O Anticristo

Autor: Arthur W. Pink

CAPÍTULO 16

O Anticristo e Babilônia (Ap. 18)

p align=justify>No capítulo anterior procuramos mostrar que em Ap. 17 "a grande prostituta" e "a grande Babilônia", embora intimamente conectadas, são ainda distintas; a primeira é representativa da segunda. Embora considerando e insistindo que muitos aspectos da profecia simbólica contida em Ap. 17 já tiveram um impressionante cumprimento, aquilo em que todos seus variados termos encontrarão sua completa realização ainda está no futuro. Também lembramos nossos leitores que Israel fornece a solução para a maioria dos problemas da profecia e que isso está se tornando cada vez mais evidente à medida que o último livro profético na Bíblia começa a ser cada vez mais estudado. Cinquenta anos atrás, a maioria dos comentaristas "espiritualizava" a primeira metade de Ap. 7 e fazia as doze tribos de Israel ali mencionadas se referirem à igreja. Mas, desde então, esse tipo de interpretação já caiu em descrédito há muito tempo. Da mesma forma, a interpretação popular de Ap. 12 que via na "mulher" ali descrita uma figura da igreja também já foi abandonada por muitos. Um número cada vez maior de estudantes da Bíblia está reconhecendo o fato que "a esposa do Cordeiro", "a noiva" de Ap. 19 e 21 também contempla Israel, e não a igreja. Que a igreja é a noiva (uma afirmação que não é feita em parte alguma nas Escrituras) tem sido persistentemente proclamado pelo papado há mais de mil anos, e a tradição fez essa interpretação ecoar para dentro do protestantismo. Mas, como dissemos, há um número cada vez maior de estudantes que questiona seriamente isto, que são firmes em repudiar essa interpretação e em declarar ao contrário, que o novo Israel, o Israel salvo é que é a "noiva". À medida que essa verdade se tornar mais claramente discernida, acreditamos que também será aparente que a grande prostituta não é a igreja apóstata, mas o Israel apóstata.

O futuro de Israel é um assunto amplo, pois é tratado em muitas escrituras. Este é um assunto de profundo interesse, e ainda mais porque aquilo que agora é profético logo se tornará histórico. O Movimento Sionista dos últimos vinte e cinco anos é algo mais do que o ideal impraticável de alguns visionários; ele está preparando continuamente o caminho para o restabelecimento dos judeus na Palestina. É verdade que os sionistas são vistos com maus olhos por muitos na comunidade judaica, e por uma boa razão. O tempo de Deus ainda não está totalmente maduro e Ele permitiu que o espírito mercenário mantenha, temporariamente, muitos dos descendentes de Jacó em xeque. Os milhões de judeus que agora estão confortavelmente estabelecidos e prosperando neste país e nas capitais dos principais países europeus, estão satisfeitos com sua situação atual. O amor ao dinheiro supera as considerações sentimentais. O sionismo não apela à avareza deles. Deixar os mercados financeiros e os centros de compras em Nova York, Londres, Paris e Berlim para se tornarem fazendeiros na Palestina não é suficientemente atraente para eles. Mamom é agora o deus da vasta maioria dos descendentes daqueles que no passado adoraram o bezerro de ouro.

No presente, com poucas exceções, somente aqueles que vivem sob opressão na Rússia, na Hungria, etc. é que estão realmente ansiosos para se estabelecerem na Palestina. Mas, logo haverá uma mudança de atitude. Agora mesmo já existem tênues indicações disso. À medida que a Palestina se tornar mais densamente povoada, à medida que a garantia de proteção contra as depredações por parte dos turcos e dos árabes aumentar, à medida que o país se desenvolver e as possibilidades de prosperidade comercial pairarem no horizonte, a melhor classe de judeus rapidamente verá e aproveitará a oportunidade de ouro. Poucos judeus nos EUA estão ansiosos para emigrarem para a Palestina, pois não há nada mais que pás e enxadas esperando por eles no fim da viagem. Mas, à medida que hospitais, escolas, universidades e bancos forem abertos, e todos os complementos comerciais da civilização forem construídos na terra de Davi, então rapidamente números cada vez maiores de descendentes de Davi voltarão suas faces para lá. As altas finanças serão o ímã que atrairá os gananciosos hebreus.

Uma vez que a Palestina se tornar um Estado Judaico total, não é difícil prever qual será o corolário lógico. Citamos a partir da excelente exposição sobre Zacarias escrita por David Baron [1] — os comentários dele sobre o capítulo 5. Sem qualquer espírito de dogmatismo e sem entrar aqui na questão da identidade e do significado da Babilônia no Apocalipse — seja místico ou real — expressamos nossa convicção que existem escrituras que não podem, de acordo com nosso julgamento, serem satisfatoriamente explicadas sem a suposição de uma restauração e um julgamento ainda futuro sobre a Babilônia literal, que por um tempo será o centro e incorporação de todos os elementos da nossa civilização sem Deus, e que se tornará o principal entreposto comercial no mundo.

"Somos levados a esta convicção principalmente pelo fato de existirem profecias no Velho Testamento com relação à Babilônia literal que nunca foram exaustivamente cumpridas no passado e porque a Escritura normalmente conecta a destruição final de Babilônia com a ainda futura restauração e bênção de Israel."

"Além disso, é muito interessante para o observador atento dos sinais dos tempos como as coisas no presente estão se desenrolando rapidamente de acordo com as linhas previstas nas escrituras proféticas. 'Os temores e as esperanças do mundo — seja político, comercial, ou religioso', escreve uma revista mensal que está diante de mim, 'estão atualmente sendo cada vez mais centradas na região onde surgiu a civilização humana — na Mesopotâmia.' Quanto ao país a partir do qual o pai da nação judaica emigrou para a terra prometida, ele também está ocupando os pensamentos e aspirações dos judeus."

"Seja qual for o resultado das negociações feitas recentemente com o governo turco pelos Territorialistas Judeus para o estabelecimento de um Estado Judaico autônomo naquela região, em que muitos sionistas e outros judeus estavam prontos para participar, há também muita verdade nas palavras de outro autor que uma vez que um número considerável de um povo tão orientado para o comércio como os judeus se restabelecer na Palestina, 'o Eufrates será então tão necessário para eles quando o Tâmisa é para Londres, ou o Reno para a Alemanha. Seria o grande canal de Israel para comunicação com o Oceano Índico, para não falar do comércio que fluiria em direção ao Tigre e ao Eufrates a partir das regiões centrais e setentrionais da Ásia! Seria estranho, portanto, se nenhuma cidade surgisse em suas margens da qual que possa dizer que seus mercadores são os grandes homens da terra.'"

Zc. 5 está muitíssimo conectado com Ap. 18 e uma compreensão do primeiro é de suma importância para estudar o segundo, de modo que precisamos dar aqui a ele uma rápida consideração. Primeiro, porém, vamos delinear em poucas palavras o conteúdo dos quatro primeiros capítulos de Zacarias. Após uma breve introdução, aprendemos primeiro que o olho de Deus sempre está sobre Israel (1:7-17). Segundo, que o olho de Deus também está sobre os inimigos e desoladores de Israel (1:18-21). Terceiro, é dada a certeza de bênçãos futuras e da purificação de Israel. Quarto, ficamos sabendo quais serão as bênçãos que virão após a restauração. Quinto, somos levados de volta para contemplar a punição do Israel apóstata: o "rolo volante" simboliza a destruição dos judeus ímpios (5:1-4). Em seguida, há a visão do "efa" em 5:5-11 — que o leitor leia agora toda esta passagem.

Não podemos fazer mais do que chamar agora a atenção para os aspectos proeminentes desta visão. Primeiro, o profeta vê o "efa", que era a maior unidade de medida para cereais entre os judeus. Portanto, o efa era um símbolo natural do comércio. Em seguida, observamos duas vezes que é dito que o efa "sai para o norte" (vs. 5-6). Como todas as visões precedentes se referem a Jerusalém e a seus habitantes, isto somente pode significar que o centro do comércio judaico será transferido da Palestina para algum outro lugar. Em seguida, somos informados que havia uma "mulher" escondida no meio do efa (v. 7). Dizemos "escondida" porque nos versos 5 e 6 ela não aparece — a tampa de chumbo (confira o v. 8) teve de ser levantada para que a mulher pudesse ser vista. Este autor acredita que essa mulher oculta no efa é a "mulher" que é totalmente revelada em Ap. 17 e 18. Em seguida, somos informados que a "impiedade" foi lançada no efa, antes da tampa ser fechada novamente. Em seguida, vemos esse efa, com a "mulher" e "a impiedade" fechadas ali dentro, serem rapidamente transportados da Palestina para a "terra de Sinar" (v. 11). O propósito declarado é "para edificar uma casa", isto é, uma habitação permanente. Finalmente, somos informados: "estando ela acabada, ele será posto ali na sua base." Esta visão ou profecia contém o germe que é mais tarde expandido e desenvolvido em detalhes em Ap. 17 e 18, em que é mostrado que "a casa" edificada para esse sistema de comércio é "a grande Babilônia". Devemos nos lembrar que essa visão se encontra no meio de uma série de profecias que têm que ver com a porção fiel e depois com a porção infiel de Israel, de forma que temos outra prova clara e independente que a mulher corrompida do Apocalipse é ninguém menos que o Israel apóstata!

Em seu útil e esclarecedor livro sobre a Babilônia do futuro, o falecido B. W. Newton dedicou um capítulo separado para Zc. 5. Os comentários dele são excelentes e não podemos deixar de citar um excerto aqui:

"Se a energia humana receber novamente a permissão de criar nas regiões do Eufrates a cena de suas operações — se a prosperidade puder por um breve momento revisitar a terra de Babilônia, podemos esperar que as Escrituras aludam em algum lugar a esse evento. E, de fato, descobrimos que elas fazem isto. As Escrituras falam de um evento ainda não cumprido, a cena do qual é a terra de Babilônia. A passagem à qual me refiro é o fim do capítulo 5 de Zacarias."

"Que o evento predito nessa impressionante passagem ainda permanece sem ter sido cumprido é suficientemente evidente a partir do fato de Zacarias ter profetizado após Babilônia ter recebido aquele golpe que a fez entrar em declínio gradual. Zacarias viveu após Babilônia ter passado para as mãos dos persas e, desde aquele tempo, todos admitem, o declínio — não a consolidação — caracterizou a história de Babilônia. Desde aquela hora até o presente momento não há preparação para uma casa, não há consolidação de coisa alguma — muito menos de um efa na terra de Sinar. Mas, um efa será estabelecido ali, uma casa será edificada para ele e ali o efa será colocado firmemente sobre sua base."

"O efa é o emblema do comércio. Ele é o símbolo dos mercadores. Na passagem que está diante de nós, o efa é descrito como 'saindo', isto é, sua influência soberana permeará as nações e imprimirá nelas um caráter derivado de si mesmo, como o poder formativo de suas instituições. Em outras palavras, o comércio reinará por um tempo. Ele determinará os ajustes e estabelecerá a conduta em Israel e na terra profética. A aparência de toda nação que cair sob seu controle será mercantil. O anjo também disse que "este é o aspecto deles em toda a terra".

O tema é de profundo interesse e somos tentados a entrar nos detalhes, porém isto não será necessário. Todo aquele que já tem um conhecimento geral do passado e que está informado das condições políticas no mundo hoje, conhece muito bem a mudança radical que ocorreu nos dois ou três últimos séculos. Durante mil anos a igreja (a igreja professa) controlou os governos da Europa. Após a Reforma, a aristocracia (a nobreza) manteve as rédeas. Durante a primeira metade do último século, os princípios democráticos prevaleceram mais amplamente. Mas, nas duas ou três últimas gerações, as máquinas governamentais deste país e dos principais países europeus foram controladas pelos capitalistas. Ultimamente, os trabalhadores procuraram contestar isto, mas até aqui com pouco sucesso. À luz de Zc. 5 e Ap. 18, as condições atuais são profundamente significativas. É o comércio que está dominando cada vez mais as políticas e destinos daquilo que é conhecido como mundo civilizado. "Se voltarmos nossos olhos para o mundo, veremos que o grande objetivo que está diante dos países hoje é essa imagem do comércio, atraindo-os com uma influência sedutora, como o canto de uma sereia sobre o coração dos homens. As potências mundiais estão envolvidas em uma luta de Titãs pela supremacia comercial. Para atingir esse objetivo, centrais elétricas são construídas, fábricas são abertas, florestas são derrubadas, campos são semeados, safras são colhidas e navios são lançados ao mar. Por causa dessa luta pelo domínio dos mercados mundiais as nações ampliam e estendem suas fronteiras." (Dr. Haldeman). A guerra recente foi causada pela inveja comercial. O problema-raiz com a questão das "reparações", o problema do Estreito, o cancelamento ou exigência de pagamento dos empréstimos feitos pelos EUA à Europa, cada um desses tem suas considerações comerciais.

Sessenta anos atrás perguntavam: não é o comércio a influência soberana dos dias atuais? Se fôssemos solicitados a acrescentar nos estandartes dos principais países um emblema que expressasse caracteristicamente suas condições, poderíamos escolher um dispositivo mais apropriado do que um efa? Com quanta maior pertinência isso poderia ser dito hoje! Além do mais, como isto está preparando o caminho e levará em breve para aquilo que está retratado em Ap. 18 não é difícil de se ver. Ali, lemos: "Os teus mercadores eram os grandes da terra" (v. 23). Isto não era verdade quatrocentos anos atrás, pois naquele tempo os membros do clero eram os "grandes da terra". Mas hoje, peça para qualquer homem na rua para citar os nomes de doze dos grandes homens vivos e quem ele escolherá? E quem está por trás e unido com os mercadores? Não são os financistas? E quem são os principais financistas internacionais? Quem são aqueles que estão cada vez mais controlando os grandes sistemas financeiros do mundo? Como sabe qualquer pessoa bem-informada, a resposta é: os judeus. Quão profundamente significativo, então, que a cabeça da imagem no sonho de Nabucodonosor (que simbolizava o Império Babilônio) era de ouro, que a Babilônia final era denominada de "cidade dourada" (Is. 14:4). E como tudo isto serve, novamente, para confirmar nossa interpretação de Ap. 17, isto é, que "a grande prostituta" com "o cálice de ouro em sua mão" (17:4) é o Israel apóstata, cuja habitação final será aquela "grande cidade" a ser construída às margens do Eufrates. Ainda não está perfeitamente evidente que a riqueza do mundo esteja enchendo rapidamente os cofres hebraicos — somente uma rápida cena da "mulher" no "meio do efa" foi vista antes de ela se tornar aparente. No fim dos tempos se tornará totalmente aparente que "a mulher que viste é (representa) a grande cidade que reina sobre os reis da terra." (17:18). Isto explica as palavras de Ap. 17:5, em que aprendemos que as palavras "a grande Babilônia" estão escritas na "sua testa" — será óbvio então para todos! O apóstata Israel, que então estará controlando a riqueza do mundo, personificará Babilônia.

E que parte o Anticristo terá com isto? Qual será sua relação com Babilônia e com o Israel apóstata? A Palavra de Deus não está silenciosa sobre essas questões e para ela nos voltamos para encontrar a resposta de Deus. Quanto à relação do Anticristo com Babilônia, a Escritura é muito explícita. Ele será "rei de Babilônia" (Is. 14:4) e "rei da Assíria" (Is. 10:12). Quanto à sua relação com o Israel apóstata, esta é uma questão mais intricada e que requererá considerações mais detalhadas, de modo que dedicaremos um capítulo separado (o próximo) para este interessante aspecto do nosso assunto. Aqui, trataremos rapidamente com o que Ap. 17 e 18 nos dizem.

Ap. 17 apresenta a relação do Israel apóstata com o Anticristo em três aspectos. Primeiro, ele é apoiado pelo Anticristo. Isto é colocado diante de nós em 17:3, em que vemos a mulher corrupta assentada sobre a besta de cor de escarlata. Acreditamos que isto esteja em paralelo com Dn. 9:27, que diz que o "príncipe que há de vir" fará uma aliança com Israel. Essa aliança, acordo, ou tratado, garantirá a proteção de Israel. É significativo que Dn. 9:27 diga que a aliança será feita por aquele que então será o líder do Império Romano restaurado, o que corresponde com o fato que Ap. 17:3 o retrate como uma "besta de cor de escarlata que tinha sete cabeças e dez chifres". É o Anticristo, não mais em seu aspecto de "chifre pequeno", mas como alguém que agora alcançou a glória e o domínio terreais. Como tal, ele irá, por certo tempo, apoiar os judeus e proteger seus interesses.

Segundo, Ap. 17 retrata o apóstata Israel praticando intrigas com "os reis da terra". No v. 2 lemos que os reis da terra se prostituirão com a mulher. Observe como isto, como um item de importância, é repetido no verso 18:3. Isto, acreditamos, é o que serve para explicar 17:16 que diz: "E os dez chifres que viste na besta são os que odiarão a prostituta, e a colocarão desolada e nua, e comerão a sua carne, e a queimarão no fogo." O que fará a besta se voltar contra a mulher prostituta, odiá-la e destruí-la é a infidelidade da mulher. Não contente em desfrutar da proteção que a besta lhe dá, o apóstata Israel aspirará uma posição de rivalidade com aquele que estará sobre os dez chifres. Que ela consegue isto aprendemos com o último verso do capítulo: "E a mulher que viste é a grande cidade que reina sobre os reis da terra." Com relação ao modo como o Israel apóstata ainda reinará sobre os reis da terra esperamos mostrar no próximo capítulo.

Terceiro, Ap. 17 torna conhecido que o Israel apóstata será no fim odiado pela besta e pelos dez chifres. (v. 16) O v. 12 nos diz que os dez chifres são "dez reis". Isto tem apresentado uma dificuldade para muitos. Ap. 17:16 diz que os dez chifres (reis) e a besta detestarão a prostituta e a deixarão desolada e nua e comerão a sua carne (isto é, se apropriarão de sua substância, de suas riquezas) e a queimarão no fogo; enquanto que em 18:9, lemos: "E os reis da terra, que se prostituíram com ela, e viveram em delícias, a chorarão, e sobre ela prantearão, quando virem a fumaça do seu incêndio." No entanto, a solução para essa dificuldade é muito simples. A dificuldade é criada pela confusão entre os "reis da terra" com os "dez chifres", cujos reinos estão dentro dos limites do antigo Império Romano (veja Dn. 7:7). "Os reis da terra" é uma expressão muito mais ampla, e inclui reinos como as Américas, China, Japão, Alemanha, Rússia, etc., todos os quais estão fora dos limites do antigo Império Romano. É a intriga do Israel apóstata com "os reis da terra" que trará sobre ele o ódio da besta e dos "dez reis".

Para encerrar este capítulo, gostaríamos de chamar a atenção para algumas das muitas e interessantes correspondências verbais entre Ap. 17 e 18 e os profetas do Velho Testamento:

  1. Em Ap. 17:1, somos informados que a grande prostituta "está assentada sobre muitas águas". Em Jr. 51:13, Babilônia (veja o verso anterior) é tratada como segue: "O tu, que habitas sobre muitas águas, rica de tesouros, é chegado o teu fim, a medida da tua avareza."

  2. Ap. 17:2 diz: "Com a qual se prostituíram os reis da terra; e os que habitam na terra se embebedaram com o vinho da sua prostituição." Em Jr. 51:7, lemos: "Babilônia era um copo de ouro na mão do SENHOR, o qual embriagava a toda a terra; do seu vinho beberam as nações; por isso as nações enlouqueceram."

  3. Em Ap. 17:4, a grande prostituta tem um "cálice de ouro na sua mão". Em Jr. 51:7, Babilônia é chamada de "um copo de ouro na mão do SENHOR".

  4. Em Ap. 17:15, somos informados que: "As águas que viste, onde se assenta a prostituta, são povos, e multidões, e nações, e línguas." Em Jr. 51.13, lemos: "O tu, que habitas sobre muitas águas, rica de tesouros, é chegado o teu fim, a medida da tua avareza."

  5. Em Ap. 17:16 somos informados que Babilônia será queimada pelo fogo — confira Ap. 18:18. Em Jr. 51:58, lemos: "Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Os largos muros de Babilônia serão totalmente derrubados, e as suas altas portas serão abrasadas pelo fogo; e trabalharão os povos em vão, e as nações no fogo, e eles se cansarão."

  6. Em Ap. 17:18 somos informados que a mulher representa "a grande cidade que reina sobre os reis da terra". Em Is. 47:5, Babilônia é denominada "senhora de reinos".

  7. Ap. 18:2 nos diz que após sua queda, Babilônia se torna "morada de demônios, e covil de todo espírito imundo, e esconderijo de toda ave imunda e odiável." Is. 13:21 diz: "Mas as feras do deserto repousarão ali, e as suas casas se encherão de horríveis animais; e ali habitarão os avestruzes, e os sátiros pularão ali."

  8. Ap. 18:4 registra o chamado de Deus aos judeus fiéis: "Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas." Em Jr. 51:45, Deus também diz: "Saí do meio dela, ó povo meu, e livrai cada um a sua alma do ardor da ira do SENHOR."

  9. Em Ap. 18:5 lemos: "Porque já os seus pecados se acumularam até ao céu, e Deus se lembrou das iniquidades dela." Em Jr. 51:9, está dito: "Porque o seu juízo chegou até ao céu, e se elevou até às mais altas nuvens."

  10. Em Ap. 18:6, lemos: "Retribuí-lhe em dobro conforme as suas obras; no cálice em que vos deu de beber, dai-lhe a ela em dobro." Em Jr. 50:15, lemos: "Porque esta é a vingança do SENHOR; vingai-vos dela; como ela fez, assim lhe fazei."

  11. Em Ap. 18:7 vemos Babilônia dizer em seu coração: "Estou assentada como rainha, e não sou viúva, e não verei o pranto." Em Is. 47:8 também lemos que Babilônia diz em seu coração: "Eu o sou, e fora de mim não há outra; não ficarei viúva, nem conhecerei a perda de filhos."

  12. Em Ap. 18:8 lemos: "Portanto, num dia virão as suas pragas, a morte, e o pranto, e a fome; e será queimada no fogo; porque é forte o SENHOR Deus que a julga." Is. 47:9 declara: "Porém ambas estas coisas virão sobre ti num momento, no mesmo dia, perda de filhos e viuvez; em toda a sua plenitude virão sobre ti, por causa da multidão das tuas feitiçarias, e da grande abundância dos teus muitos encantamentos."

  13. Em Ap. 18:21, lemos: "Com igual ímpeto será lançada Babilônia, aquela grande cidade, e não será jamais achada." Assim também em Jr. 51:63-64, lemos: "E será que, acabando tu de ler este livro, atar-lhe-ás uma pedra e lançá-lo-ás no meio do Eufrates. E dirás: Assim será afundada Babilônia, e não se levantará, por causa do mal que eu hei de trazer sobre ela; e eles se cansarão."

  14. Em Ap. 18:23, lemos: "A luz de candeia não mais luzirá em ti, e voz de esposo e de esposa não mais em ti se ouvirá; porque os teus mercadores eram os grandes da terra; porque todas as nações foram enganadas pelas tuas feitiçarias." Em Is. 24:8,10 é dito de Babilônia: "Cessa o folguedo dos tamboris, acaba o ruído dos que exultam, e cessa a alegria da harpa. Demolida está a cidade vazia, todas as casas fecharam, ninguém pode entrar."

  15. Em Ap. 18:24 lemos: "E nela se achou o sangue dos profetas, e dos santos, e de todos os que foram mortos na terra." Em Jr. 51:49, lemos: "Como Babilônia fez cair mortos os de Israel, assim em Babilônia cairão os mortos de toda a terra."

Estes paralelismos são tão claros que não precisamos fazer comentários sobre eles. Se o leitor ainda insiste que a Babilônia de Ap. 17 e 18 é a revelação final do papado depois que ele envolver o cristianismo apóstata, é inútil discutir o assunto além deste ponto. Mas, acreditamos que a grande maioria dos nossos leitores — que não têm tradições a defender — compreenderá que a Babilônia do Apocalipse é a Babilônia das profecias do Velho Testamento, isto é, uma cidade literal, reconstruída na "terra de Ninrode" (Mq. 5:6), uma cidade que será a criação da avareza ("que é idolatria" — Cl. 3:5), e uma cidade que será no futuro a habitação do Israel apóstata.

[1] Provavelmente, o mais capacitado e o mais amplamente conhecido e estimado hebreu cristão na atualidade.

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Data da publicação: 12/10/2010
Revisão: http://www.TextoExato.com
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