando acoplado com a influência de Israel sobre as forças militares dos EUA e sobre o sistema financeiro internacional, tem sérias consequências adversas para o resto da humanidade. A horrível destruição de Gaza nas semanas seguintes ao ataque do Hamas de 7 de outubro fortaleceu grandemente essa percepção.

Poucos cristãos hoje estão recebendo instrução bíblica correta a respeito do papel profético de Israel no plano do Senhor Deus para a humanidade. Eles não conseguem ver que existem, efetivamente, duas correntes profundas que fluem por Israel. Uma é dirigida pela Sinagoga de Satanás — à qual Jesus se referiu no livro do Apocalipse — e a outra está dirigida para a salvação final do remanescente justo, isto é, aqueles judeus que aceitarão Jesus Cristo como o Messias no retorno Dele.

A Palavra de Deus referiu-se à existência dessas duas correntes desde o tempo do projeta Jeremias.

Para avaliar o significado dessa referência, precisamos primeiro olhar para um dos três símbolos de Israel — a figueira. (Os dois outros são a videira e a oliveira, que não iremos discutir aqui.)

A Figueira como um Símbolo de Israel

A figueira é um símbolo dado para nós por Deus. Ela não é uma alusão criada pelo homem. Em várias ocasiões em que é mencionada na Palavra de Deus, ela está apontando de algum modo para Israel e seu relacionamento com Deus. Por exemplo, no capítulo 3 de Gênesis somos informados que Adão e Eva tentaram cobrir sua nudez costurando folhas da figueira juntas. Por que folhas de figueira e não folhas de outra árvore qualquer? Por que a árvore foi especificada? Por que a verdadeira cobertura e redenção final, tanto para nossos primeiros pais e para a humanidade como um todo, viria no tempo devido via Israel, simbolizado pela figueira.

O profeta Oséias mostra como Deus compara Israel ao figo temporão da figueira, que era agradável a Ele, antes de eles irem a Baal-Peor:

"Achei a Israel como uvas no deserto, vi a vossos pais como a fruta temporã da figueira no seu princípio; mas eles foram para Baal-Peor, e se consagraram a essa vergonha, e se tornaram abomináveis como aquilo que amaram." [Oséias 9:10].

Mais tarde, o profeta Joel lamenta a devastação infligida sobre Israel por seus inimigos:

"Fez da minha vide uma assolação, e tirou a casca da minha figueira; despiu-a toda, e a lançou por terra; os seus sarmentos se embranqueceram." [Joel 1:7].

Com "tirou a casca" ele quer dizer remover a casca de uma maneira violenta, sugerindo a remoção dos habitantes judeus da terra de Israel.

Mais tarde, ele fala da redenção de Israel, do retorno à terra e restauração mais uma vez, como povo amado de Deus:

"Não temais, animais do campo, porque os pastos do deserto reverdecerão, porque o arvoredo dará o seu fruto, a vide e a figueira darão a sua força... E vós sabereis que eu estou no meio de Israel, e que eu sou o SENHOR vosso Deus, e que não há outro; e o meu povo nunca mais será envergonhado." [Joel 2:22 e 27].

Jesus fez três referências poderosas à figueira como o símbolo de Israel. Ele se referiu às duas primeiras como "parábolas". A primeira das três é dada no Evangelho de Lucas:

"E dizia esta parábola: Um certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha, e foi procurar nela fruto, não o achando; e disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho. Corta-a; por que ocupa ainda a terra inutilmente? E, respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a este ano, até que eu a escave e a esterque; e, se der fruto, ficará e, se não, depois a mandarás cortar." [Lucas 13:6-9].

Ele contou esta parábola imediatamente após ter dito: "Não, vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis." [Lucas 13:3].

Durante três anos Ele tinha vindo buscar "frutos", ou verdadeiro arrependimento, em Israel, porém não os encontrou. Israel rejeitou seu Messias. A figueira estava condenada. Ele então deu um período de graça, um ano a mais — após Sua partida — durante o qual a cegueira judicial seria retida. Conhecemos isto com o período que terminou com a execução de Tiago e o apedrejamento de Estêvão.

A próxima parábola da figueira foi ensinada durante o discurso no Monte das Oliveiras, onde Jesus falou sobre o fim dos tempos e a restauração de Israel. Isto é encontrado em três evangelhos (Mateus 24, Marcos 13 e Lucas 21). O relato de Lucas é o de mais particular interesse, pois menciona não apenas a figueira (Israel), mas "todas as árvores", o que profeticamente, pode somente se referir às outras nações adjacentes a Israel, que "cresceram" (produziram folhas) por volta do mesmo tempo que Israel.

"E disse-lhes uma parábola: Olhai para a figueira, e para todas as árvores; quando já têm rebentado, vós sabeis por vós mesmos, vendo-as, que perto está já o verão. Assim também vós, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que o reino de Deus está perto. Em verdade vos digo que não passará esta geração até que tudo aconteça. Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não hão de passar." [Lucas 21:29-33].

Quais são essas outras nações? Bem, quando o Império Otomano caiu após a Primeira Guerra Mundial, todo o Oriente Médio teve de ser reconfigurado politicamente. A Grã-Bretanha e a França exerceram um "mandato", ou papel de protetorado na região, até que Estados soberanos e independentes pudessem ser estabelecidos. Relacionamos abaixo as nações envolvidas:

Arábia Saudita: O reino da Arábia Saudita foi estabelecido em 1932 por Ibn Saud, que unificou várias regiões tribais na Península Arábica. A família de Saud tem exercido um controle com mão de ferro sobre este vasto território desde então.

Iraque: O reino do Iraque foi estabelecido em 1932, ganhando independência do mandato britânico. Mais tarde, em 1952, tornou-se uma república.

Irã: Embora não tenha sido criado diretamente após o colapso do Império Otomano, o Irã (a antiga Pérsia) passsou por mudanças políticas significativas e emergiu como uma nação independente com a derrubada da dinastia Qajar, em 1925.

Síria: O Estado da Síria alcançou independência em 1946, após o fim do mandato francês.

Líbano: A República do Líbano obteve independência em 1943, após o fim do mandato francês.

Jordânia: O Reino Haxemita da Jordânia foi estabelecido em 1946, obtendo independência do mandato britânico.

Israel: O Estado de Israel foi estabelecido em 1948, seguindo o plano de partição das Nações Unidas para a terra então conhecida como Palestina.

Kuwait: O Estado do Kuwait obteve independência da proteção britânica em 1961.

Com exceção do Kuwait, todos esses "reinos" eram conhecidos nos tempos bíblicos e são muito provavelmente as "árvores" às quais Jesus se referiu. Eles todos vieram a dar folhas por volta do mesmo tempo e são todos Estados islâmicos que se opõem à existência de Israel — veja o Salmo 83:

"Disseram: Vinde, e desarraiguemo-los para que não sejam nação, nem haja mais memória do nome de Israel." [Salmos 83:4].

Jesus Amaldiçoou a Figueira

A próxima referência feita por Jesus à figueira — a nação de Israel — foi registrada do seguint modo por Marcos:

"E, no dia seguinte, quando saíram de Betânia, teve fome. E, vendo de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se nela acharia alguma coisa; e, chegando a ela, não achou senão folhas, porque não era tempo de figos. E Jesus, falando, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti. E os seus discípulos ouviram isto.... E, sendo já tarde, saiu para fora da cidade. E eles, passando pela manhã, viram que a figueira se tinha secado desde as raízes. E Pedro, lembrando-se, disse-lhe: Mestre, eis que a figueira, que tu amaldiçoaste, se secou. E Jesus, respondendo, disse-lhes: Tende fé em Deus; porque em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo o que disser lhe será feito." [Marcos 11:12-23].

Este é o único milagre que Jesus realizou que não beneficiou o recebedor. Ele foi na realidade um julgamento de Deus. O julgamento aplicou-se não apenas à árvore, mas à nação que a árvore simbolizava. Além disso, ele foi feito de uma modo muito público, em que as notícias desse evento extraordinário certamente circulariam em torno de Jerusalém e além. Muitos teriam compreendido o que aquilo significava.

Alguns ficam confusos pela inclusão das palavras "não era tempo de figos". Jesus esperava encontrar figos em uma árvore quando ainda não era o tempo de eles serem produzidos? O incidente ocorreu no início de abril, quando os figos do verão ainda não estavam maduros. Entretanto, há outra variedade de figueira que produz frutos no fim do outono (novembro-dezembro em Israel) e só os deixa cair vários meses depois do início do ano seguinte. Esses eram os figos que Jesus esperava encontrar, especialmente por que a árvore estava carregada de folhas.

Este fator pode parecer apontar para as duas vindas de Jesus, onde Ele foi rejeitado em Sua primeira vinda, mas será aceito em Sua segunda, quando o verão estiver próximo.

Os Dois Cestos de Figos no Livro do Profeta Jeremias

Isto nos traz finalmente para a passagem no livro de Jeremias, que fala de duas correntes que passavam por Israel. Elas são encontradas no capítulo 24 que, para o bem da compreensão, citamos integralmente abaixo:

"Fez-me o SENHOR ver, e eis dois cestos de figos, postos diante do templo do SENHOR, depois que Nabucodonosor, rei de Babilônia, levou em cativeiro a Jeconias, filho de Jeoiaquim, rei de Judá, e os príncipes de Judá, e os carpinteiros, e os ferreiros de Jerusalém, e os trouxe a Babilônia. Um cesto tinha figos muito bons, como os figos temporãos; mas o outro cesto tinha figos muito ruins, que não se podiam comer, de ruins que eram. E disse-me o SENHOR: Que vês tu, Jeremias? E eu disse: Figos: os figos bons, muito bons e os ruins, muito ruins, que não se podem comer, de ruins que são. Então veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Assim diz o SENHOR, o Deus de Israel: Como a estes bons figos, assim também conhecerei aos de Judá, levados em cativeiro; os quais enviei deste lugar para a terra dos caldeus, para o seu bem. Porei os meus olhos sobre eles, para o seu bem, e os farei voltar a esta terra, e edificá-los-ei, e não os destruirei; e plantá-los-ei, e não os arrancarei. E dar-lhes-ei coração para que me conheçam, porque eu sou o SENHOR; e ser-me-ão por povo, e eu lhes serei por Deus; porque se converterão a mim de todo o seu coração. E como os figos ruins, que se não podem comer, de ruins que são (porque assim diz o SENHOR), assim entregarei Zedequias, rei de Judá, e os seus príncipes, e o restante de Jerusalém, que ficou nesta terra, e os que habitam na terra do Egito. E entregá-los-ei para que sejam um prejuízo, uma ofensa para todos os reinos da terra, um opróbrio e um provérbio, e um escárnio, e uma maldição em todos os lugares para onde eu os arrojar. E enviarei entre eles a espada, a fome, e a peste, até que se consumam de sobre a terra que lhes dei a eles e a seus pais."

Aqui, o Senhor está dividindo a nação de Israel em dois grupos muito distintos. Cada um é comparado a um cesto de figos. Os frutos no primeiro cesto são muito bons, enquanto que os do segundo cesto são tão ruins que ninguém poderia comer.

A Palavra explica por que eles são descritos desse modo. Os primeiros estavam contentes em viver conforme Deus instruiu, enquanto que os segundos se recusavam a receber a mensagem dada por Jeremias, isto é, que eles deveriam se render a Nabucodonosor. O contraste não poderia ser maior. A obediência total é agradável a Deus, enquanto que aqueles que persistem em seguir seu próprio caminho são muito maus aos Seus olhos.

Toda a nação se enquadrava em uma dessas duas categorias. Ninguém estava excluído e não havia uma terceira categoria.

Os figos bons representam aqueles judeus que no fim viriam a aceitar Jesus como seu Messias, enquanto os figos maus são aqueles que se recusarão a fazer isso. Os primeiros constituirão o "remanescente justo" quando Jesus retornar.

O capítulo 24 refere-se tanto a um momento na história e a condição espiritual subjacente do povo judeu aos olhos de Deus. Isto torna-se especialmente evidente quando comparamos os versos 6 e 7 do cap. 24 com os versos 28 e 33 do cap. 31:

"Porei os meus olhos sobre eles, para o seu bem, e os farei voltar a esta terra, e edificá-los-ei, e não os destruirei; e plantá-los-ei, e não os arrancarei. E dar-lhes-ei coração para que me conheçam, porque eu sou o SENHOR; e ser-me-ão por povo, e eu lhes serei por Deus; porque se converterão a mim de todo o seu coração." [Jeremias 24:6-7].

"E será que, como velei sobre eles, para arrancar, e para derrubar, e para transtornar, e para destruir, e para afligir, assim velarei sobre eles, para edificar e para plantar, diz o SENHOR... Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o SENHOR: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo." [Jeremias 31:28,33].

Os dois pares de versos estão se referindo ao mesmo evento profético, isto é, o momento no fim dos tempos quando o remanescente justo receberá Jesus como o Messias. Como o cap. 31 está apontando diretamente para o fim dos tempos, isso confirma que o cesto de "figos muito bons" corresponde ao remanescente justo.

O grupo rebelde, os figos ruins, são levados e controlados pelos membros da Sinagoga de Satanás. Essa cabala ímpia adora e serve ao deus deste mundo e está trabalhando há vários séculos em sintonia com seus correspondentes gentios para produzir uma Nova Ordem Mundial e preparar o caminho para o Anticristo.

A Sinagoga de Satanás exerceu um papel importante na criação do Estado de Israel. O mestre das trevas deles cobiça a cidade de Jerusalém, por que ela é o lugar que o Senhor Deus escolheu para Seu Filho unigênito, Jesus Cristo. O Pai diz: "Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte de Sião." [Salmo 2:6], enquanto Satanás se vangloria: "Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte.” (Isaías 14:13) Para compreender as palavras presunçosas de Satanás, veja o Salmo 48:2 — “Formoso de sítio, e alegria de toda a terra é o monte Sião sobre os lados do norte, a cidade do grande Rei.”.

O conflito que estamos vendo hoje no Oriente Médio, um conflito que certamente será propagado para outras partes do mundo, é a dimensão visível de uma guerra espiritual intensa. O Maligno tem suas forças inseridas em todos os países, incluindo Israel. A Sinagoga de Satanás fará tudo o for possível para preparar o caminho para o Anticristo, mesmo se isso significar matar grandes números de pessoas, tanto judeus e gentios. Eles também estão planejando impor as ímpias Leis de Noé sobre as nações gentias — incentivamos nossos leitores a revisarem nosso ensaio sobre este assunto ("O Propósito Sinistro das Assim Chamadas 'Leis de Noé'"), pois ele revela a verdadeira natureza dessas pessoas.

O atual governo de Israel está matando milhares de civis inocentes em Gaza e, no processo, causando um prejuízo proposital à reputação e segurança do povo judeu, tanto em Israel e em todo o mundo. Satanás quer que todas as nações odeiem Israel e conspirem entre si para exterminarem os judeus.

Conclusão

Com isto, fizemos um círculo completo em torno de nossa pergunte original: A criação do Estado de Israel em 1948 foi de acordo com a santa vontade de Deus?

Várias profecias relacionadas com a existência de Israel no fim dos tempos são prova clara e afirmativa. Como Jesus disse, a figueira reviveria e, no tempo devido, produziria bons frutos. Apesar disso, os cristãos perguntam: Mas como Deus poderia cumprir Sua santa vontade por meio de um instrumento humano rebelde — um grupo secularizado e apóstala de pessoas — cujo principal objetivo era o oposto daquilo que Ele intencionva?

A Bíblia fornece amplas provas que Ele fez isso no passado. Quando o Senhor decretou a destruição do reino do norte (Israel, capital em Samaria), Ele comissionou os assírios, uma nação de blasfemadores pagãos, para executar Sua santa vontade. Mais tarde, quando Ele decretou a destruição do reino do sul (Judá, capital em Jerusalém), bem como do próprio Templo, Ele comissionou os babilônios (também chamados de caldeus), outra nação de blasfemadores pagãos, para executar Sua santa vontade. Entretanto — e isto é muito importante — em nenhum dos dois casos Ele considera essas nações inculpáveis por aquilo que elas fizeram! Ele as fez prestar contas e as puniu de forma apropriada! Nínive, a capital do Império Assírio, foi destruída em 612 AC e Babilônia caiu e foi tomada pelos medos e persas em 539 AC.

Talvez o exemplo melhor conhecido do cuidado providencial de Deus por meio do poder de ação de homens rebeldes foi o destino de José, o filho de Jacó, que foi vendido como escravo por seus irmãos. Esse tipo de deslealdade é impensável, porém aquilo serviu para um propósito mais elevado:

"Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou para bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida.” [Gênesis 50:20].

José deu um relato mais detalhado das intenções de Deus quando se revelou aos seus irmãos:

"Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido para cá; porque para conservação da vida, Deus me enviou adiante de vós... Pelo que Deus me enviou adiante de vós, para conservar vossa sucessão na terra, e para guardar-vos em vida por um grande livramento. Assim não fostes vós que me enviastes para cá, senão Deus, que me tem posto por pai de Faraó, e por senhor de toda a sua casa, e como regente em toda a terra do Egito." [Gênesis 45:5-8].

Os irmãos de José tiveram más intenções, porém Deus usou o esquema maligno deles para Seu próprio propósito. Isso levou eventualmente à salvação de Jacó e de toda sua família. Devemos também observar que isso levou à salvação de todas as nações na região, que foram afetadas pela fome de sete anos de duração.

Muitos daqueles que estiveram envolvidos na criação do Estado de Israel em 1948 tinham intenções malignas — todavia podemos ver — na clara luz da profecia do fim dos tempos — como o esquema deles foi consistente com o plano redentor do Senhor, tanto para o povo judeu como um todo quanto para todas as nações.

PS: Leia a atualização da nossa Solicitação Especial, no quadro abaixo.

Solicitação Especial

O Tempo Está se Esgotando...

Incentivamos os leitores frequentes a baixar os ensaios existentes neste website para cópia de segurança e referência futura. Talvez eles não fiquem disponíveis para sempre.

Para saber um modo fácil de baixar todos os ensaios (mais de 370), escreva uma mensagem de correio eletrônico para mim.

Estamos caminhando rapidamente para um tempo em que materiais deste tipo somente poderão ser obtidos via email. A Irlanda está para aprovar uma lei de censura draconiana, a primeira do tipo no mundo "livre", que fechará websites como este e poderá resultar em penalidades como confisco de bens, multas financeiras e prisão por até cinco anos.

Os leitores que desejarem ser incluídos em uma lista futura para receberem mensagens de correio eletrônico, são convidados a me contactarem no seguinte endereço: jeremypauljames@gmail.com.


Autor: Jeremy James, artigo 372 em http://www.zephaniah.eu
Data da publicação: 15/2/2024
A Espada do Espírito: https://www.espada.eti.br/Apocalipse/rabinos-contra-Israel.htm